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Diário AS: 'A Superliga, o mérito esportivo e os valores do futebol'

Colunista espanhol se mostra decepcionado com a criação da Superliga Europeia, competição em que haverá entre 12 a 15 clubes permanentes

20 abr 2021 - 10h02
(atualizado às 10h16)
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O anúncio da Superliga foi um torpedo nos meus princípios de amor ao meu esporte, o futebol. Não se pode começar uma competição com equipes classificadas por decreto. Onde está o exemplo de rebeldia e das coisas bem feitas por clubes que, diante de adversidades e inferioridade econômica, se infiltram na festa dos poderosos? O que seria do meu Atlético de Madrid se não viessem Cholo, Godín, Gabi, Tiago, Juanfran, Koke, Miranda e tantos outros conseguindo, na base da crença e na luta diante das adversidades, subir aos altares do futebol europeu? O Atlético seria convidado para a festa da Superliga sem este esforço coletivo? É certo que se o Atlético tivesse recusado o convite, chamariam outro clube para participar.

Criação da Superliga foi anunciada no último domingo e gerou polêmica (Imagem: Divulgação)
Criação da Superliga foi anunciada no último domingo e gerou polêmica (Imagem: Divulgação)
Foto: Lance!

O futebol é paixão, superação, convicção, humildade, valores que nos colocam desde cedo para que, apesar de ter menos recursos, não te privem da oportunidade de ganhar. Na atual Champions, as seis partidas da fase de grupos já são vantagem suficiente para os todo poderosos corrigirem qualquer erro. Por que privar o Porto, por exemplo, que este ano se colocou entre os oito melhores para a alegria de seus torcedores? Seria algo negativo, pois não há melhor mensagem para os jovens verem que o esforço recompensa.

Tanto na La Liga como na Champions as coisas estão indo bem. Em seus países, os clubes diminuíram suas dívidas com o princípio de "tanto você gera, tanto você gasta". Em termos de distribuição, uma vez que existem equipes recebendo direitos televisivos superiores a 40 milhões de euros, quando anteriormente cobravam menos da metade, aumenta o nível de competitividade e melhora a infraestrutura de seus centro de treinamentos.

Embora seja muito fácil para eles pendurarem em você o rótulo de demagogo, não há outra realidade senão a do meu NÃO às classificações por decreto no futebol. No meu futebol, as coisas se ganham por estes valores que te colocam desde a base: generosidade, esforço, respeito, convicção, superação e paixão. O futebol que amo não passa por uma Superliga fechada.

Kiko Narváez é colunista do 'Diário AS', parceiro do LANCE! no Pool de jornais internacionais.

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