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Conscientização contra homofobia e Kobe Bryant: Bahia fará homenagens usando camisa 24

Clube tricolor anunciou nas redes que um de seus atletas trocará de número no uniforme, na partida desta terça-feira pela Copa do Nordeste, para participar de ação

28 jan 2020 - 16h56
(atualizado às 17h29)
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O Bahia anunciou, na tarde desta terça-feira, que fará uma ação especial com a camisa 24. Após uma sequência de críticas nas redes sociais sobre o significado do número - frequentemente associado à gestos homofóbicos -, a campanha do Tricolor visa entrar no debate que movimentou os torcedores e dialogar com os preconceitos no país. Além disso, será uma homenagem ao ex-jogador de basquete Kobe Bryant, que faleceu no domingo.

A ação será feita nesta terça-feira, quando o clube baiano jogará contra o Imperatriz (MA), pela Copa do Nordeste, às 20h. O volante Flávio, que usualmente veste a camisa 5 do time, resolveu fazer parte da campanha. O clube divulgou um vídeo nas redes sociais anunciando a ideia.

Nas últimas semanas, uma estátua de Pelé foi vestida com uma camisa da Seleção usando o número 24, em Santos. Depois de diversos debates na web entre os internautas e de um reforço corintiano ter o número vetado pela direção Alvinegra por ser associado aos homossexuais, o Tricolor resolveu entrar na discussão. No início de janeiro, Duílio Monteiro, dirigente do Corinthians, vetou que o novo reforço Cantillo vestisse a camisa 24.

No domingo, o ex-atleta e ídolo do basquete Kobe Bryant faleceu após a queda do helicóptero onde ele e mais oito pessoal estavam. Além do ex-camisa 24 do Lakers, a filha dele, Gianna, de 13 anos, também morreu no acidente, na cidade de Los Angeles.

O esforço acontece para debater o respeito no futebol e discutir um símbolo dessa agressividade em torno do número 24 entronizado com o lançamento do jogo do bicho, em 1892, como o "número do veado", animal associado pejorativamente à homossexualidade. Historicamente, o número não existe nos uniformes de futebol masculino numa manifestação implícita de discriminação.

A omissão não acontece só no futebol. Em 2015, o gabinete nº 24 foi suprimido no Senado Federal e transformado em 26 sem qualquer explicação. Ambiente predominantemente masculino, com baixa representatividade, o fato destacou a institucionalização do preconceito. Com a troca de mandato, em 2019, a sequência das salas retornou à numeração normal.

Em setembro de 2019, o Bahia divulgou manifesto a favor da igualdade e respeito, dividindo seu público entre apoiadores e críticos:

"Diversas camadas de compreensão nos conduzem à conclusão de que futebol e sociedade se misturam. Portanto, não há equívoco em compreender nossas virtudes, limitações e desafios sociais a partir do futebol. No panorama social, a homofobia nos estádios é apenas uma pequena expressão do que acontece fora deles. A homofobia mata, oprime, deprime e provoca muitas feridas. Talvez essa realidade explique o afastamento das pessoas LGBTQI do ambiente do futebol"

O jogo desta terça-feira será contra o Imperatriz, do Maranhão, em Salvador, pela segunda rodada da Copa do Nordeste.

- O mito em torno do número 24 é uma grande bobagem que já passou da hora de ser ultrapassada. Precisamos desmistificar isso e aproveitar para debater o preconceito e a intolerância no futebol - disse o volante Flávio.

- O futebol é um canal que pode servir para acentuar o que há de pior na nossa sociedade, como o racismo, as agressões, a violência e a intolerância, mas também pode servir de uma forma diferente - para espalhar cultura, afeto, sensibilidade, melhoria das relações humanas. Achamos que os clubes têm de escolher se serão canais de amor ou ódio. Escolhemos o amor - afirmou Guilherme Bellintani, presidente do Bahia.

A ação não se limitará a essa partida e terá repetição em mais dois jogos do "Esquadrão de Aço" nesta semana: próxima quarta (29/1), contra o Bahia de Feira, e domingo (2/2), contra o Jacuipense, ambos pelo Campeonato Baiano.

Associado a gritos homofóbicos nos estádios, número 24 vira campanha no Bahia (Foto: Reprodução/ Twitter)
Associado a gritos homofóbicos nos estádios, número 24 vira campanha no Bahia (Foto: Reprodução/ Twitter)
Foto: Lance!
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