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'Não sou craque, mas tenho valor', diz Willian, do Palmeiras

Dos 17 gols do atacante no ano passado, 8 saíram em jogos em que o Palmeiras saiu perdendo. Ele diz que 'quer estar no bolo' em 2018 e acha que vai se encantar com Roger

3 jan 2018 - 08h02
(atualizado às 12h59)
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Willian não tem a pretensão de ser o craque do Palmeiras. Embora tenha sido o artilheiro do elenco em 2017, com 17 gols marcados, o atacante diz que seu objetivo para o ano que acaba de começar é continuar "no bolo" e seguir jogando com frequência. Se ele repetir o desempenho da temporada passada, a torcida provavelmente ficará muito satisfeita.

O Bigode foi o artilheiro das viradas no Palmeiras. Oito de seus gols saíram em partidas em que o time saiu atrás no placar. O Peñarol que o diga. No jogo de ida pela fase de grupos da Libertadores, no Allianz Parque, começou vencendo por 1 a 0, viu Willian marcar o gol de empate e acabou perdendo por 3 a 2. Em Montevidéu, os uruguaios abriram 2 a 0, mas Willian entrou na etapa final para marcar dois gols e garantir novo triunfo por 3 a 2 na Libertadores. Este foi, para ele, o jogo mais especial do ano.

- Eu não sou nenhum craque, mas tenho meu valor. Acredito muito na entrega e acredito que fui muito bem reconhecido por isso - disse o camisa 29, admitindo que não imaginava que seu primeiro ano no Verdão fosse tão positivo:

- Sinceramente, não esperava. Eu esperava que as coisas acontecessem, com muito trabalho, mas realmente foi um ano muito bom. Estou muito feliz pelas coisas que aconteceram e tenho que manter isso: muito trabalho, muito respeito e muita entrega. Quando a gente planta isso, colhe coisas boas.

Willian também garantiu viradas em clássicos. No Paulistão, garantiu a vitória por 2 a 1 sobre o Santos, na Vila Belmiro, com um gol nos minutos finais. No Brasileiro, marcou dois gols (um deles muito bonito) e ajudou o Palmeiras a passar por cima do São Paulo no Allianz Parque: 4 a 2.

Ele ainda colaborou em dois empates: fez um gol nos 3 a 3 contra o Cruzeiro, na Copa do Brasil, jogo em que o Palmeiras saiu perdendo por 3 a 0. Também marcou contra o Flamengo, nos 2 a 2 pelo Brasileirão, na Ilha do Urubu, após os cariocas saírem em vantagem. Neste jogo, teve uma de suas duas lesões musculares na temporada. Esses dois contratempos e o gol perdido no jogo de ida contra o Barcelona de Guayaquil, na Libertadores, foram os pontos baixos do ano dele.

Veja abaixo a entrevista completa com Willian:

Por que você acha que conseguiu marcar 17 gols e ser o artilheiro do Palmeiras em 2017?

Willian: O que me favoreceu foi fazer a função de referência. Não é exatamente referência, até porque não tenho estatura para isso, mas a gente pode falar que é um falso 9, que se movimenta mais e joga pelas beiradas também. O Eduardo gostava da minha forma de jogar, joguei com ele tanto por fora quanto por dentro, e com o Cuca foi a mesma coisa. Com o Alberto, no primeiro jogo, eu joguei como referência também. O que eu quero é estar sempre no bolo, brigando para jogar, como aconteceu em 2017. Quando a oportunidade apareceu, eu aproveitei, jogando por dentro ou por fora.

Aqui em São Paulo, os torcedores lembravam de você por sua passagem pelo Corinthians. Era um coajuvante que costumava entrar bem, não tinha o bigode ainda... O que mudou de lá para cá?

Dei uma melhorada boa, né? O tempo é bom. Muitos ficam preocupados quando vão ficando mais velhos, mas a gente vai amadurecendo, aprendendo. Graças a Deus, o tempo só foi me fazendo bem. Hoje estou com 31 anos, mas estou em uma crescente. Realmente foi uma época sem o bigode, tinha mais cabeça do que qualquer coisa (risos). Lá no Metalist, falei para a minha esposa que ia deixar o bigode crescer para ver o que ia dar. Aí foram aparecendo uns fiapos daqui, dali, e fiz uma brincadeira com o meu pai, ele deixou crescer também. Quando cheguei no Cruzeiro, fiz uma homenagem para ele no primeiro gol, colocando o dedo no bigode. A torcida achou super legal, o pessoal ia para o Mineirão de bigode (risos). Pegou, aí eu criei essa marca (Willian DubGod), e agora posso desenvolver alguma coisa em cima dela quando parar. Posso abrir uma barbearia, um restaurante... Isso foi bacana, e onde eu vou todo mundo fala do bigode. Lá em Minas não falavam nem de Willian, era só Bigode. Estou com ele desde 2013. Caiu bem, né? Eu nunca tive, ficava com aquela cara de meninão. Agora, com 31, já que o tamanho não ajuda, o bigode dá uma intimidada (risos).

