Após ano ruim, Brasil vê sopro de otimismo para Tóquio-2020
Primeiro ano do ciclo olímpico marca consolidação de nomes vitoriosos e crescimento de atletas até então fora do radar, apesar da fuga de patrocínios em diversas modalidades
O esporte olímpico brasileiro teve uma largada de poucos investimentos, mas de algumas boas notícias no primeiro ano do ciclo que vai até os Jogos de Tóquio-2020. Atletas consagrados se reafirmaram, e modalidades até então fora do radar mostraram sua cara.
Após o fim da Rio-2016, a fuga de patrocínios foi uma dor de cabeça para diversas confederações e esportistas, acostumados a receber fartas premiações. Mas os resultados ficaram longe de ser uma catástrofe.
Judô e vôlei mantiveram a tradição. Mayra Aguiar foi o destaque no tatame, ao selar o bicampeonato mundial na categoria até 78kg em Budapeste (HUN), em julho. Nas quadras, as renovadas Seleções não decepcionaram. Em torneios internacionais, foram dois ouros e uma prata para as mulheres, e um ouro e uma prata para os homens.
Na natação, Etiene Medeiros, com o ouro inédito nos 50m costas (não olímpica), e Bruno Fratus, com prata nos 50m livre e 4x100m livre, lideraram a recuperação do esporte, que decepcionou em 2016.
O tenista Marcelo Melo fez um ano dos sonhos, com título histórico em Wimbledon e o primeiro lugar no ranking de duplas da ATP, ao lado do polonês Lukasz Kubot, e no de melhor duplista da temporada.
Já nas modalidades menos badaladas, Ana Sátila, da canoagem slalom, Henrique Avancini, do mountain-bike, e Ygor Coelho, do badminton, chamaram a atenção.
A mineira de 21 anos faturou a primeira medalha do Brasil em um Mundial em seu esporte, o bronze na C1, que será olímpica em Tóquio, e uma prata no K1, que ainda não está no programa dos Jogos.
O carioca Ygor, de 21 anos, alcançou a melhor posição de um brasileiro no ranking mundial, um 31 lugar, no mês de novembro.
Avancini, por sua vez, conquistou o quarto lugar inédito no Mundial de MTB, em Cairns (AUT).
"Fiz uma temporada muito mais tranquila, mas não quer dizer que trabalhei menos. Isto é a maturidade esportiva", disse Avancini.
Outros destaques que reafirmaram sua condição de favoritos a pódios foram Isaquias Queiroz, com o bronze no Mundial de canoagem velocidade (C1-1000m), e Ana Marcela Cunha, com ouro na prova dos 25km da maratona aquática em Budapeste, e os bronzes nos 5km e 10km.
"Precisaremos de leque maior de modalidades em condições de alcançar finais olímpicas e, consequentemente, ter mais chances de medalhas", disse Jorge Bichara, gerente-geral de Alto Rendimento do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
O handebol feminino, por outro lado, deixou a desejar. Campeão mundial em 2013, o Brasil se despediu do torneio na 18ª colocação.
O basquete, em reconstrução, também acumulou resultados frustrantes, na Copa América: um 10º lugar entre os homens e um quarto lugar entre as mulheres, que ficaram fora do Mundial da Espanha.
QUEM MAIS BRILHOU
Mayra Aguiar
Dona de dois bronzes olímpicos (Londres-2012 e Rio-2016), a judoca se sagrou bicampeã mundial na categoria até 78 kg, repetindo o feito de 2014.
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Marcelo Melo
O tenista faturou, em julho, o título de Wimbledon ao lado do polonês Lukasz Kubot, feito inédito nas duplas. O país não ganhava o torneio desde 1966, com Maria Esther Bueno.
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Etiene Medeiros
Ela se tornou a primeira mulher brasileira campeã mundial nas piscinas, nos 50m costas (não olímpica).
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Bruno Fratus
Faturou duas pratas no Mundial: 50m livre e revezamento 4x100m.
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Seleções de vôlei
Os homens levaram o ouro na Copa dos Campeões e a prata na Liga Mundial. As mulheres conquistaram o Grand Prix e Montreux, e foram vice na Copa dos Campeões.
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Ygor Coelho
Atleta do badminton alcançou, em novembro, a 31ª posição no ranking mundial, um feito inédito no Brasil.
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Ana Marcela Cunha
Conquistou três medalhas no Mundial de Budapeste em 2017: um ouro (25km) e dois bronzes (5km e 10km).