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Em reação contra o machismo, Tóquio elege Seiko Hashimoto para presidente do Comitê Olímpico

Ex-atleta, ministra substitui Yoshiro Mori, de 83 anos, que renunciou semana passada após a repercussão negativa por causa de comentários sexistas

18 fev 2021 - 05h05
(atualizado às 09h27)
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O Comitê Olímpico de Tóquio 2020 nomeou nesta quinta-feira, dia 18, Seiko Hashimoto, ministra do gabinete japonês encarregada da Olimpíada e da igualdade de gênero, para substituir Yoshiro Mori, de 83, que renunciou na semana passada após repercussão internacional negativa por causa de comentários machistas. A escolha de Seiko, de 56 anos, medalhista olímpica na patinação, representa uma mudança radical de geração e gênero para o Comitê, que inicialmente planejava nomear outro líder octogenário, Saburo Kawabuchi, ex-chefe do órgão regulador do futebol japonês.

No entanto, na semana passada, depois que Kawabuchi, de 84 anos, disse a repórteres que estava preparado para aceitar uma oferta para suceder Mori, o Comitê Organizador mudou rapidamente de curso, respondendo a um clamor nas redes sociais sobre a idade de Kawabuchi e o fato de ele ter sido escolhido a dedo pelo próprio Mori, que se disse "patético" com suas declarações sexistas.

Após a renúncia de Mori na última sexta, Toshiro Muto, presidente-executivo do Comitê Organizador, anunciou a formação de um novo comitê de seleção, composto por metade de homens e metade de mulheres, para escolher um sucessor. Alguns nomes surgiram na mídia japonesa, mas Seiko sempre apareceu com mais força.

A nova presidente do comitê é membro do Partido Liberal Democrático do governo do primeiro-ministro Yoshihide Suga e atua na Câmara Alta do Parlamento do Japão desde 1995. Ela foi o segundo membro do Parlamento a dar à luz enquanto estava no cargo e, para acomodá-la, a Casa mudou suas regras a fim de permitir que os membros tivessem liença durante o parto. Seiko tirou uma semana de folga quando sua filha nasceu.

Como atleta, ela competiu em sete Jogos Olímpicos de Verão e Inverno nas décadas de 1980 e 1990, competindo em patinação de velocidade e ciclismo. Ela ganhou a medalha de bronze no evento de patinação de velocidade de 1.500 metros nos Jogos Olímpicos de Inverno em Albertville, França, em 1992.

Seiko entrou na política quando Mori era secretário-geral do Partido Liberal Democrata. "Acho que a sra. Hashimoto foi escolhida para que a influência de Mori pudesse ser mantida", disse Atsuo Ito, um analista político independente e ex-membro da equipe tanto dos Liberais Democratas quanto do Partido Democrata de oposição. "Ela é uma marionete do sr. Mori."

Kazuko Fukuda, uma ativista dos direitos das mulheres e uma das autoras de uma petição da Change.org que criticou os comentários de Mori, disse estar feliz que o Comitê Olímpico finalmente "valorizou as vozes do povo" e mudou de rumo após sua seleção inicial para substituir Mori. "Parecia que já estava decidido sem nenhuma reunião ou discussão", disse Kazuko. "Durante muito tempo, tudo foi decidido na mesa de jantar depois do expediente, para que muitas pessoas que têm que fazer o trabalho com cuidado, principalmente as mulheres, não pudessem aderir ao importante processo de tomada de decisão, que realmente as prejudica."

Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão marcados para começar dia 23 de julho. Mesmo a despeito do avanço da pandemia na cidade-sede, o COI defende a manutenção da disputa. A região de Tóquio está em estado de emergência.

Estadão
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