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Erros e polêmicas bizarras que o VAR poderia ter evitado no Brasil

Brasileirão já começou com falha grave em Vitória x Flamengo. Confira os erros, polêmicas e opiniões de especialistas de arbitragem sobre o atual momento dos juízes no Brasil...

16 abr 2018 - 13h05
(atualizado às 15h38)
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Assim como o vôlei, tênis, futebol americano e basquete, o futebol usufrui cada vez mais da tecnologia. A Fifa já anunciou que o VAR (Video Assistant Referee, do inglês) será utilizado na Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Além do árbitro de vídeo já ser utilizado em torneios internacionais, como é o caso do Mundial de Clubes, Ligas como a Serie A, Bundesliga, Campeonato Português, a MLS e as fases de semifinal e final da Copa Libertadores.

O Campeonato Brasileiro de 2018 teve início no último sábado e já se viram erros e lances polêmicos que poderiam ter sido evitados com o auxílio do VAR. Eles aumentam uma lista de falhas graves e confusões que só aumenta.

A partida entre Vitória e Flamengo, no Barradão, foi recheada de polêmicas. Aos 12 minutos de jogo, um pênalti a favor do Vitória foi marcado de forma equivocada. Após chute de Rhayner, a bola bateu no rosto do meia Éverton Ribeiro, que evitou o gol em cima da linha. O árbitro, Wagner Reway, viu mão do meia rubro negro e assinalou a penalidade. O flamenguista foi expulso direto e Yago empatou a partida. A arbitragem voltou a errar e aos 26 minutos da segunda etapa, quando Willian Arão, em posição irregular, desviou, a bola ficou com Geuvânio, que tocou para Réver marcar.

Há uma semana, na final do Campeonato Paulista de 2018, outra polêmica envolvendo a arbitragem se destacou. O Corinthians vencia por 1 a 0 o Palmeiras, no Allianz Parque e levava a decisão para os pênaltis. Quando aos 26 minutos da segunda etapa, Ralf desarmou Dudu por trás, dentro da área e Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza marcou o pênalti. Com oito minutos de jogo paralisado, o quarto árbitro avisou o principal juiz da partida de que a falta não havia acontecido e o mesmo, voltou atrás na sua decisão. O Alvinegro sagrou-se campeão nos pênaltis. Os palmeirenses reclamam de interferência externa na partida e inclusive pedem a anulação da final.

Confira alguns erros marcantes de arbitragem que ocorreram recentemente...

Gol de mão Jô - Corinthians 1x0 Vasco

Um dos maiores erros de arbitragem dos últimos anos, aconteceu pela 24ª rodada do Brasilerão de 2017. Em jogo truncado na Arena Corinthians, o Timão enfrentava o Vasco e precisava de uma vitória para se aproximar do título nacional. Marquinhos Gabriel cruza a bola para a área e Jô entra buscando o cabeceio. Porém, o camisa 7 não alcançou a bola e usou o braço para empurrar a bola para a rede. A jogada aconteceu a poucos metros do árbitro adicional Eduardo Valadão e os jogadores do Vasco o cercaram, mas ele manteve a decisão da arbitragem.

Gol anulado - Sport 1 x 1 Vasco

O Vasco esteve mais uma vez rodeado de polêmica, dessa vez na Ilha do Retiro. Entre os 24 e 26 minutos do segundo tempo, Sandro Meira Ricci marcou pênalti no suposto toque de mão do zagueiro Andreson Martins, no chute de Mena. A partida ficou paralisada por 2 minutos, momento em que o árbitro e o assistente número 2, Marcelo Van Gasse, conversaram e optaram em voltar atrás da decisão. A demora para chegar à tal conclusão chegou a levantar a suspeita de interferência externa na partida.

Gol anulado - Corinthians 1x1 Flamengo

Na 17ª rodada do mesmo campeonato, Jô estave envolvido em outro lance polêmico. Em duelo importante para a sequência do Brasileiro contra o Flamengo, na Arena Corinthians, um gol legal dos mandantes foi anulado de forma equivocada. O bandeira Pablo Almeida da Costa assinalou o impedimento no passe de Maycon para Jô, sendo que o camisa 7 estava em posição legal. Com ajuda do tira teima, pode-se ver que Jô estava 3.3 metros atrás da linha da bola.

Gol anulado - Flamengo 2x1 Fluminense

No Fla x Flu do Campeonato Brasileiro de 2016, em Volta Redonda, mais uma polêmica. Sandro Meira Ricci, Emerson Carvalho e Marcelo Van Gasse precisaram de mais de 13 minutos de partida paralisada para anular o gol. Aos 39 minutos do segundo tempo, Henrique marcou de cabeça e o auxiliar assinalou impedimento. Os atletas do Flu pressionaram, o juiz e o assistente validaram o gol. Porém, os atletas do Fla também reclamaram, ato que que ocasionou a paralisação da partida até que o lance voltou a ser considerado irregular. Especula-se que Ricci chegou a dizer para os jogadores do Tricolor que havia chegado a informação de que Henrique estava impedido no lance do gol.

