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Na base dos times brasileiros, laços familiares são reforçados para ajudar saúde mental dos jovens

Apoio psicológico e tecnologia auxiliam atletas das categorias de base dos clubes do País a se aproximar da família na pandemia

18 out 2020 - 05h11
(atualizado às 05h11)
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O apoio psicológico e as ferramentas tecnológicas têm sido aliados dos atletas das categorias de base dos clubes brasileiros para aliviar a saudade dos pais e reduzir a distância física. Na pandemia de covid-19, a maioria das equipes optou, por questão de segurança, por manter os jogadores confinados após o retorno aos treinos e jogos. Assim, eles ficam impossibilitados de ver seus familiares por um tempo.

Boa parte dos jovens jogadores vem de longe. Eles não nasceram nas cidades em que estão situados os clubes que defendem. Dessa maneira, esses garotos moram em alojamentos e já estavam acostumados a ficar longe de suas famílias. No entanto, há vários que eram acompanhados de perto pelos pais, que os levavam aos treinos e também marcavam presença nas partidas nos estádios. Com a pandemia do coronavírus, isso não é mais possível.

Diante desse cenário, os principais times do País têm desenvolvido um trabalho com psicólogos, psicopedagogos e assistentes sociais que consiste em ajudar a reaproximar os jovens atletas de seus parentes depois que eles retomaram suas atividades nos clubes. Também foi implementada uma rotina com ligações regulares por vídeo.

"Estamos investindo muito no setor psicossocial no Atlético-MG, na relação à distância, para tanto aqueles que iam de fim de semana para casa e também para aqueles que voltavam menos para ver suas famílias. Há um trabalho com pedagogas, assistentes sociais, psicólogas e a supervisora, que é uma psicopedagoga, que mantêm um contato constantes com os pais dos atletas e fazem com que os jogadores tenham rotinas para estar em contato com os familiares", explica Júnior Chávare, diretor das categorias de base do Atlético-MG.

O Atlético montou uma operação para enviar os atletas para casa durante o período de isolamento social. Em parceria com o departamento de logística do clube, 91 atletas em 12 estados diferentes foram mandados para suas residências. Segundo o diretor da base, hoje, os familiares se sentem seguros ao falar com seus filhos com frequência e também ao saber que os protocolos sanitários são rígidos.

"A pandemia reforçou as nossas convicções, de que temos que ter o atleta sempre muito bem situado com a sua família e a sua comunidade, e não só nessa 'bolha' em que ele vive, de treinos e jogos. A relação entre a família e a atleta é muito viva aqui", salienta Chávare.

No Palmeiras não é diferente. O clube paulista investe na parte social, psicológica e educacional dos atletas da base por meio de palestras socioeducativas, atividades coletivas que geram interações entre os jogadores e também conta com um núcleo sócio psicoeducacional.

"Os atendimentos do núcleo sócio psicoeducacional são realizados tanto com pais quanto com atletas. Com o passar do tempo, o contato mais frequente passa a ter foco nas famílias mais necessitadas. Este contato pode ser por chamada de vídeo, telefone ou mensagem, de acordo com o que for melhor à respectiva família", diz Rodrigo Mergulhão, coordenador de serviço social do Palmeiras.

Hoje, as categorias sub-17 e sub-20 já retomaram os trabalhos no time alviverde e, com isso, a psicologia passou a realizar monitoramento presencialmente no centro de treinamento, em Guarulhos. Já as outras seguem com o trabalho online.

MAIS LONGE DO FILHO

Guilherme Cachoeira é um dos destaques da base do São Paulo. Com passagem pela seleção brasileira sub-17, ele subiu recentemente ao sub-20 do time. A família do jovem é daquelas que o incentiva desde cedo e se acostumou a acompanhar de perto a trajetória do jogador em Cotia, tanto que se mudou de Joinville para São Paulo no ano passado para ficar mais próximo do filho.

"Desde que a gente chegou em São Paulo nós não tínhamos perdido um jogo. Mesmo quando era mando de campo do outro time", conta a mãe, Rosana Cachoeira, que, com protocolo sanitário, teve de encontrar outras alternativas para não perder o desenvolvimento do garoto.

"A gente está acompanhando de longe, por meio das mídias que transmitem os jogos, e pela internet, vendo como estão os treinos. Sempre fico ligada no canal do São Paulo no YouTube porque lá tem detalhes da rotina dos meninos", diz Rosana.

Estadão
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