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Jorginho e Galhardo, me desculpem, mas o Vasco é muito mais que isso

Mesmo vencendo e dominando a partida, clube é eliminado em São Januário lotado pela terceira vez no ano. Técnico e autor do gol valorizam atuação, ilusória pelas circunstâncias

10 ago 2018 - 10h42
(atualizado às 14h39)
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O Vasco entrou em campo na noite de quinta com a difícil tarefa de reverter um placar de dois gols para se classificar na Sul-Americana. E os quase vinte mil vascaínos em São Januário podem atestar: não faltou vontade e entrega na busca do resultado até o último minuto. Tanto é que, mesmo com a eliminação, a torcida aplaudiu o time no apito final. O suficiente para sair de cabeça erguida? Não, longe disso. O LANCE! analisa.

Logo após os noventa e poucos minutos, o técnico Jorginho e o meia Thiago Galhardo tiveram discurso parecido. Afirmaram que o Vasco dominou o jogo, teve condições de ampliar o placar e a vitória por 1 a 0 foi amarga pelas circunstâncias. Acredito que os leitores concordam. Porém, fizeram questão de levantar uma birra mal explicada e pouco relevante no momento ao rebater um repórter equatoriano que, pelo visto, desdenhou do Vasco no primeiro confronto há duas semanas. Confira.

- Tivemos um domínio completo do jogo. Lembro de uma pergunta pós-jogo de um repórter deles perguntando se aquele era o Vasco. E hoje eles viram quem é o Vasco. Fizemos um gol, poderíamos ter ganho de três ou de quatro. Eles tiveram quatro chutes só - afirmou Jorginho.

- Triste. É uma vitória amarga. por tudo que criamos. Mas avisa para o repórter de lá (do Equador), que perguntou quem era o Vasco. Está aí. Esse é o time que nós somos, jogando dentro e fora de casa da mesma maneira. Hoje tivemos várias oportunidades, eu mesmo tive três e só fiz uma - ressalta Galhardo.

Basta lembrar que, em uma decisão mata-mata com ida e volta, o jogo é de 180 minutos. E nos primeiros 90, em Quito, o Vasco também não jogou e passou sufoco. A altitude influencia e muito, claro. Mas a postura naquele confronto não foi a mesma da Colina. A começar pela escalação, quando Jorginho poupou Breno - que sofre com problemas físicos - e entrou em campo sem um centroavante. Correu o risco de ser eliminado lá mesmo. E o grupo - ou pelo menos os dois que concederam entrevista - se apropriou dessa desvantagem para amenizar uma queda em competição internacional, a última chance de título no ano.

- Olhando no olho dos jogadores a gente vê a motivação. Contra o São Paulo, o bicho pegou lá dentro. Não poderíamos tomar aquele gol. Vejo uma equipe que briga, se tiver que xingar, xinga. E eles continuam amigos. Vimos claramente que tínhamos condições de passar - disse Jorginho.

Não é preciso bombardear o adversário de finalizações para perceber que a chance de classificação era real. Nem exaltar a postura do time em uma derrota, quando a entrega deveria ser obrigação e o resultado poderia ser melhor. O treinador ainda exaltou a participação da torcida e jogou no ar que 'o time ainda pode surpreender muita gente' no Brasileirão. Brigar por uma vaga entre os seis primeiros não é surpresa; é o que se espera de um clube grande.

TATICAMENTE FALANDO

Tirando as circunstâncias citadas no texto acima e falando apenas dos 90 minutos de quinta-feira, a partida do Vasco realmente não foi ruim. Segundo dados do Footstats, foram 35 finalizações (recorde da equipe no ano) e 62% de posse de bola. Mostra que o time teve domínio e foi bem superior em campo.

Mesmo com a LDU retrancada, o Cruz-Maltino achou espaços e arriscou chutes de diversas formas: por cruzamentos, dribles pelos lados, tabelas no meio... Mas a bola só entrou aos 40 do segundo tempo. O coro de 'fora Jorginho' virou rotina e é direito da torcida. Mas, especificamente ontem, foi por já estar entalado na garganta. O treinador montou a estratégia que deu certo; quem chuta a bola para dentro ou para fora é o jogador em campo. E, talvez se Maxi estivesse à disposição, a história seria outra.

Criticado por ser 'covarde' ao recuar o time, Jorginho não seguiu essa linha nas substituições. Nada pôde fazer quando dois zagueiros saíram machucados no primeiro tempo. Colocou o volante Raul na lateral, improvisado, e o garoto foi tímido. Pôs Ricardo na zaga e Luiz Gustavo ao seu lado. No segundo tempo, tirou o volante Desábato, que já não tinha mais função, e colocou Caio Monteiro, outro atacante, ao lado de Ríos. Errado não está. Também tinha a opção de recuar Pikachu para lateral anteriormente, mas o camisa 22, hoje, é atacante pelo simples fato de saber fazer gols, principalmente os decisivos. O artilheiro do Vasco na temporada, porém, não estava em uma noite inspirada.

Por isso, a única forma de chegar ao gol era com Thiago Galhardo, o mais incisivo do time depois de Pikachu. Aberto pela esquerda, fez as melhores jogadas do primeiro tempo e por pouco não abriu o placar:

- Temos de conhecer o nosso atleta. Quando falei para o Thiago que ele jogaria um pouco mais aberto, eu fui muito claro, porque já passei por essa situação. Ele não é de extrema velocidade. Ele arrasta, é rápido, tem passada larga. Tem sentido de marcação. Ele nunca vai ser aquele jogador que vai acompanhar o lateral. O lateral que tem de acompanhar ele. Ele tem de ser o quarto homem do meio de campo. O Thiago é extremamente inteligente e obediente. Sempre se coloca à disposição.

Na etapa final, Jorginho ainda fez mudanças táticas e lançou o time a frente. Colocou Thiago no meio, mais próximo de Giovanni, que sofria com a forte marcação no setor. Assim, Ramon subiu pela esquerda e o Vasco tentou de tudo.

- Mudamos a forma de jogar no segundo tempo. Fizemos um 3-4-3, porque queria o Ramon mais adiantado. Foi muito bom quando o Thiago Galhardo veio jogar mais atrás, fez o Giovanni jogar. O último passe dele é sempre muito bom. Não tem o que fazer.

Vasco terminou o jogo com seis jogadores na linha de frente

Jorginho tentou, mas não teve mais o que fazer. Futebol é assim, nem sempre é possível vencer. O que não é desculpa para sair satisfeito com as derrotas.

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