Expulsão - Chapecoense 5x1 Palmeiras

O árbitro Jailson Macedo Freitas gerou polêmica ao voltar atrás em uma expulsão na Arena Condá. Pelo Campeonato Brasileiro, Chapecoense e Palmeiras se enfrentavam e logo aos 15 minutos o lance aconteceu. Após passar pelo zagueiro, William Barbio corria sozinho em direção ao gol quando viu Egídio desarmá-lo com um carrinho na bola. Jaílson apontou falta e, por interpretar que se tratava de uma situação clara de gol, expulsou o lateral. Passaram-se cinco minutos entre a expulsão do palmeirense, até quarto árbitro avisar o juiz principal de que Egídio havia tocado só na bola, assim anulando o cartão.

O VAR

A prática do árbitro de vídeo foi aprovada na reunião da International Football Association Board (IFAB), em junho de 2016. Desde então, as Ligas passaram a analisar a hipótese de fazer a utilização da tecnologia. E a novidade deu resultado na Europa, nas Ligas citadas no início do texto. Porém, existem regras propostas pela FIFA a serem seguidas para o uso da tecnologia. São quatro os tipos de lances que são analisados pelo VAR, segundo a Fifa.

Gols: O VAR auxilia o árbitro a determinar se houve alguma infração ou irregularidade no gol. Como o jogo já estará parado, não há impacto no jogo.

Identidade errada: Caso o árbitro dê cartão amarelo ou expulse algum jogador errado ou tem dúvidas sobre quem deve ser punido. O VAR, assim, irá informar o jogador correto a ser punido, se é o caso.

Pênaltis: A função do VAR é garantir que não houve nenhum erro claro na atribuição ou não atribuição do pênalti.

Cartões vermelhos: O VAR irá se certificar que não houve erro claro na expulsão ou não expulsão do jogador.

São três profissionais na cabine de vídeo: dois árbitros de vídeo (normalmente árbitros ou ex-árbitros) e um assistente de vídeo (normalmente assistentes ou ex-assistentes, os famosos bandeirinhas). Na hora de acionar o VAR, tanto o árbitro pode acionar o árbitro de vídeo, quanto contrário. Normalmente o próprio árbitro de campo irá acioná-lo.

Em conversa com o LANCE! o ex-árbitro de futebol Carlos Eugênio Simon contou o que acha a respeito da profissionalização da arbitragem no Brasil.

- Fundamental. No Brasil, duas coisas são fundamentais, profissionalização e fim do sorteio. Melhoraria muito, não estou falando só em relação a salários, mas em ter um tempo integral para o árbitro se preparar melhor para essa função, que é extremamente difícil. O futebol é um grande negocio. O juiz é uma figura amadora, solitária, que deve ir atrás de treinamentos e recuperação tudo por conta própria. Debates sobre técnicas de arbitragem, preparação física são importantes, além de conversas com psicólogos. Atos que melhorariam bastante a arbitragem no Brasil - concluiu o árbitro que atuou em 3 Copas do Mundo.

Carlos Eugênio Simon foi árbitro Fifa de 1997 até 2010 (Foto: Divulgação)

Sálvio Spínola, ex-árbitro de futebol, também conversou com o LANCE! e contou ser um grande defensor da utilização do VAR no futebol brasileiro.

- Sou totalmente favorável, é um caminho sem volta. O árbitro é um ser humano, já tem um século que o futebol começou a utilizar árbitros, em 1863. Já estamos ultrapassados e os números mostram isso,como na Copa do Chile de 1962, o juiz corria 4 km por jogo, na última Copa, realizada no Brasil, a média percorrida foram de 13 km, e o mesmo ser humano. Pode-se discutir o protocolo, mas é necessário para suprir a deficiência, acho que pode ser uma solução para minimizar os erros - disse.

O comentarista de arbitragem da ESPN ainda disse o que acha sobre os clubes terem votado não para o uso da tecnologia.

- A CBF não quis aprovar, foi para a reunião apenas com os pontos negativos, como o valor, a forma que o VAR seria utilizado e que não resolveria problemas. Não critico os clubes, eu acho que a arbitragem é um modelo de responsabilidade da entidade que organiza o futebol. A FIFA exige que seja a entidade filiada, a Liga nunca será donas dos árbitros. A CBF não queria o uso do árbitro de vídeo - concluiu Sálvio.

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