"Antidoping de raquete" tumultua treino do tênis de mesa paralímpico
29 ago2012 - 12h16
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Danilo Vital
Direto de Londres
Os bastidores da Excel Arena em Londres ficaram tumultuados na manhã desta sexta-feira: uma fila enorme se formou para a realização de minuciosos exames em busca de substâncias proibidas. O teste antidoping das raquetes de tênis de mesa que serão utilizadas nos Jogos Paralímpicos se transformou em uma preocupação extra para os atletas, com possibilidade de eliminação da disputa.
"Está parecendo fila do SUS (Sistema Único de Saúde)", disse o coordenador do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), José Ricardo Rizzone. Os atletas de todo o mundo se alinharam para passar as raquetes por máquinas de alta tecnologia, responsáveis por analisar textura, medidas e, principalmente, o material que reveste a borracha. Colas feitas a partir de solvente, por exemplo, estão proibidas, por permitirem vantagens indevidas.
"A cola com solvente deixa a raquete mais rápida e você percebe pelo som que a bolinha faz quando é rebatida. Nós usamos cola com base d'água, essa é permitida. Do outro jeito o efeito da bolinha muda, é como e você fizesse menos esforço para jogar", apontou o mesatenista Carlos Carbinatti, um dos estreantes da delegação do Brasil em Paralimpíadas. O sistema de checagem, por exemplo, tem suas brechas.
"Parece que tem um óleo belga que a máquina não pega, mas é complicado", explicou Carbinatti. Se algum problema é detectado - desde a grossura da borracha ao revestimento da mesma - os atletas recebem tempo hábil para modificar o equipamento ante de nova revisão. A partir da fase decisiva da competição, todos os vencedores têm que submeter as raquetes a novos testes. Se forem pegos, são eliminados.
"É mais uma preocupação grande para os atletas do Brasil", disse José Ricardo Rizzone, que reclamou do tumulto nos bastidores. "É uma fata de organização tremenda. Tinha que ser feito ao longo de três dias, assim não dá", afirmou. Só o Brasil precisou inspecionar 28 raquetes - duas de cada um dos 14 classificados para a Paralimpíada. De acordo com o dirigente, nunca houve casos de doping da raquete entre esportistas do País.
Os Jogos Paralímpicos serão marcados também por grande rivalidades nas pistas, nos campos e nas piscinas. Com três medalhas de ouro, o sul-africano Oscar Pistorius (no centro) é novamente favorito para os Jogos de Londres, mas terá como adversários o brasileiro Alan Fonteles (à esq.) e o americano Jerome Singleton (à dir.)
Foto: Getty Images
Australiano Kurt Fearnley (à esq) e suíço Marcel Hug (à dir.) estão entre os principais favoritos a brilhar nos 1.500 m para cadeirantes
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Nas duplas femininas do tênis para cadeirantes, as holandesas dominam. Esther Vergeer (à esq.) atua com Marjolein Buis e busca seu quarto título. Porém, para isso, terá de superar as compatriotas Jiske Griffioen (à dir) e Aniek van Koot, que venceram nos últimos dois confrontos em que se enfrentaram
Foto: Getty Images
Brasil e Argentina também protagonizam jogos muito duros no futebol de cinco. Segundo os atletas brasileiros, os times provocam uns aos outros e catimbam com beliscões, cusparadas e até "dedadas"
Foto: Getty Images
Com 10 medalhas de ouro em Parlimpíadas, a sul-africana Natalie du Toit (à dir.) segue como uma das favoritas ao título da categoria 50 m peito (para nadadores com limitações físico-motoras, mas terá a campeão mundial, Louise Watkin (à esq.), da Grã-Bretanha, como uma grande rival
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Campeão olímpico do lançamento de disco para amputados em Pequim 2008, o americano Jeremy Campbell (à dir.) defenderá o título em Londres. Quem também buscará o ouro é o britânico Dan Greaves (à esq.), que ficou com a primeira posição em Atenas 2004
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Com 17 medalhas de ouro em Pequim, a Grã-Bretanha domina o ciclismo paralímpico. Dentro da equipe, há um duelo particular entre os paratletas Jody Cundy e Jon-Allan Butterworth, que prometem briga acirrada pelo ouro
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Aos 13 anos, Ellie Simmonds surpreendeu a todos em Pequim com a conquista de duas medalhas de ouro. Agora, ela quer fazer história novamente. Porém, a nadadora terá como adversárias a também jovem americana Victoria Arlen, recordista mundial, e a experiente De Koning-Pepper, 43 anos
Foto: Getty Images
Na natação, categoria 400 m para nadadores com limitações físico-motoras, o duelo é em família. Sam Hynd (à dir.), 21 anos, campeão olímpico em Pequim, buscará o segundo o ouro e terá como rival o irmão mais novo, Oliver Hynd (à esq.), 17 anos