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Jogos de Paris

"Meu 'feeling' diz que seremos campeãs olímpicas", diz Virna

Ex-atacante e duas vezes medalha de bronze em Pequim-2008 e Londres-2012, acredita que as brasileiras vão ser campeãs olímpicas no Japão

5 ago 2021 - 10h21
(atualizado em 21/8/2021 às 14h35)
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A Seleção Brasileira feminina de vôlei entra em quadra pela semifinal, diante da Coreia do Sul, na Ariake Arena, nesta sexta-feira, às 9h (de Brasília), valendo uma vaga para a grande final dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

O time comandado por José Roberto Guimarães terminou a fase classificatória em primeiro lugar no grupo A, com 14 pontos, com cinco vitórias: na estreia contra a mesma Coreia do Sul (3 a 0), República Dominicana (3 a 2), Japão (3 a 0), Sérvia (3 a 1) e Quênia (3 a 0).  Com a vitória diante do Comitê Olímpico Russo por 3 sets a 1, de virada, na última quarta-feira, o time brasileiro mantém os 100% de aproveitamento e ampliou a sua invencibilidade para seis jogos.

Jogadoras do Brasil comemoram vitória sobre atletas russas nas quartas de fina do torneio feminino de vôlei da Tóquio 2020
04/08/2021 REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Jogadoras do Brasil comemoram vitória sobre atletas russas nas quartas de fina do torneio feminino de vôlei da Tóquio 2020 04/08/2021 REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Foto: Reuters

Quem passar do duelo entre Brasil e Coreia do Sul vai enfrentar o vencedor de Sérvia e Estados Unidos, que vai acontecer à 1h (de Brasília). Curiosamente, as três rivais (Coreia do Sul, Estados Unidos e Sérvia) jamais ganharam o ouro olímpico na modalidade. Já o Brasil foi bicampeão consecutivo em Pequim-2008 e Londres-2012, além de duas vezes terceiro colocado.

Virna, que participou nas duas vezes em que o país conquistou as medalhas de bronze em Atlanta-96, e Sidney-2000, acredita que o time comandando por José Roberto Guimarães tem todas as condições de ficar com a medalha de ouro no Japão. “Estou bem confiante e meu feeling diz que vamos ser campeãs olímpicas”, cravou em entrevista ao portal Terra.

Mas antes de chegar à decisão, a ex-atacante tem a consciência de que será necessário passar pelas asiáticas e sabe como facilitar as coisas.  “Tem que ter muita tranquilidade e principalmente sacar bem para quebrar a velocidade do jogo delas. Vai ser um jogo de paciência. O Brasil não pode perder a cabeça”, alertou.

Virna está confiante na seleção brasileira feminina de vôlei
Virna está confiante na seleção brasileira feminina de vôlei
Foto: Celso Pupo/Foto Arena / Gazeta Press

Para a ex-jogadora, o Brasil soube evoluir na hora certa nessa Olimpíada. “A Seleção foi crescendo dentro da competição e isso é muito importante”. E destaca conjunto como sendo o ponto forte da equipe. “Não tem uma jogadora que resolve sozinha. Essa sintonia de todas estarem bem é que faz a diferença”, destacou.

Veja a entrevista completa de Virna ao Terra a seguir:

Terra: Qual é a expectativa para Brasil e Coreia do Sul na semifinal?

Virna:

É a melhor possível. O retrospecto é muito favorável. Depois do jogo contra a Rússia, estou muito confiante. Esse jogo deu um novo ânimo para a sequência do Brasil na Olimpíada

O fato de o Brasil ter vencido na primeira fase, tem alguma influência?

No começo da Olimpíada as seleções ainda estão se encontrando, se conhecendo, analisando os rivais. Naquele jogo a Coreia não havia apresentado seu melhor jogo, assim como o Brasil. Da pra ver a nítida evolução delas já no duelo contra a Turquia. Melhorou muito em quadra.

