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Delator afirma que 'escândalo dos votos é apenas um'

Fundador e ex-presidente da CBDG, Eric Walther Maleson vê COB como empresa pessoal de Nuzman e prega intervenção na entidade

6 set 2017 - 16h55
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Em entrevista ao Globoesporte.com, o delator do esquema de compra de votos para a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, Eric Walther Maleson - fundador da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) e ex-presidente da entidade - afirma que esta é apenas uma das irregularidades envolvendo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Eric Walther Maleson é o fundador da Confederação Brasileira de Desportos no GeloReprodução
Eric Walther Maleson é o fundador da Confederação Brasileira de Desportos no GeloReprodução
Foto: Lance!

O ex-atleta de bobsled revelou, por vontade própria, ao Ministério Publico Francês e outras entidades brasileiras e internacionais o que soube sobre pagamentos ao membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), Lamina Diack. Segundo ele, Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, transformou a entidade em uma empresa pessoal. Além disso, ele pede uma intervenção no Comitê Olímpico nacional.

- O Nuzman transformou o COB em uma empresa de negócios dele, pessoal dele. O COB não é mais um Comitê Olímpico do Brasil, é uma empresa de negócios. O escândalo dos votos é apenas um. Se você entrar na folha de pagamento do COB, Jogos Pan-Americanos de 2007, campo de golfe, precisaria de três, quatro horas, para falar de tudo. É preciso fazer um novo COB, com atletas, técnicos, confederações, federações, mas um novo COB para todos e não para um grupinho de pessoas que querem se dar bem fazendo eventos internacionais e marketing

De acordo com o delator, os escândalos iniciaram em 2007, quando o Rio de Janeiro recebeu os Jogos Pan-Americanos e, pela proporção da investigação, Maleson optou por procurar também organizações fora do país. Para ele, após a Operação Unfair Play, a imagem do Brasil foi desgastada.

- Estamos em um momento muito delicado dentro do COB. No momento, a imagem do Brasil fora, do movimento olímpico, está desgastada. Se você parar para analisar e olhar a fundo o COB agora, o Comitê Organizador deixou um legado zero e uma dívida de mais de R$ 150 milhões. Quem vai ter que pagar é o povo do Rio com seus impostos.

O dono de três bronzes na Copa do Mundo de bobsled conta que chegou a procurar o COI. Eric deseja que a entidade realize uma intervenção no COB.

- Enviei cartas desde o Rogge (Jacques, ex-presidente do COI), prevenindo que iríamos chegar a um ponto em que seria vergonhoso. O dia chegou. Eles responderam essas cartas, dizendo que estava na mesa do Rogge, e a mesma coisa com o Thomas Bach, atual presidente. Enviei uma carta nesta terça-feira, e vou colocar uma cópia na mídia pedindo ao COI mais uma vez, pela terceira vez, uma intervençao no COB. Se não intervierem, o governo brasileiro vai. Se não o fizer, o COI será negligente. Estou abrindo a caixa-preta e, como estão abrindo, novas coisas podem surgir.

Afastado em 2012 da presidência da CBDG por suspeita de fraude e má administração, Maleson afirma ser vítima de perseguição. Segundo o novo presidente da entidade, Matheus Figueiredo, o ex-atleta também ficou com materiais pertencentes à confederação.

- Fui vítima. Por que você acha que me tiraram? (do cargo de presidente da CBDG). Eu fui o mais combatente. Uma pessoa que mora no Brasil teria mais medo de ser atacado. Sofri muito com os ataques que ele (Nuzman) fez na imprensa. Tentou denegrir minha pessoa fora do país, não conseguiu. Quem me conhece sabe como administro as coisas. Sabe a minha personalidade. Sabe que não me envolvo com coisa ilícita. - afirmou o ex-atleta, que completou:

- Eu não tenho medo. Estou tranquilo. Porque o que acontece é que a pior coisa que você pode fazer é ter medo e não fazer nada. Chega uma hora em sua vida que você precisa tomar uma atitude. Tomei anos atrás. Eu não me arrependo. As pessoas que fizeram as coisas erradas têm a consciência pesada. Se quiserem revidar, estou preparado e muito tranquilo. Já era hora.

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