Do 'caso Héverton' à ausência de divisão: a derrocada da Lusa

Em 10 de dezembro de 2013, começa o calvário da Portuguesa. Vem à tona a acusação de que o meia Héverton foi escalado de maneira irregular na última rodada do Brasileirão. O jogador, que entra em campo aos 32 do segundo tempo do 0 a 0 com o Grêmio, teria de cumprir suspensão automática na partida contra o Tricolor gaúcho. O descenso no BR-2013 vai para o "tapetão".

Em um momento comovente, torcedores da Portuguesa viajam para o Rio de Janeiro e foram para a porta do STJD, com a expectativa de que a equipe se garantisse na Série A. Eles dividem o espaço com torcedores do Fluminense, que pode deixar a zona de rebaixamento caso a Lusa seja punida no julgamento.

"Regulamento tem de ser cumprido!", afirma advogado do Fluminense no STJD. As notícias não são boas para a Portuguesa. Mesmo tentando se defender, a Lusa perde quatro pontos pela escalação irregular de Héverton e, no fim do Brasileirão, amarga a queda para a Série B.

Então iniciando seu mandato na Portuguesa, Ilídio Lico, dispara acusações em torno de Manuel da Lupa. Segundo ele, o seu antecessor teria "vendido a vaga da Portuguesa para a Unimed". A escalação de Héverton ocorrera de maneira premeditada.

Diante das acusações, Manuel da Lupa chega a ser expulso do clube. Na Justiça, ele consegue decisões favoráveis e voltou ao clube. Atribui a polêmica a uma falha de comunicação do jurídico da Portuguesa. Aos seus olhos, embora o advogado Osvaldo Sestário tenha comunicado a suspensão de Héverton, Valdir Rocha (advogado da Lusa) diz que não sabia sobre a situação.

A Portuguesa estreia na Série B de 2014 vestindo preto. Mas a polêmica entra, de fato, em campo, aos 16 minutos do duelo com o Joinville. Um advogado surge à beira do gramado com uma liminar nas mãos, exigindo que a equipe saia de campo. Todos saem rumo ao vestiário. Mais tarde, a Lusa é considerada derrotada por WO. Ilídio Lico é suspenso por 240 dias do clube.

Com campanha pífia na Série B, a Portuguesa amarga seu segundo rebaixamento consecutivo já em outubro. A derrota por 3 a 0 para o Oeste garante a ida para a Série C, com cinco rodadas de antecedência. A Lusa termina a competição com apenas quatro vitórias em 38 jogos.

Em 20 março de 2015, Ilídio Lico deixa a presidência do clube, no momento em que é pressionado devido à situação financeira do clube. Porém, o que culmina para a saída de Ilídio é a agressão a José Gonçalves Ribeiro, presidente do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização), na reunião em que seria votada a abertura do seu processo de impeachment.

Em campo, vem nova amargura para os torcedores da Portuguesa. No Paulistão, a derrota por 3 a 0 para o São Paulo, no Morumbi leva a equipe a um descenso estadual: disputará a Série A2 no outro ano. Além disto, não consegue ir bem na Série C do Brasileiro.

No ano seguinte, a Portuguesa vive novo drama dentro dos gramados. A derrota por 2 a 0 para o Tombense custa novo rebaixamento: disputará a Série D. Mergulhada em dívidas, a Lusa vai se enfraquecendo mais.

A disputa da Série D traz, de cara, uma nova frustração para os torcedores da Portuguesa. Com a derrota para a Desportiva, por 1 a 0, a equipe cai na fase de grupos da competição. Mesmo com o reforço de Marcelinho Paraíba, a Lusa fica sem divisão.

Neste ano, a Portuguesa disputa a Série A2 do Paulistão. Na edição de 2018, a equipe teve campanha fraquíssima: na décima-segunda colocação, venceu apenas três dos 15 jogos e correu risco de novo rebaixamento.

O "Caso Héverton" é arquivado por falta de provas pelo Ministério Público. Mergulhada em dívidas que ultrapassam R$ 350 milhões, a Portuguesa chega a destruir piscinas do clube para construir camelódromo para amenizar sua precária situação financeira. Desde 2013, foram seis presidentes em cinco anos.