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Eleição do Corinthians teve fraude? Veja o que dizem todas as partes

Ministério Público de São Paulo disse que o processo eleitoral do Corinthians não foi 'íntegro, seguro e confiável'. LANCE! ouviu todas as partes e explica a polêmica

13 jul 2018 - 18h18
(atualizado às 21h21)
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Após o Ministério Público de São Paulo declarar que o processo eleitoral do Corinthians não foi "íntegro, seguro e confiável", as partes envolvidas se pronunciaram. A eleição, realizada no dia 3 de fevereiro, foi vencida por Andrés Sanchez.

Felipe Ezabella, Romeu Tuma Júnior, Andrés Sanchez, Paulo Garcia e Antonio Roque Citadini (não está na foto) foram os candidatos à presidência do Corinthians (Foto: Guilherme Amaro)
Felipe Ezabella, Romeu Tuma Júnior, Andrés Sanchez, Paulo Garcia e Antonio Roque Citadini (não está na foto) foram os candidatos à presidência do Corinthians (Foto: Guilherme Amaro)
Foto: Lance!

O MP se baseia em laudos do Instituto de Criminalística e da Dynamics Perícias, empresa especializada que foi contratada pelo candidato Paulo Garcia, além de depoimentos dos proprietários da Telemeeting Brasil, empresa responsável pelo sistema de urnas eletrônicas na eleição. Com isso, a Justiça determinou uma audiência no dia 27 de agosto para ouvir funcionários da Telemeeting Brasil - a empresa se defende ao dizer que há outros laudos que não apontam irregularidades.

A investigação em curso está na esfera criminal, e, por isso, não pode levar a uma possível anulação da eleição. Para o resultado do pleito ser anulado, é preciso uma ação na esfera cível ou por meio do Conselho Deliberativo do clube.

Responsável por contratar a empresa que apontou irregularidades na eleição, Paulo Garcia disse que ainda analisará a possibilidade de entrar com uma ação na esfera cível. O LANCE! ainda ouviu os outros quatro candidatos que participaram da eleição e o advogado da Telemeeting Brasil. Já o Corinthians não se manifestou de forma oficial e orientou entrar em contato com Guilherme Strenger, ex-presidente do Conselho Deliberativo do clube, órgão responsável pela eleição. Strenger, porém, já havia destacado que não está mais envolvido nessa questão, por ter deixado a presidência do Conselho Deliberativo.

VEJA ABAIXO O QUE DIZ CADA PARTE:

PAULO GARCIA, SEGUNDO COLOCADO NA ELEIÇÃO

Os advogados de Paulo Garcia deram entrevista coletiva nesta sexta-feira para esclarecer a ação.

- Houve um comprometimento em vários pontos que levam, sim, à presunção de uma fraude, mas não há em nenhum momento a indicação de quem seja o autor dessa fraude. Dessa forma, e com essa conclusão, o promotor de justiça pediu a instauração do processo para apurar um crime contra o consumidor. Teriam sido lesados o Corinthians, os candidatos e a própria coletividade, uma vez que todo o processo eleitoral envolve um interesse público - disse o advogado Eduardo Silveira Melo Rodrigues.

A advogada Maitê Cazeto Lopes, que foi a responsável pelo caso, explicou as irregularidades apontadas no laudo.

- Na sexta (véspera da eleição) foi apresentado para os fiscais e auditores, que checaram o programa que seria rodado no dia seguinte, ao final foi lacrado, gerando esse código que é basicamente um cálculo de autenticação. No dia seguinte, o código deveria bater, mas o código gerado foi outro. Isso levantou a primeira suspeita. O laudo encomendado aponta essa divergência. Por isso, na visão do Ministério Público, o produto vendido não foi o mesmo rodado na eleição. Esse foi um ponto. No desenrolar, outros apontamentos surgiram, como a divergência da lista de presença com o número de votos computados no sistema. Havia 25 votos a mais que a lista de presença. Outro ponto foi que os votos transitavam por Wi-Fi, mas ficou constatado que a rede era vulnerável, não havia criptografia, facilitando um acesso remoto de uma terceira pessoa. Outro ponto levantado: havia um terceiro notebook, que até o primeiro momento os fiscais desconheciam, e esse notebook acessou o banco de dados durante as eleições indevidamente, vamos falar assim. Seria o mesmo que em uma urna de papel alguém abrir, mexer, e depois lacrar de novo, algo inadmissível em um processo eleitoral. O terceiro notebook não foi entregue no dia da busca e apreensão. Diversos fatores contribuíram e comprometeram o resultado da eleição.

