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Vexame expõe crise do futebol carioca

18 fev 2019 - 14h35
(atualizado às 14h50)
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Cenas de pais protegendo seus filhos e de idosos sendo amparados em meio à fumaça das bombas de gás lançadas por PMs contra torcedores fora do Maracanã, na tarde desse domingo (17), são um retrato do atual futebol carioca. Com dirigentes de clubes e de entidades incapazes de chegar a um acordo para definir o local das torcidas A e B no estádio, a final da Taça Guanabara (primeiro turno) do Campeonato Carioca por pouco não se transformou numa nova tragédia.

 Torcedores do Vasco são dispersados com bombas lançadas por policiais militares em acesso do Estádio do Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro, na tarde este domingo (17), depois do Juizado Especial Criminal (Jecrim) determinar portões fechados na partida entre Vasco e Fluminense pela final da Taça Guanabara 2019.
Torcedores do Vasco são dispersados com bombas lançadas por policiais militares em acesso do Estádio do Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro, na tarde este domingo (17), depois do Juizado Especial Criminal (Jecrim) determinar portões fechados na partida entre Vasco e Fluminense pela final da Taça Guanabara 2019.
Foto: Marcelo de Jesus/ RAW IMAGE / Estadão

A cúpula de Vasco e de Fluminense, com suas bravatas em nome de prestígio político junto a grupos de torcedores, deixou a esportividade de lado e optou por caminhos de risco. Tudo isso com a anuência da Federação de Futebol do Rio e do consórcio que administra o Maracanã. A omissão da CBF em intervir no caso quando a situação já era extrema e a inoperância da justiça, com medidas que mudavam a cada instante e que não eram cumpridas, também merecem registro.

Eis o resumo da decisão da Taça Guanabara, que, em campo, teve a vitória do Vasco por 1 a 0. Pela primeira vez na história de uma final de turno no Rio, dois times entraram no gramado sem público no estádio – os portões só foram abertos depois de 30 minutos de bola rolando. Antes disso, outro ineditismo marcaria a decisão. Pela transmissão da TV, ficava nítido o som de explosões de bomba nos arredores do estádio, o que afetava diretamente os próprios jogadores, vários deles aguardando a presença de parentes no Maracanã.

A rusga se deu pela discussão entre os clubes para saber que torcida deveria ocupar o lado sul das arquibancadas. O Flu tinha em mãos seu contrato com o consórcio que lhe dá prerrogativas. O Vasco baseava-se num acordo histórico entre os clubes do Rio que lhe daria esse direito desde 1950. Ou seja, à letra fria dos documentos, os dois até poderiam ter razão. Era exatamente aí que a federação ou mesmo a CBF deveriam agir para haver um consenso. Como ninguém cedeu, o Fluminense recorreu à Justiça e pediu a realização da partida sem público.

Obteve essa ‘vitória’ parcial nos tribunais, revertida duas horas antes do início do clássico. Ainda assim, a ordem de permitir a presença do público só acabou acatada após imagens da TV mostrarem um cenário de batalha no entorno do Maracanã.

O futebol carioca vivenciou ano passado a luta de Vasco, Fluminense e Botafogo na luta contra o rebaixamento até as últimas rodadas do Brasileiro. A expectativa para 2019 talvez não seja diferente.

Contribui para tudo isso um Campeonato Carioca totalmente atípico e único no Brasil, cujo começo se dá em meados de dezembro, com uma fase preliminar que reúne seis clubes.  Dois ascendem e jogam contra os grandes. Os quatro restantes disputam um grupo da morte, que define os dois rebaixados. A questão é que os dois que sobem da Série B para a Série A nem sempre ‘sobem’. Ou seja, podem ficar na fase preliminar e disputar de novo a Série B. Confuso, né?

Mas não para por aí. Ao contrário das edições históricas da competição, quando o time que ganhava os dois turnos já se sagrava campeão automaticamente do Estadual, agora isso não é mais possível. Se o Vasco, que venceu a Taça Guanabara, também conquistar a Taça Rio (segundo turno), terá ainda que disputar o título do Estadual contra algum rival que tiver obtido pontuação alta no campeonato. Confuso? 

Veja também:

Vasco comemora título da Taça Guanabara junto com a torcida no Maracanã:
Fonte: Silvio Alves Barsetti
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