Qual é a diferença entre o vôlei da Rússia e o da Coreia do Sul?

É totalmente diferente. As russas jogam mais na base de muita força, ataque, bloqueio de forma bem intensa, a toda hora. Além do mais, a estatura das jogadoras era bem alta formando um verdadeiro paredão. Contra as sul-coreanas vai ser um jogo mais de paciência. O Brasil não pode perder a cabeça. Tem que ter muita tranquilidade e principalmente sacar bem para quebrar a velocidade do jogo delas.

Qual é a melhor jogadora sul-coreana?

Basicamente elas só tem a ponteira Kim. Tem que saber marcá-la bem, pois ela é a principal estrela do time. As principais jogadas caem sempre na mão dela. Ela está nos momentos decisivos. É uma excelente jogadora, uma das melhores do mundo. Mas tenho a certeza de que o Zé Roberto (técnico) vai saber neutralizá-la, pois ele já a comandou em um time e sabe todas as características dela, seus pontos fortes e fracos.

Kim é a estrela da Coreia do Sul com a camisa 10 Valentyn Ogirenko/Reuters
Kim é a estrela da Coreia do Sul com a camisa 10 Valentyn Ogirenko/Reuters
Foto: Valentyn Ogirenko / Reuters

E quem você considera que é a principal destaque brasileira?

Sem dúvida alguma é o conjunto. Não tem uma jogadora que resolve sozinha. Essa sintonia de todas estarem bem é que faz a diferença. Um dia uma não está bem e outra resolve. Tem sido assim. Eu percebo um grupo forte, unido e bem fechado.

Jogadoras comemoram vitória sobre a Rússia nos Jogos Olímpicos de Tóquio Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Jogadoras comemoram vitória sobre a Rússia nos Jogos Olímpicos de Tóquio Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

O fato de o Brasil estar invicto serve de incentivo ou funciona como pressão?

Isso é excelente, dá mais confiança a cada jogo que passa. A estreia não foi das melhores, apesar da vitória. O outro grupo era até mais difícil, mas a Seleção foi crescendo dentro da competição e isso é muito importante. Não éramos as favoritas no começo, quando todos apontavam Rússia, China e Estados Unidos e acabamos surpreendendo.

Quem você acha que o Brasil vai se dar melhor se for para a final?

Não pode pensar em final antes de se jogar a semi. Temos sempre que fazer a nossa parte primeiro, pensar jogo a jogo. Time que quer ser campeão não pode escolher adversário.

Dá pra pensar em medalha? Qual?

Estou bem confiante e meu feeling diz que vamos ser campeãs olímpicas. Tem duas jogadoras impressionantes como a Fernanda Garay e a Gabi, que tem a função de recepcionar juntamente com a Brait para a Macris jogar com velocidade. As brasileiras estão em um nível de competitividade altíssimas. Cada jogadora tem o seu momento de destaque. A regularidade do volume de jogo me impressiona. A Ana Cris, Tandara, Rosamaria estão sendo decisivas. O esporte coletivo é isso, sabe que uma depende da outra. O equilíbrio emocional é a grande chave da atleta, principalmente nos momentos decisivos. A recuperação da Macris foi sensacional. Essa contusão dela não é simples, foi quase um rompimento de ligamento. E com ajuda do médico, fisioterapeuta colocou ela pra jogar em tempo recorde e ela também está com a cabeça muito boa.

Brasil já tem 19 medalhas conquistadas nas Olimpíadas de Tóquio (Divulgação/COI)
Brasil já tem 19 medalhas conquistadas nas Olimpíadas de Tóquio (Divulgação/COI)
Foto: LANCE!

Qual é o papel do José Roberto Guimarães nessa campanha?

