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Copa Tática: Nigéria, onde coadjuvantes viram protagonistas

Com Victor Moses e Iwobi, que jogam em grandes clubes ingleses, seleção comandada por Gernot Rohr tem o desafio de repetir 2014 em um grupo ainda mais desafiador

9 jun 2018 - 07h05
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Apesar de ter feito boa Copa do Mundo em 2014, tratar da vaga para 2018 como algo comum diz muito pouco sobre a quantidade de transformações nos últimos quatro anos. Entre 2014 e 2016, foram oito mudanças de comando na seleção. No período, a Nigéria não se classificou para as Copas Africanas de Nações de 2015 e 2017. A estabilidade veio com o alemão Gernot Rohr em 2016.

A missão não era fácil: o grupo das eliminatórias era o mais complicado, com Argélia, Camarões e Zâmbia. O desempenho no "grupo da morte" foi surpreendente e a Nigéria conseguiu a classificação com antecedência. Em campo, sairia invicta, mas perdeu o ponto do empate da rodada final pela escalação ilegal do suspenso Shehu Abdullahi. De qualquer forma, a autoridade com que superou os recentes campeões continentais (Zâmbia e Camarões) e a sensação da Copa do Mundo anterior (Argélia) chamou atenção.

Gernot Rohr iniciou o ano de 2018 enviando a mensagem de que o grupo não sofreria grandes modificações. A base estava fechada, o que não significa que não tenha problemas. A começar pelo gol, já que 2017 ficou marcado também pela triste notícia do diagnóstico de uma leucemia em Carl Ikeme, o goleiro titular. Akpeyi e Ezenwa não convenceram, e Francis Uzoho é bastante jovem, além de ter sido parte da crise dos goleiros no rebaixado Deportivo em 2017/18 (clube chegou a usar quatro titulares diferentes para a posição, e todos falharam). Teve oportunidade na primeira divisão espanhola, mas não conseguiu se firmar.

Outro problema é a falta de opções na lateral direita. Shehu se consolidou no setor, mas não atua na função em seu clube, o Bursaspor. Ola Aina seria a alternativa para alguém da posição, mas ainda não parece ter a confiança do treinador e foi cortado. O resto da linha defensiva não deve ter grandes alterações, com Ebuehi como opção mais ofensiva e Idowu podendo atuar nos dois lados.

O meio já parece mais definido, com Mikel e Ndidi absolutos. Mikel é a grande liderança do elenco e, como já mostrou em outras competições internacionais, representa muito mais do que um volante marcador para sua seleção. É referência técnica, tem liberdade para avançar, joga até como o "10" se necessário e se solta mais para distribuir os passes. A grande dúvida é sobre a formação da equipe, que pode ter um terceiro meio-campista ou um segundo atacante (Iheanacho), o que interfere no setor de atuação de Mikel e no desenho da seleção. Etebo e Obi são outras opções no setor (sombras para Onazi, que foi mal nos jogos de preparação), caso a ideia seja ter três meio-campistas, enquanto Ogu oferece até a possibilidade de fechar como terceiro zagueiro, em uma variação testada em amistosos contra Argentina e Inglaterra.

Pelos lados, não há grandes dúvidas. A velocidade de Victor Moses tem papel importante, enquanto Iwobi é o articulador que parte da esquerda para ajudar na criação. Os dois podem inverter os lados de acordo com os adversários, já que um tem mais fôlego e disciplina tática, enquanto o outro flutua mais pelo campo, se aproximando dos meio-campistas. São responsabilidades diferentes das que possuem em seus clubes, onde são apenas coadjuvantes de elencos mais poderosos, seja vindo do banco (no caso do Arsenal) ou começando entre os titulares (no caso do Chelsea). Rohr já reclamou publicamente do excesso de individualismo de Iwobi pela seleção, por exemplo, enquanto Moses assume o papel de homem das bolas paradas.

No comando do ataque, Ighalo segue como esperança de gols, embora tenha saído dos holofotes ao deixar a Premier League para atuar na China. O corte de Moses Simon, lesionado, tira uma arma de velocidade na ponta esquerda, aumentando a responsabilidade de Ahmed Musa, resgatado após uma frustrante passagem pelo Leicester. Ter Iheanacho significa maior companhia para o centroavante, atuando como meia central que chega como segundo atacante e explora o setor entre zagueiros e volantes. Ele é quem pode trazer maior impacto vindo do banco, pois sua presença no time inevitavelmente mexe com a distribuição e o funcionamento das peças.

Além da marcante classificação antecipada, alguns amistosos recentes ampliaram o otimismo do país, como as vitórias sobre Argentina (quando testou um sistema sem uma referência no ataque) e Polônia. Se é o suficiente para uma chave tão equilibrada na Copa do Mundo, já é outra história. Em 2014, um elenco aparentemente menos qualificado conseguiu surpreender ao chegar no mata-mata. Em 2018, o grupo com Argentina, Croácia e Islândia representa um desafio ainda maior.

Jogos no Grupo D

16/6 - 16h - Croácia x Nigéria

22/6 - 12h - Nigéria x Islândia

26/6 - 15h - Nigéria x Argentina

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