Muita coisa mudou dentro de campo também. Quando você chegou ao Palmeiras, disse que tinha características parecidas às do Gabriel Jesus e poderia dar conta de substituí-lo. Acha que conseguiu?

A gente está falando de um jovem super talentoso, é um em 1 milhão no futebol. Tão novo, ele joga em um dos maiores clubes do mundo e é o centroavante da Seleção. Eu, mesmo sendo mais de dez anos mais velho que ele, observo muito. Realmente são características parecidas. Eu observo muito a movimentação, ele dá muito combate, está o tempo todo marcando, brigando. Ele é mais forte do que eu, consegue saltar mais, consegue ter mais o corpo a corpo. Quando eu cheguei, fui questionado sobre isso e elogiei ele, até porque o torcedor estava encantado, nessa expectativa de quem poderia suprir. O Gabriel Jesus tem todo o mérito dele, mas eu também queria buscar meu espaço. Não imitando o que ele estava fazendo, mas fazendo o que eu sei, que era diferente de quem estava aqui, que eram o Barrios, o Alecsandro e depois o Borja. Eu fui aproveitando as oportunidades quando joguei por dentro. Quando você joga nessa posição, os jogadores de beirada têm de entender que você não vai ficar ali parado, brigando, fazendo o pivô. Eu saio, faço a diagonal, o facão. Isso que faz a diferença quando o treinador decide jogar comigo ali na frente. O Gabriel fazia isso, ia para a direita, para a esquerda, por dentro, o Dudu entrava, era uma confusão. Ele é um cara muito completo, e eu tenho características parecidas. Consegui corresponder fazendo alguns gols importantes.

Você nunca trabalhou com o Roger Machado, mas já o enfrentou quando estava no Cruzeiro e ele no Grêmio. O que lembra daquele time?

Era um time muito chato de jogar contra. Eles tinham a posse de bola o tempo todo, te envolviam o tempo todo. Tinham muita força quando jogavam na Arena, e fora jogavam da mesma forma. Era um time muito difícil de marcar, pela movimentação, pelos jogadores de qualidade que eles tinham, que seguravam a bola, sabiam encaixar um passe diferente, ou os que tinham velocidade. O Grêmio dele era diferente do que sempre foi. Eles sempre tiveram um estilo mais aguerrido, da escola do Felipão, e acredito que o Roger fez um time de muita posse de bola, de envolver o adversário. Acredito que ele tem muito isso e vai encontrar um grupo com essa qualidade também, que gosta de ter a bola, gosta de jogar. Vamos entender, abraçar a ideia e executar.

No Grêmio, ele montou diversas vezes o ataque sem um homem de referência clássico. Acha que isso pode te beneficiar?

Ele vai ter essas opções, né? Comigo, com o Deyverson ou o Borja. Vai zerar tudo para todo mundo. Claro que ele já vai ter uma base da equipe que encerrou o campeonato, mas a pré-temporada será muito competitiva, com todo mundo buscando seu espaço. A gente sabe que ele é um baita treinador, apesar de jovem. As informações que a gente tem são as melhores. Todo mundo fala que a gente vai aprender muito e ficar encantado. O atleta hoje tem essa visão de querer aprender, participar da parte tática. Quando a gente tem a oportunidade de trabalhar com um jogador assim, tem que ficar o tempo todo atento.

Por que você acha que o Palmeiras não ganhou títulos em 2017?

É difícil falar um motivo. Acredito que houve erros de todas as partes, não tem um culpado específico. A gente tem que aprender com o que passou. Nos jogos das eliminações, o time não foi péssimo o tempo todo. Contra a Ponte Preta, a gente entrou meio para baixo, e quando foi ver já estava 3 a 0. Depois, na Libertadores, a gente não fez um mau jogo em Guayaquil, eu mesmo tive uma oportunidade boa e o goleiro fez uma boa defesa. A gente poderia ter saído de lá pelo menos com um empate. Acabamos saindo nas penalidades em casa, ali estava sujeito a qualquer um erra. Na Copa do Brasil, a gente tomou um gol do Diogo Barbosa dentro da área. É um jogador moderno, que tem essa facilidade, mas foi um lateral que fez um gol de cabeça no finalzinho. A gente tem que tirar muita coisa de lição, estar mais atentos em 2018, entender mais as competições, os jogos, saber que o detalhe é que faz a diferença em mata-mata. Nosso ano não fui ruim. Claro que para o torcedor e para a imprensa, por tudo o que foi criado, a expectativa era de ganhar uns dois títulos. Os títulos não vieram, então gerou uma confusão muito grande.

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