Pool da Copa: 'O quebra-cabeça de Oscar Tabarez'
Pablo Benitez, jornalista do El Observador, analisa a seleção uruguaia e o sistema de jogo que o treinador deve usar na sequência da Copa do Mundo
Óscar Tabárez ganhou, mas mudou dois volantes, se classificou para as oitavas com outra vitória, mas tentou alternativas no meio do jogo. O treinador está satisfeito com os resultados e satisfeito com o primeiro objetivo alcançado na Rússia, conhecendo a paridade de forças que existe em uma Copa do Mundo. Mas ele está ciente de que ele ainda não encontrou a equipe que lhe dá um funcionamento que aumenta todas as suas virtudes para as oitavas.
A experiência lhe diz que em uma Copa do Mundo, a equipe faz uma maneira de andar e que as ideias devem se adequar às circunstâncias.
Ele fez isso na África do Sul em 2010, após o empate inicial com a França. Assim, Ignacio González perdeu seu lugar e entrou Edinson Cavani como um meio-campista externo. Tabárez é capaz de se adaptar e, por isso, o 4-3-1-2 sofreu uma mutação em 4-4-2, fortalecendo a área de defesa de Diego Forlán para organizar um jogo e castigar a zaga adversária com o seu toque único.
No Brasil 2014, ele colocou um bisturi no fundo. Todos lembram do retorno de Luis Suárez (no lugar de Cristhian Stuani), mas na realidade Tabárez modificou toda a estrutura da equipe. Álvaro Pereira juntou-se a lateral por Maximiliano Pereira, suspenso por Martín Cáceres à direita. Diego Lugano foi lesionado e substituído por Josema Giménez.
No meio veio Walter Gargano e rearmou a dupla linha de cinco com Nicolás Lodeiro junto com Egidio Arévalo Ríos. Álvaro González entrou no lugar de Diego Forlán, e Suárez no lugar de Stuani. Houve cinco mudanças.
Desta vez é diferente. Passou o segundo jogo e a equipe ainda não apareceu. Só no meio-campo, sete jogadores foram testados, mas a operação, e acima de tudo, a identidade, não consegue se fixar.
A tarefa de Tabárez daqui para a partida contra a Rússia, na segunda-feira, é clara, porque até o treinador disse: tentar melhorar as falhas no jogo que a equipe mostrou. Especialmente porque o meio-campo parece um quebra-cabeça: toda solução que Tabarez tentou, consertou alguma coisa, mas complicou outra.
Agora é hora do treinador tomar várias decisões. O primeiro: ele retornará a um esquema ofensivo? Contra rivais de mais volume de jogo (por exemplo, a Espanha), parece claro que ele vai optar por isso. A questão é antes das equipes que supostamente jogarão atrás, como a Rússia na segunda-feira ou um duelo em potencial contra Portugal.
É o esquema em que a Celeste se sente mais confortável, porque é o que mais trabalhou nestes 12 anos do processo de Tabárez. A mudança de estilo é arriscada no meio de uma Copa do Mundo, e as duas primeiras partidas mostraram que a ideia ainda está em processo de suavização.
Uma opção que aparece, caso opte por um sistema de jogo voltado para a defesa, é que Tabárez vai aplicar um 5-3-2, o mesmo que fez nos últimos 20 minutos contra a Arábia, a partir da entrada de Laxalt e Torreira: lá ele deixou Giménez, Godín e Cáceres numa linha de três; dois alas (Varela e Laxalt), três volantes em linha no meio do campo (Nández, Torreira, Bentancur), o que aumentava a marcação. Não é um esquema alienígena: é só lembrar do jogo contra a Itália, na última Copa, onde o 5-3-2 parou os italianos e classificou o Uruguai para as oitavas.
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