A experiência faz toda a diferença. O Zé Roberto sabe comandar, a hora de dar bronca, de afagar e todas as jogadoras entendem muito bem isso. Ele tem o grupo na mão. Percebo isso pelo olhar, vibração em quadra e isso é o diferencial. Não precisa ter o melhor time, o grupo faz uma equipe vencedora.  Em uma Olimpíada não se pode ter um time com seis titulares. É muito difícil manter a mesma equipe que começou a partida sempre.

José Roberto Guimarães celebra vitória do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko Reuters
José Roberto Guimarães celebra vitória do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko Reuters
Foto: Valentyn Ogirenko / Reuters

Percebo que a Seleção tem várias novas jogadoras em quadra. Como analisa essa renovação?

Excelente. Quanto mais dar oportunidades para novos talentos, melhor. A Ana Cristina tem 17 anos e é um fenômeno. Não tenho dúvidas de que vai ser a melhor do mundo muito em breve. O Zé Roberto a chamou para ela já ir se acostumando com o clima, conhecendo o próprio grupo ou até as rivais. O Brasil está muito bem servido nas categorias de base. Tem um Centro de Excelência em Saquarema (RJ) da melhor qualidade.  Somos muito respeitados lá fora e uma das grandes potências mundiais. Não é à toa que muita gente de fora vem se aperfeiçoar aqui.  sempre estamos brigando pelas primeiras colocações. O vôlei do Brasil é muito respeitado.

Ana Cris foi muito bem recebida pelas jogadoras da Seleção feminina de vôlei para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko/Reuters
Ana Cris foi muito bem recebida pelas jogadoras da Seleção feminina de vôlei para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko/Reuters
Foto: Valentyn Ogirenko / Reuters

O que representou Cuba para o vôlei brasileiro?

Foi ai que tudo começou. Muita coisa mudou no vôlei, que a gente aprendeu com as cubanas até com as derrotas. Foi uma escola, um grande aprendizado. Começamos a dar valor também, além do trabalho técnico, que o físico se faz muito importante. Hoje as jogadoras são bem acompanhadas, saudáveis, com uma condição física espetacular. Só lamento que hoje eles nem se classificaram para a Olimpíada. Era um grande potência, que triste.

O que significa pra você as medalhas de bronze conquistadas em Atlanta-96 e Sidney-2000?

As medalhas para mim têm o significado de ouro. É uma das coisas mais importantes que aconteceu em minha vida. Na de Atlanta ainda mais histórico, porque foi a primeira vez que o esporte coletivo no país, somente com mulheres, obteve uma medalha olímpica. Foi o pontapé  para que o Brasil fosse reconhecido mundialmente no vôlei. Zé Roberto, Bernardinho, Renan e tantos outros contribuíram para que se tornássemos uma potência, cada um com seu estilo próprio.

Além de impor em quadra, vocês eram bem unidas e partiam pra briga se acontecesse. Você acredita que essa geração mantém esse mesmo espírito?

Acredito que sim, que essa nova geração mantém aqueles mesmos ‘olhos de tigre´ que demonstram garra, vontade e determinação. Lógico que hoje não existe mais  aquela rivalidade, mas sim o respeito maior, por isso é que acabaram as brigas. Mas se precisarem ir para o pau, eu não tenho dúvida que enfrentam com certeza. As jogadoras mantém essa mesma personalidade e são aguerridas.

Brasileiras fizeram um verdadeiro paredão na vitória contra as russas nos Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko/Reuters
Brasileiras fizeram um verdadeiro paredão na vitória contra as russas nos Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko/Reuters
Foto: Valentyn Ogirenko / Reuters

A união prevaleceu na sua geração, mas agora existe claramente uma divisão por causa da política e é bem nítido nas redes sociais. Isso iria interferir se fosse agora?

Não tem nada a ver. Desde sempre existiu alguma divergência, pois cada um tem a sua cabeça, opinião diferente, formação, olhar. O mais importante é que dentro de quadra tudo era esquecido pelo firme propósito de vencer, ganhar título e hastear a bandeira do Brasil no lugar mais alto do pódio.

Fonte: Redação Terra
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