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Contra Argentina, Gabriel Jesus joga no palco em que virou 'gente grande'

Há quatro anos, atacante virou titular do Palmeiras e deu show no palco do Superclássico contra a Argentina. 'Ali ele se apresentou para o Brasil', relembra seu ex-técnico

2 jul 2019 - 07h02
(atualizado às 11h50)
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Cinco anos depois da maior derrota de sua história, a Seleção Brasileira voltará a disputar uma semifinal no Mineirão: às 21h30 desta terça, contra a Argentina, pela Copa América. O cenário obviamente remete aos 7 a 1 aplicados pela Alemanha na Copa do Mundo de 2014, mas há quem tenha ótimas lembranças dali, caso de Gabriel Jesus.

Foi neste estádio que o atacante virou "gente grande" no futebol, em 26 de agosto de 2015. Aos 18 anos, tomou o lugar de Rafael Marques e foi a surpresa do time titular do Palmeiras no jogo de volta contra o Cruzeiro, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Em meia hora, marcou dois gols, um deles deixando o experiente goleiro Fábio estirado no gramado, e deu uma assistência para Dudu. O Verdão, que terminaria como campeão, venceu por 3 a 2.

- Naquela semana do Cruzeiro ele treinou muito bem, cara. Estava com muito apetite nos treinos. Muitas vezes as pessoas não lembram que tem o trabalho da semana, é muito importante você perceber o que acontece nos treinos para montar o time. Eu entendia que o Cruzeiro tinha uma zaga um pouco mais lenta e que o Gabriel poderia ser útil. E ele fez uma partida extraordinária. Já vi grandes partidas dele, mas naquela ele desequilibrou demais, com jogadas individuais, parte tática muito boa, recomposição... Ali ele se apresentou definitivamente para o Brasil - lembra Marcelo Oliveira, técnico do Palmeiras naquela ocasião e à espera de convites desde que deixou o Fluminense em novembro de 2018.

Marcelo Oliveira deu chance a Jesus - FOTO: Cesar Greco/Palmeiras

Até ali, o menino somava 15 partidas como profissional - só duas como titular - e um gol, marcado contra o ASA-AL na mesma Copa do Brasil. No jogo seguinte ao show no Mineirão, marcou mais dois na vitória por 3 a 2 sobre o Joinville, no jogo em que a torcida palmeirense cantou pela primeira vez o hit "glória, glória, aleluia" para homenageá-lo no Allianz Parque. A partir daí, raras foram as vezes em que não esteve entre os 11 do clube paulista, de onde saiu no fim de 2016 rumo ao Manchester City, já campeão brasileiro e frequentemente convocado por Tite para a Seleção Brasileira.

Mas Gabriel também alguns fantasmas para espantar nesta noite. Embora seja o artilheiro do Brasil na era Tite, com 16 gols marcados, ele passou em branco nos cinco jogos da Copa de 2018 e ainda não balançou as redes em quatro jogos nesta Copa América. Na goleada por 5 a 0 sobre o Peru, duelo em que virou titular no lugar de Richarlison, ficou abatido ao perder um pênalti e motivou Thiago Silva a chamá-lo para uma conversa.

- Contra o Peru ele fez uma partida extraordinária, só faltou o gol. Após a perda do pênalti, ele ficou muito abalado, queria muito marcar. Ele sabia que tinha feito um grande jogo, mas o fato de ter perdido o pênalti o deixou um pouco para baixo. No vestiário, sentei do lado dele e falei que o futuro a Deus pertence, que de repente ele poderia resolver o jogo seguinte. Contra o Paraguai, no pênaltis, a última cobrança caiu nos pés dele. Antes de a gente fazer aquela corrente ali no meio de campo, falei para ele que ele iria decidir. Vou ser bem sincero: eu não tinha certeza, mas a fé fez com que eu desse esse recado para ele. Quando ele fez o gol, na minha cabeça era só ajoelhar e agradecer a Deus por ter honrado a ele pelo trabalho que fez e à equipe pelo que fez nesse confronto - disse o zagueiro.

Outra marca negativa que o garoto tentará espantar é a de não fazer gols em clássicos. Ele saiu do Palmeiras sem marcar contra Corinthians, Santos ou São Paulo, ainda não conseguiu vazar o Manchester United atuando pelo City e, em três jogos contra a Argentina pela Seleção, também não marcou. Não significa, porém, que não tenha jogado bem. Em novembro de 2016, também no Mineirão e contra a Argentina, pelas Eliminatórias, teve ótimo desempenho na vitória por 3 a 0 da Seleção Brasileira. Marcelo Oliveira acredita que o histórico no estádio pode fazê-lo jogar mais à vontade.

Jesus foi bem contra a Argentina em 2016 - FOTO: Lucas Figueiredo/CBF

- Esse lado emocional pode ser uma força a mais. Voltar para o estádio em que virou titular, fez dois gols e jogadas maravilhosas... Ele tem a cabeça excelente, é um menino de família simples, tem perseverança, a gente olha para ele e nunca o vê triste, abatido, sempre o vê para cima, tentando treinar mais. Eu conversava muito com ele sobre o pé esquerdo, que ele usava pouco, às vezes puxava para o meio para chutar quando podia definir mais rápido. E ele entendia, pedia para trabalhar mais depois do treino. Vou torcer muito para dê certo, pois tenho amizade com o Tite, e que o Jesus se dê muito bem - conta Marcelo, que perdeu o contato com o jovem, mas lembra com carinho do que viveu ao lado dele.

- Eu tenho um cunhado que é médico no Sírio e trata crianças com câncer. Quando eu estava no Palmeiras, ele estava cuidando de um menino palmeirense que gostava muito do Gabriel. O Gabriel se dispôs a ir lá visitar o menino, que ficou super feliz e até melhorou. Isso marcou a gente, meu cunhado sempre fala disso. Quando o Manchester City estava querendo contratar o Gabriel, o Ziza, que jogou comigo e tem relação com o Guardiola, me ligou perguntando do Gabriel porque queria passar mais informações. O Tite também me ligou, perguntou muito sobre ele antes de chamá-lo para a Seleção, sobre características, aspectos pessoais... O Gabriel tem uma coisa especial, que é a coragem. Ele vem do futebol de várzea, desde pequeno está acostumado a levar pancada, cair e levantar. Ele não tem medo de disputar bola no alto. Tenho uma expectativa grande, acho que ele pode ser decisivo nesse jogo.

Gabriel Jesus foi destaque no LANCE! após sua primeira exibição de gala como profissional, no Mineirão
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Foto: Lance!
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