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Dirigente compara Botafogo a "paciente em estado grave"

Em entrevista, vice-presidente admitiu que o momento do clube é delicado

9 set 2019 - 19h19
(atualizado às 19h31)
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O Botafogo convive com problemas financeiros há muito tempo. Em 2019, o ambiente não é diferente: com dois meses de salários atrasados, jogadores do elenco profissional não querem, em forma de protesto, expor patrocinadores e alguns funcionários não possuem fundos para arcar com passagens de ônibus. Luis Fernando Santos, vice-presidente executivo do Alvinegro, analisa a situação e afirma que o clube precisa de uma rápida fonte de renda.

"A situação do Botafogo é conhecida há muito tempo. E nós sabíamos que 2017 talvez fosse o último ano que nós pudéssemos ter uma solução financeira que não fosse através da venda de jogadores. Hoje 48% das receitas são para pagar dívidas. Isso ficou muito claro no início do ano passado e, principalmente esse ano, quando o nosso orçamento, olhando tudo que temos para pagar, ficava R$ 60 ou 70 milhões abaixo das receitas possíveis. O que a gente precisava hoje? É que alguém de alguma forma, seja com venda de jogador ou algum empréstimo, fizesse que nós obtivéssemos alguma coisa imediata em torno de R$ 15 milhões", afirmou, em entrevista à Rádio Globo.

Luis Fernando Santos é dirigente do Botafogo (Foto: Vítor Silva/SS Press/Botafogo)
Luis Fernando Santos é dirigente do Botafogo (Foto: Vítor Silva/SS Press/Botafogo)
Foto: LANCE!

O dirigente vai ainda mais longe. De acordo com suas palavras, o Botafogo precisa de ainda mais dinheiro para finalizar a temporada em superávit. Além disto, Luis Fernando Santos, ao ser perguntado sobre as finanças, fez uma forte comparação envolvendo o Glorioso.

"Precisamos conseguir até o final do ano, considerando as nossas receitas e outros empréstimos, alguma coisa em torno de mais R$ 50 milhões. É muito dinheiro. É uma situação extremamente dura e dramática. O Botafogo está em uma situação muito ruim e com muita dificuldade de superar isso. O Botafogo é um paciente em estado grave internado numa UTI", confessou.

Profissionalização do futebol e irmãos Moreira Salles

A luz no fim do túnel para o Botafogo é um processo de profissionalização do futebol. Se tudo for positivo, o futebol do Alvinegro será separado da parte social, com a criação de uma SPE (Sociedade de Propósito Específico). O projeto começou a ser discutido por uma ação proposta pelos irmãos Moreira Salles junto à Ernst & Young. Luis Fernando Santos afirma que o clube está buscando possíveis novos investidores.

"O processo foi iniciado, da nossa parte, em agosto. Recebemos projeto conceitual, mas precisa ser colocado de pé. Ninguém bota dinheiro se não souber o que é, possível retorno, os riscos. Temos prazo curto, porque só pode ocorrer entre o fim do Campeonato Brasileiro e a primeira competição de 2020. Não pode fazer essa mudança com campeonatos em aberto. Temos de 15 de dezembro a 15 de janeiro. Temos que estar prontos no fim desse ano", alertou.

O vice-presidente afirmou que o próximo passo, envolvendo uma série de questões de garantias financeiras junto a bancos e os novos investidores, deve estar pronta até o próximo mês.

"A expectativa é que até o dia 10 de outubro tenhamos o projeto de pé e já analisado por banco de investimentos, com análise de riscos para o investidor ver a conveniência. Depois disso, se o banco disser que projeto é sustentável, parte-se para a obtenção de dinheiro para capitalizar o projeto, admitiu.

Torcida

Apesar da situação complicada nos bastidores, Luis Fernando Santos faz um apelo para que a torcida não abandone o clube nessa reta final de temporada. O dirigente reconhece que a colocação no Campeonato Brasileiro - o Botafogo é o 10º colocado, atualmente - não é a ideal, mas pede positividade por parte dos torcedores alvinegros.

"Vivemos uma dicotomia muito difícil de ser resolvida. A torcida reclama com razão. O time não é o que gostaria, colocação não é o que gostaria, mas o fato é que o momento talvez não seja de reclamar, mas de tirar tudo que há contra e apoiar. O Botafogo precisa muito do apoio do torcedor, ter uma visão mais positiva possível. Nós botafoguenses somos muito negativistas, preferimos ver o copo meio vazio do que meio cheio. "Ah, a diretoria é incompetente?" Ok. Diretores são todos burros, não tem problema nenhum. Se a saída da diretoria for resolver o Botafogo, saímos sem problema nenhum e batemos palmas. A situação é muito séria. Vale pensar: 'eu tenho quatro meses pela frente que o Botafogo precisa da minha ajuda'. Pode ser vindo ao estádio, não é deixando de criticar a diretoria, mas sendo menos crítico. Estamos precisando viver um clima positivo e ter bons fluidos para chegar lá", afirmou.

Luis Fernando elogiou a postura da torcida nas redes sociais, com a criação de uma vaquinha na internet e a arrecadação de cestas básicas para os funcionários de General Severiano e do Estádio Nilton Santos. O dirigente, porém, relembra da importância e facilidade de virar sócio-torcedor e ajudar diretamente o Botafogo.

"É uma ação da torcida que só pode ser elogiada. Logicamente, isso falando em formas de mitigar problemas dos funcionários, que são extremamente importantes. Temos funcionários que recebem praticamente um salário mínimo, não sei como conseguem ficar dois meses sem salário. Isso dói em nós, ficamos tentando solucionar. Não adianta eu falar para a torcida fazer vaquinha e arrumar R$ 50 milhões. Acho que ela pode ajudar nessas atividades de menor valor financeiro e com sócio-torcedor, que muitas vezes salvou os salários do Botafogo. São R$ 15 por mês para o torcedor, praticamente de graça, se recebe mais que isso em descontos", finalizou.

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