Legado de São Paulo 2012 está nos Jogos do Rio 2016
- Danilo Vital
- Flávio C. D'Almeida
Há 10 anos, São Paulo sonhou em receber a Olimpíada de 2012 e elaborou projeto que acabou fracassado: sequer ganhou a disputa interna com o Rio de Janeiro e terminou esquecido no tempo. Apesar disso, seus efeitos permanecem tão contemporâneos quanto poderiam. Para os envolvidos na tentativa paulistana de ser sede olímpica, o legado ajudou a concretizar a vitória carioca por 2016.
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Nádia Campeão e Lars Grael, integrantes do Comitê postulante aos Jogos de 2012, afirmaram categoricamente que o plano paulistano pela Olimpíada era melhor do que o preparado pela capital fluminense. A diferença foi política: sediando em seus domínios o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a maioria das Confederações brasileiras e com a alcunha de cidade turística, o Rio de Janeiro se sobressaiu e venceu. E com a ajuda paulistana, melhorou o planejamento.
"São Paulo fez aquela candidatura e o Rio venceu a disputa interna. Houve certa decepção, mas, passados os anos, a gente pode avaliar que o resultado disso foi saudável. O Rio de Janeiro se sentiu obrigado a apresentar uma candidatura com mais solidez, com compromisso técnico. São Paulo trouxe parâmetros para isso", opinou Lars Grael, que integrou o comitê paulistano quando era secretário de juventude, esporte e lazer do governo estadual de Geraldo Alckmin, do PSDB.
Na época, tucanos e petistas, sob o governo municipal de Marta Suplicy, se uniram, mas foram vencidos pelo Rio de Janeiro. Em 2003, a Cidade Maravilhosa foi derrotada ainda na primeira fase do processo de escolha do Comitê Olímpico Internacional, prova de quão deficitária era a pretensão brasileira. "Na candidatura seguinte, o Rio teve pleno amparo municipal, estadual e nacional, conseguiu vencer para 2016. Acho que o legado da candidatura de São Paulo foi bom para o contexto olímpico brasileiro", afirmou Grael.
Para Nádia Campeão, atualmente presidente do PCdoB paulista e, na época, secretária municipal de esportes, São Paulo fez crescer o nível de autocrítica carioca na busca pela Olimpíada. "São Paulo mostrou que tinha um projeto bem elaborado, então o Rio de Janeiro teve que correr atrás", apontou. Ela ainda vê o legado da candidatura estendido à preparação para a Copa do Mundo de 2014.
"Com essa nova arena do Corinthians, São Paulo sediará a Copa do Mundo, e acho que vai sediar bem", elogiou, ao minimizar a perda da Copa das Confederações, que não passará pela capital paulista em 2013. "Tudo isso mostra que aquela candidatura foi precursora", apontou a ex-secretária de esportes. O Rio de Janeiro venceu a disputa para sediar a Olimpíada de 2016 em outubro de 2009, seis anos depois de frustrar o sonho paulistano.
Em contato com a assessoria de imprensa do Comitê Organizador do Jogos de 2016, ficou definido que o presidente do órgão, Carlos Arthur Nuzman, que comanda também o COB há 17 anos, seria a única pessoa adequada a comentar a influência da disputa pela pré-candidatura em 2003. Em compromisso na Suíça, Nuzman não conseguiu atender a reportagem do Terra.