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Luiz Gomes: A importância da pré-temporada

'É quase uma unanimidade na mídia - e hoje, também, entre a maior parte dos torcedores - que os estaduais há muito perderam a razão de existir'

25 fev 2020 - 08h22
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Uma das características que mais marcaram a diferença entre Jorge Jesus e outros treinadores de ponta na temporada passada foi a manutenção dos titulares em diferentes competições, sem lançar mão dos mistões ou dos chamados times B, tão comuns no futebol brasileiro. Isso contribuiu para dar mais entrosamento, mais intensidade ao rubro-negro. E os jogadores, graças a um trabalho eficiente de preparação física, aguentaram até o fim.

O Flamengo conquistou a Taça Guanabara no último sábado (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
O Flamengo conquistou a Taça Guanabara no último sábado (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
Foto: Lance!

Agora, na decisão da Taça Guanabara, no sábado carnavalesco do Rio, Jesus surpreendeu ao agir em direção oposta. É verdade que há casos de contusão, como o de Bruno Henrique, mas, das estrelas do time, apenas Gabigol titular absoluto, saiu jogando contra o Boavista. As entradas de Everton Ribeiro, William Aarão e Gérson, já no segundo tempo, foram decisivas para concretizar a virada e assegurar ao Flamengo o segundo título da temporada em apenas sete dias.

Mas e se o Flamengo tivesse perdido o jogo e a taça?

Certamente Jesus seria alvo das críticas dos corneteiros de plantão, sempre à caça de um deslize para soltar a língua ferina.

Sim, JJ mudou seu comportamento habitual. Mas, e daí? Mesmo que o Flamengo tivesse perdido, que importância tem ganhar ou deixar de ganhar o que é, na prática, apenas o primeiro turno do campeonato carioca?É quase uma unanimidade na mídia - e hoje, também, entre a maior parte dos torcedores - que os estaduais há muito perderam a razão de existir, representam um fardo para os grandes clubes, geram prejuízos financeiros, tomam datas que poderiam ser ocupadas pelo Brasileirão e a Copa do Brasil, que realmente interessam, sobrecarregando os times com excesso de jogos no final da temporada.

O problema é que, de uma forma geral, nutrimos pelos cariocas, paulistas, mineiros e gaúchos da vida um sentimento dúbio. Não vale nada, mas ninguém quer perder. Não é importante, mas ninguém os encara, como os técnicos defendem, como um prolongamento da pré-temporada, um espaço ainda para testar jogadores, para experiências táticas e para criar entrosamento.

Quantos técnicos não sobrevivem aos estaduais exatamente por conta de se dar importância ao que não tem? Alberto Valentim já caiu no Botafogo, Thiago Nunes no Corinthians, o português Jesualdo Ferreira, no Santos, o venezuelano Rafael Dudamel, no Atlético-MG, o argentino Eduardo Coudet, no Inter, Abel Braga, no Vasco, Odair Hellmann, no Fluminense e Dorival Júnior no Athletico vêm sendo questionados, em maior ou menor intensidade por tropeços contra times chamados pequenos, derrotas num clássico ou a perda de um turno. E nenhum deles comandou o time por mais de uma dezena de jogos.

Ora, vamos deixar essa gente trabalhar!

Jorge Jesus - assim como Renato Portaluppi, que viu seu Grêmio perder para o Caxias o primeiro turno do Gauchão - tem crédito de sobra para gastar com o torcedor. Não é qualquer um, afinal, que tem seu nome cantado todo jogo nas arquibancadas. Entrar com o time reserva foi opção dele. E ponto. Perder do Boavista, na prática, em nada afetaria sua vida ou mudaria as perspectivas do Flamengo para o resto do ano. Mesmo porque, os campeonatos de verdade, convenhamos, ainda estão por vir.

Ah, antes que eu me esqueça: abaixo esses estaduais!

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