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Jogos Escolares da Juventude servem de laboratório para talentos esportivos brasileiros

Maior edição da história da competição começa nesta segunda-feira e terá 2.136 escolas de todo o país

12 nov 2018 - 08h22
(atualizado às 08h25)
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Para detectar os talentos em um país de dimensões continentais, o COB (Comitê Olímpico do Brasil), junto com as confederações, monitora as competições de cada modalidade (nacionais, regionais) e também aproveita a realização dos Jogos Escolares da Juventude para observar atletas que ainda estão em formação. Uma ótima oportunidade será agora em Natal, no Rio Grande do Norte, quando será realizada a maior edição dos Jogos da história e terá 2.136 escolas de todo o país.

A cidade vai receber a partir desta segunda-feira, até o dia 25, mais de 5 mil estudantes de 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Uma novidade será a presença de uma delegação do Japão. São duas categorias de idade (de 12 a 14 anos, e de 15 a 17 anos) para 14 modalidades esportivas: basquete, futsal, handebol, vôlei, atletismo, badminton, ciclismo, ginástica rítmica, judô, natação, tênis de mesa, vôlei de praia, xadrez e wrestling.

Para os Jogos Escolares, muitas confederações enviam olheiros para detectar jovens com potencial. "Nós trabalhamos com algumas confederações e tentamos enviar especialistas para identificar atletas que tenham potencial para o futuro e possam também fazer trabalho mais específico de acompanhamento", explica Sebástian Pereira, gerente-geral de Alto Rendimento do COB.

Ele conta que a entidade começou a desenvolver desde 2015 uma metodologia para ajudar no processo de formação do jovem talento, que não é detectado apenas pelo resultado, mas também a partir das escolas com a ajuda dos professores de educação física. "Então passamos a ajudar na parte de formação dos professores de educação física, ou seja, um trabalho especial na faixa etária de 5 a 10 anos que é a que mais se desenvolve. É como uma esponja, é a que mais absorve conhecimento em termos físicos e motores, quando dão um salto. É uma formação básica para qualquer modalidade", explica o ex-judoca.

"Fazendo um trabalho diferenciado principalmente para as aulas de educação física, a gente começa a mudar o patamar do esporte nacionalmente. Não é algo fácil, até porque o sistema no Brasil é clubístico. Queremos criar um processo de formação contínuo, onde tem o papel da escola, que é apresentar o esporte e formar os jovens nas mais variadas modalidades, e a partir daí gera o interesse desses jovens e dos pais para que tenha continuidade na busca dessa prática esportiva, seja dentro da escola e principalmente a partir dos clubes", continua.

Os Jogos Escolares da Juventude acaba sendo um momento importante para colher o resultado desse trabalho, mas todos sabem que é um projeto de longo prazo. Um dado interessante foi descoberto no ano passado, quando COB fez uma pesquisa com aproximadamente 5 mil crianças. No questionário, elas disseram basicamente que o esporte não está dentro da escola.

A pesquisa verificou que os estudantes acabam tendo contato, em sua maioria, com quatro modalidades, com bola e por equipes: handebol, vôlei, basquete e futsal. "A gente também perguntou se o assunto Jogos Olímpicos estava dentro da sala de aula, e minimamente estava. Mesmo sem ter tatame ou piscina, você tem condições de apresentar outros esportes e cativar a criança, com simulação de movimentos, conteúdo do esporte, trazendo imagens e vivência. Essa pesquisa confirmou o que já imaginávamos", diz Sebastian.

"Isso mostra como é importante fazer esse trabalho desde cedo. Temos de aproveitar as oportunidades para apresentar o esporte na escola, ter clubes próximos a essas escolas e fazer a integração e continuação dessa prática esportiva. E depois vem a confederação, que é necessária para fazer a parte competitiva. Se tiver oportunidade, é meio caminho andado", complementa.

Para os Jogos Escolares da Juventude, o leque de opções esportivas é bem amplo e isso acaba estimulando que mais modalidades tenham a chance de aparecer na vida dos jovens. Só para se ter uma ideia, nos Jogos Olímpicos da Juventude, realizados no mês passado em Buenos Aires, 33 dos 59 atletas possíveis passaram pelos Jogos Escolares.

Heloisa Martinez, do wrestling, esteve nos Jogos Olímpicos da Juventude e começou na luta olímpica justamente nos Jogos Escolares. E por acaso. Ela praticava judô, mas teve contato com a outra modalidade no evento que reúne estudantes de todo Brasil. Foi lá que deu seus primeiros passos e tomou paixão pelo esporte. Ou seja, no caso dela, a competição serviu de iniciação esportiva e trampolim para tentar uma carreira esportiva.

"É importante ter um país diversificado em termos esportivos, isso faz a diferença. Os brasileiros têm características para praticar qualquer modalidade. Tivemos Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, mas a gente ainda não compra um ingresso para uma partida de qualquer modalidade. Nosso País gosta de esporte, mas basicamente gosta de ídolos. A gente precisa fazer o brasileiro gostar de esporte. Esse é o caminho e a gente começa lá embaixo, na escola. O esporte tem de fazer parte da formação do cidadão", avisa Sebástian.

Estadão
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