Após a entrevista de seus advogados, Paulo Garcia foi questionado pelo LANCE! se entraria com uma ação na esfera cível. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele respondeu:

- A sentença na espera criminal comprovou que nós tínhamos razão, agora vou conversar com meus advogados, nós próximos dias, para definirmos com será daqui pra frente.

TELEMEETING BRASIL, EMPRESA RESPONSÁVEL PELAS URNAS DA ELEIÇÃO

Denis Ricardo Rodrigues, advogado da Telemmeting Brasil, rebateu as acusações. Ele afirmou que não houve problemas quando ocorreu a apreensão dos computadores usados na eleição. Também disse achar "estranha" a atitude do promotor Paulo Castilho.

- Quando teve busca e apreensão, pela manhã já tinha despachado oferecendo os computadores, e tudo ocorreu de forma tranquila. Por isso que agora nos causa surpresa. O promotor é que eu estou achando estranho ele tomar partido. A declaração que ele deu ontem é com base em um laudo realizado a pedido do Paulo Garcia. A Telemeeting não colocou perito. O Conselho do Corinthians também contratou um perito e deu um laudo negativo, o laudo oficial do instituto criminalista deu negativo - rebateu Denis Ricardo Rodrigues, que rechaça qualquer tipo de acordo na audiência do dia 27 de agosto.

O advogado também lembrou que houve uma briga generalizada após o resultado da eleição. Por isso, alguns papéis com a senha que comprovava o voto acabaram se perdendo no ginásio do Parque São Jorge.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO

"Lamentavelmente, além da infração penal constatada (autoria e materialidade), ficou demonstrada a absoluta violação da confiabilidade e seriedade do pleito, o desvirtuamento do processo eleitoral de um dos maiores clubes do Brasil, vez que o presidente e chapas não foram eleitos dentro de um processo democrático íntegro, seguro, confiável e hígido, que deveria ter sido garantido pelo produto e serviço vendidos pela empresa Telemeeting", diz trecho da manifestação do MP.

ANTONIO ROQUE CITADINI, TERCEIRO COLOCADO NA ELEIÇÃO

Citadini disse que ainda não se aprofundou no assunto. A decisão do MP foi divulgada pela imprensa na última quinta-feira.

- Soube apenas o que saiu na imprensa, então não tenho opinião mais profunda. Opinar sobre o que a gente não conhece é muito difícil. Vou ver o que fazer depois que eu tiver me informado sobre tudo.

FELIPE EZABELLA, QUARTO COLOCADO NA ELEIÇÃO

Após a decisão do MP ser divulgada pela imprensa, Ezabella emitiu sua opinião por meio de redes sociais. Ele ainda lembrou de outras polêmicas que aconteceram durante o processo eleitoral.

"Mais um triste capítulo das últimas eleições alvinegras. Confusões com anistias irregulares, denúncia de compra de votos, guerra de liminares na justiça, empresários arcando com pagamento de mensalidades com depósitos a título de empréstimos na conta do clube, quebra quebra na apuração, agora mais essa grave acusação. Em paralelo, o obscuro desmanche da equipe e a completa falta de informação das questões envolvendo o estádio. Vamos acompanhar o desfecho da ação criminal, vamos continuar cobrando transparência e insistindo para que a comissão de ética analise os casos pendentes", escreveu.

ROMEU TUMA JÚNIOR, QUINTO COLOCADO NA ELEIÇÃO

Romeu Tuma Júnior também lembrou das polêmicas e disse que o "processo se contaminou desde o início". Ele, agora, cobra que Paulo Garcia entre com uma ação na esfera cível.

- Foi uma tragédia anunciada que começou lá atrás com a compra de anistia. Vários candidatos participaram disso e nada aconteceu. É um processo que se contaminou desde o início. Causa estranheza que tenha se ido à Justiça para se comprovar uma fraude e não se tenha levado adiante um processo de anulação. Eu vou avaliar, me senti extremamente prejudicado. Tenho certeza absoluta de que não tive a votação que apareceu nas urnas. Não fiz escândalo porque não tinha como comprovar isso. Vou avaliar as consequências jurídicas. Os danos que causam ao Corinthians são muito maiores que anular a eleição. Eu não acredito que o Paulo não vá fazer nada, senão fica até duvidosa essa atitude.

RELEMBRE O RESULTADO DA ELEIÇÃO REALIZADA EM 3 DE FEVEREIRO

Andrés Sanchez - 1235 votos (33,9%)

Paulo Garcia - 834 votos (22,9%)

Antonio Roque Citadini - 803 votos (22%)

Felipe Ezabella - 461 votos (12,6%)

Romeu Tuma Júnior - 278 votos (7,6%)

Nulos - 18 votos

Brancos - 13 votos

Total: 3642 votos

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