Com apenas uma semana de treinamentos, tudo indicava que Luiz Felipe Scolari adotaria uma postura mais cautelosa em sua reestreia no Grêmio, com poucas modificações no time encaminhado pelo ex-técnico Enderson Moreira e pelo interino André Jardine. Poucas horas antes do clássico Gre-Nal, porém, Felipão surpreendeu a todos ao anunciar seis mudanças na escalação gremista, com alterações profundas na defesa e no meio-campo.
Na zaga, Werley reassumiu a posição perdida para Pedro Geromel sob o comando de Enderson Moreira; nas laterais, Pará saiu da direita para a esquerda, dando lugar ao volante Ramiro; no meio-campo, Rodriguinho juntou-se a Giuliano como responsável pela armação do time, enquanto dois estreantes formaram a dupla de volantes, Fellipe Bastos e o jovem Wallace, de apenas 19 anos.
Visivelmente desentrosado e nervoso, o time tricolor abusou das faltas nos primeiros 15 minutos, resultando em uma partida muito truncada e com poucas chances de gol para ambos os lados. De pé na área reservada à comissão técnica, Felipão passou quase toda a partida à beira do gramado, gesticulando na tentativa de corrigir o posicionamento de sua equipe.
Apesar da superioridade inicial, o Internacional não conseguiu nenhuma oportunidade de gol e, aos poucos, o novo Grêmio de Felipão equilibrou o confronto a partir da solidez de sua defesa. Mesmo estreantes, Wallace e Fellipe Bastos conseguiam neutralizar as principais jogadas coloradas, enquanto os armadores gremistas acompanhavam o avanço dos laterais adversários.
O Grêmio, pouco a pouco, passou a crescer no jogo, apostando principalmente em avanços pelos lados do campo. De uma dessas jogadas saiu a única chance de gol do primeiro tempo: aos 37min, Giuliano acionou Dudu livre pela ponta esquerda, mas o atacante escorregou e acabou chutando para a linha lateral.
O melhor momento vivido pelo Grêmio ao fim da primeira etapa animou Felipão, que decidiu no intervalo sacar Rodriguinho para a entrada de Fernandinho, passando a atuar em um esquema com três atacantes. A resposta de Abel Braga foi imediata: o lateral-direito Wellington Silva saiu para a entrada de Cláudio Winck.
O Grêmio seguia melhor e rondava a área colorada, mas sem objetividade. Aos 16min, porém, a falta de efetividade do ataque gremista foi penalizada: em excelente jogada individual, Alex cruzou para Aránguiz, que, livre de marcação, cabeceou para o gol de Marcelo Grohe. Com o gol colorado, o Grêmio de Felipão ruiu em campo, enquanto o Internacional trocava passes com naturalidade no campo ofensivo, para gritos de “olé” da torcida.
Desorganizado, o time tricolor foi para o ataque em busca do gol de empate, cedendo amplos espaços para contra-ataques do Internacional. Aos 39min, Ramiro, improvisado na lateral-direita, perdeu dividida com D’Alessandro, que acertou um belo passe para Cláudio Winck. O jovem colorado cortou Pará e superou Marcelo Grohe, ampliando o placar.
Confirmada a vitória, a torcida colorada explodiu em euforia e passou a provocar o técnico gremista. “Fica Felipão”, gritavam os torcedores.
