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Olimpíada 2016

Paes promete Olimpíada no prazo e descarta "tortura" da Copa

Faltando dois anos para abertura dos Jogos, prefeito do Rio rebate críticas e diz que evento terá impacto "mais positivo de sua história" sobre a cidade

5 ago 2014 - 08h36
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Prefeito do Rio de Janeiro condenou as críticas à organização da Olimpíada: "não precisa esculhambar com o País"
Foto: J.P.Engelbrecht / Divulgação

Em entrevista à BBC Brasil, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que a realização dos Jogos Olímpicos na cidade vai evitar a "tortura" que antecedeu a Copa do Mundo – criticada até o último momento por problemas de organização.

Faltando exatos dois anos para a abertura da Olimpíada no Rio de Janeiro, em 2016, Paes disse que a "jornada" de preparação é importante tanto para a imagem do Rio quanto do Brasil, e que "não precisa ser um momento que a gente aproveite para esculhambar com o País e com a cidade".

"A Olimpíada do Rio está sendo planejada com muito detalhe há muito tempo. A conta nossa é de que está tudo no prazo, tem a data direitinho de entrega e está tudo no prazo", afirmou o prefeito.

"O Brasil perde se o mundo não entender que a gente se organiza melhor, que a gente tem essa capacidade. A gente não precisa fazer da jornada um período de tanta tortura, já é tão difícil, não precisa ser um momento que a gente aproveite para esculhambar com o País e com a cidade".

As garantias do prefeito respondem às polêmicas sobre orçamento, atrasos e promessas ainda por cumprir que afetam a organização da Olimpíada. Para a cidade, o custo dos Jogos está orçado por enquanto em R$ 37,6 bilhões - superando os R$ 33,6 bilhões dos Jogos de Londres em 2012 –, de acordo com o número divulgado pela prefeitura na segunda-feira.

Primeiro evento-teste para Jogos Olímpicos é realizado no Rio:

Mas de acordo com os organizadores, 57% desse valor virá de investimento privado. Além disso, Paes diz que o orçamento das obras não é tão alto se considerado o legado que será deixado para a cidade.

O Complexo Esportivo de Deodoro, onde os trabalhos começaram no início do mês passado, levanta preocupações sobre o ritmo das obras. No entanto, de acordo com os dados oficiais, 55% das instalações esportivas necessárias para a Olimpíada já estão prontas e, apesar de haver algumas obras consideradas como "pontos de atenção", nenhuma delas pode ser considerada "atrasada".

Já em termos de promessas da candidatura olímpica, o grande questionamento é com relação à despoluição da Baía de Guanabara. O Rio se comprometeu a tratar 80% do esgoto jogado na baía até 2016, mas o discurso do governo estadual atualmente é de que "se fará um esforço" para atingir a meta.

Bronca do COI

Ainda ressoam entre os organizadores as críticas do vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), John Coates, que em abril considerou os preparativos para os Jogos do Rio "os mais atrasados já vistos".

Para acelerar o ritmo, o órgão enviou seis de seus especialistas em organização olímpica para trabalhar junto com o Comitê Rio 2016 e vigiar de perto o planejamento e execução das obras.

"A gente montou uma força-tarefa, o COI enviou gente com uma expertise em Jogos pra nos ajudar principalmente no processo de tomada de decisão. Isso nos fez recuperar tempo perdido", explicou Leonardo Gryner, diretor geral de operações do Rio 2016.

Para o prefeito Eduardo Paes, porém, as críticas do COI vieram muito em função dos problemas de atraso que aconteceram na preparação da Copa do Mundo.

"A gente tem que contextualizar essas críticas. Primeiro a gente estava às vésperas da Copa, todo mundo dizendo que a Copa ia ser uma desgraça, que nada ia ficar pronto. Aí o sujeito está lá fora, tem uma Olimpíada pra acontecer em dois anos e dois meses: você tem uma espécie de surto psicótico e todo mundo começou a exagerar", disse o prefeito.

