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Jogos de Paris

'O objetivo é confirmar nosso potencial e termos surpresas mais positivas do que negativas'

Presidente do COB revela que bases do Time Brasil no Japão não terão custos financeiros para a entidade

19 jan 2020 - 04h49
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Faltando pouco mais de seis meses para os Jogos de Tóquio, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) já utiliza suas instalações que servirão para aclimatação da delegação nacional. Desde 2014 a entidade faz visitas rotineiras ao Japão e nesta entrevista exclusiva o presidente do COB, Paulo Wanderley, conta detalhes do planejamento.

Como surgiu a ideia de ter nove sedes diferentes no Japão?

Pelas características locais, não havia disponibilidade de uma instalação única que atendesse integralmente ao nosso planejamento, como tivemos em 2008, 2012 e 2016. Existem universidades muito boas no Japão, mas algumas estavam com um custo alto ou apresentavam impedimentos de datas. Existe um grande Centro de Treinamento em Tóquio e vários outros pequenos centros específicos, por modalidade, que obviamente já estavam com a equipe japonesa. E existem vários espaços educacionais e esportivos ao redor do país, que foram indicados e apresentados ao Brasil pelo Comitê Olímpico Japonês (COJ), em conjunto com as prefeituras responsáveis. Essas são as opções que o Time Brasil está usufruindo desde 2018.

Como foi a negociação por esses espaços?

Realizamos uma negociação interessante para o Brasil para que a utilização desses espaços não gerasse custos financeiros ao COB. Existe um acordo para que, em troca da utilização desses espaços, realizemos ações sociais de promoção do esporte, dos Valores Olímpicos e de integração com a comunidade e as escolas locais. Essas iniciativa se mostrou muito positiva para o COB, para as equipes, para os atletas brasileiros e para as prefeituras locais.

Após os Jogos do Rio, os recursos no esporte diminuíram. Como o COB tem se virado diante desse cenário?

O Comitê Olímpico do Brasil teve de realizar, assim como praticamente todas as entidades esportivas do país, um trabalho de readequação orçamentária e de ações. O COB reduziu custos internos, reorganizou áreas e escopos de trabalho, reduziu custos com programas, projetos e recursos humanos. Dessa forma, tivemos de priorizar projetos e ações. Soma-se a isso uma crise econômica no país e a retração dos investimentos privados no esporte pós-2016 - cenário que já tinha sido alertado pelo Comitê Olímpico inglês que enfrentou isso pós-2012. Ao longo de todo o atual ciclo olímpico buscamos otimizar investimentos, o que nos permitirá investir em 2020 cerca de 84% de todos recursos recebidos através das Loterias Esportivas na atividade fim da entidade, que é o apoio ao esporte olímpico.

Quanto custará a operação para os Jogos de Tóquio?

O projeto ainda está em andamento. O custo final da operação será divulgado ao final dos Jogos. Temos contato direto com Comitês Olímpicos de outros países, como Austrália, Canadá e EUA, e acompanhamos os custos relacionados às suas equipes a fim de comparar com nossas ações e estimativas. Ao longo dos últimos dois anos fizemos também uma reserva financeira para cobrir essa missão, pois alta do dólar naturalmente eleva o custo final.

Por causa da distância e do fuso, acaba sendo um evento caro?

Temos sempre de considerar o tamanho da equipe brasileira, a necessidade de permanência de no mínimo 10 dias prévios à competição para a aclimatação às condições ambientais de clima e fuso horário no Japão e os custos relacionados à alimentação extra que ofereceremos aos atletas e ao transporte aéreo em um deslocamento longo de nossa equipe para o Japão.

Esse investimento pode se reverter na melhor campanha?

Não podemos garantir que teremos o melhor resultado da história. Podemos garantir que estamos trabalhando muito para alcançar resultados condizentes com o potencial do país no mundo olímpico, similares aos resultados que o Brasil obteve nos Mundiais realizados nesse último ciclo olímpico. Nossos objetivos são confirmar nosso potencial e termos surpresas mais positivas do que negativas.

Estadão
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