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INES esclarece que não teve participação em laudo enviado pelo Flamengo à polícia e ao STJD

O Instituto Nacional de Educação de Surdos esclarece que não participou, de forma institucional, de laudo apresentado pelo Flamengo no caso envolvendo o meia Gerson

25 dez 2020 - 14h33
(atualizado às 14h59)
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Em nota divulgada na quinta, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) não participou, de forma institucional, do laudo técnico que o Flamengo anunciou, o qual comprovaria injúria racial de Juan Ramirez, atleta do Bahia, em discussão na partida do último domingo, no Maracanã. O meia Gerson relatou ter sido ofendido no jogo e prestou depoimento à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que apura o caso e ouve os envolvidos.

O meia Gerson relatou ter sido alvo de injúria racial na partida contra o Bahia (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
O meia Gerson relatou ter sido alvo de injúria racial na partida contra o Bahia (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
Foto: Lance!

Segundo a publicação, " dos três profissionais responsáveis pela elaboração do parecer técnico, dois deles, embora pertencentes ao quadro de servidores da Instituição, em que ocupam o cargo de Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais, não o fizeram representando o INES, mas sim de forma particular".

Além disso, "o INES, a despeito de possível expertise que possa vir a ter qualquer um de seus servidores, não possui a competência para se manifestar sobre questões que requeiram habilidades de leitura labial".

O caso aconteceu no último domingo, na vitória do Flamengo por 4 a 3 sobre o Bahia. O meia Gerson relatou ter ouvido de Ramirez "cala boca, negro" durante a segunda etapa e, na sequência, o atacante Bruno Henrique discutiu com o atleta do Bahia, além de outros companheiros.

É deste momento que o Flamengo, por meio de seu vice-presidente jurídico Rodrigo Dunshee, afirmou que havia provas de que teria havido a ofensa em documento com a participação de especialistas do INES, o qual foi apresentado ao STJD e entregue à polícia.

Ainda durante a semana, o meia Gerson foi à Decradi prestar depoimento, e, em publicação feita nas redes sociais do Flamengo, comentou o episódio.

- Estou aqui na delegacia, vim falar sobre o ocorrido. Quero deixar bem claro que não vim aqui só para falar por mim, mas também para falar por minha filha, que é negra, meus sobrinhos, que são negros, meu pai, minha mãe, amigos também, e a todos os negros que têm no mundo. Sobre o fato que aconteceu, hoje, graças a Deus, tenho um status de jogador de futebol, onde tenho voz ativa para poder falar e dar força para outras pessoas que sofrem de racismo ou outro tipo de preconceito - afirmou o meia Gerson, do Flamengo.

Confira, na íntegra, a nota divulgada pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos:

"A Direção Geral do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) vem a público prestar os devidos esclarecimentos acerca de informações veiculadas em alguns meios de comunicação, de diferentes mídias, e que envolvem este Instituto. Na oportunidade, foram divulgadas várias reportagens noticiando uma suposta participação do INES na elaboração de laudo técnico em que se comprovaria o teor da fala de um jogador de futebol pertencente a uma determinada agremiação esportiva. Sobre a situação o INES tem o seguinte a elucidar:

a) dos três profissionais responsáveis pela elaboração do parecer técnico, dois deles, embora pertencentes ao quadro de servidores da Instituição, em que ocupam o cargo de Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais, não o fizeram representando o INES, mas sim de forma particular;

b) o INES, a despeito de possível expertise que possa vir a ter qualquer um de seus servidores, não possui a competência para se manifestar sobre questões que requeiram habilidades de "leitura labial";

c) o INES, na qualidade de instituição federal de ensino vinculada ao Ministério da Educação, não possui autorização regimental para prestar serviço em prol de interesses privados a pessoas físicas ou jurídicas, sendo seus recursos humanos e materiais integralmente voltados para a realização das políticas públicas que lhe são legal e regimentalmente atribuídas.

De toda forma, considerando que o tema trazido à baila circunstancia fatos que supostamente teriam caracterizado a prática de crime de injúria racial, aproveitamos, mais uma vez, a oportunidade para manifestarmos nosso incondicional apoio à disseminação de políticas antirracistas."

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