"Acho que o COI é sempre bem-vindo na maneira de cobrar, de acompanhar, eles acompanham. Acho que o que faltava era diálogo, informação. O que eu tenho tentado fazer nos últimos três ou quatro meses, desde que essas críticas vieram, é estar pessoalmente com eles pra mostrar 'ó, não tem todo esse drama'".

Complexo Deodoro

O atraso no Complexo Esportivo de Deodoro foi uma das grandes preocupações que geraram a "bronca" do COI.

O local é o segundo principal palco de competições, onde serão disputadas 11 modalidades (hipismo, ciclismo - mountain bike e BMX -, canoagem slalom, tiro, entre outras). Chegou a ser utilizado no Pan-Americano de 2007, mas precisa passar por adaptações para a Olimpíada.

"Naquele momento, as críticas faziam sentido, estávamos atrasados em algumas coisas, principalmente com a licitação de Deodoro. Mas conseguimos antecipar o inicio das obras de lá a gente recuperou esse tempo tempo. Está tudo em dia agora", disse Leonardo Gryner.

Outra polêmica entre as obras esportivas da Olimpíada foi a construção do velódromo. O Rio precisou demolir o antigo percurso construído para o Pan e fazer um novo que tivesse capacidade para abrigar as competições de ciclismo em pista dos Jogos. O primeiro havia custado cerca de R$ 14 milhões e o que está em obras está orçado em R$ 136 milhões.

"O velódromo era para ser temporário, mas quando se tomou a decisão de fazê-lo permanente na época do Pan, o tempo pra fazer a obra era pequeno e aí não era possível fazer no padrão olímpico. Foi o único que não foi construído corretamente no sentido de aproveitar para a Olimpíada", explicou Gryner, que também esteve envolvido na organização do Pan de 2007.

Segundo ele, "tudo o que poderia ser aproveitado das construções feitas para o Pan-Americano está sendo usado para os Jogos".

"O Maria Lenk e o Julio Delamare (parques aquáticos) serão usados para saltos ornamentais, nado sincronizado e pólo, o estádio do basquete, que é a HSBC Arena, vai ser usado na ginástica, o Engenhão para o atletismo, então tudo o que podia aproveitar, a gente aproveitou".

Mudança de feição

À medida que os Jogos se aproximam, o Rio de Janeiro começa a tomar forma de sede olímpica, mas nem sempre com características desejáveis. Uma delas é o trânsito piorado causado pelas obras espalhadas.

Entre os projetos de mobilidade urbana que prometem aliviar esses efeitos, aumentando a capacidade do transporte público do Rio de Janeiro de 18% para 60%, estão dois BRTs (Bus Rapid Transit): a Transcarioca (que liga a Barra da Tijuca ao aeroporto do Galeão e tem 39 km de extensão) e a Transoeste (que conecta a zona oeste inteira da cidade, com 56 km de extensão).

Grupo encontra cabeças de animais em local onde haverá Olimpíada:

Outro BRT, a Transolímpica, que conectará os dois principais locais de competições olímpicas (Barra e Deodoro, 23 Km de extensão) está em fase de construção. A linha 4 do metrô, com seis estações que ligarão a Barra ao centro, é outro grande legado que o Rio promete entregar aos cariocas. Ela deve ficar pronta apenas no início de 2016.

Outro impacto negativo se dá sobre as vidas de milhares de moradores que precisaram ser removidos de suas casas por causa das obras. A relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Raquel Rolnik, chegou a chamar a atenção para a forma "unilateral" como as desapropriações para a Copa e a Olimpíada estavam sendo feitas no Rio e em outras cidades-sede do Mundial de futebol.

O próprio prefeito Eduardo Paes admitiu que "houve falta de diálogo" em alguns casos. Os números oficiais dão conta de que mais de 19 mil famílias precisaram ser removidas desde 2009, início da sua gestão.

Entre as feições mais agradáveis, estão projetos de revitalização de algumas áreas da cidade, como na região portuária (Porto Maravilha) e no centro. Com elas, e mais as obras de mobilidade, Eduardo Paes promete que os Jogos de 2016 serão os de "maior legado da história".

"Eu posso garantir e reafirmar que não haverá cidade mais impactada positivamente na história das Olimpíadas como o Rio de Janeiro".

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