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Tá russo! A Copa dos aplicativos

Não dá para um turista interagir na Rússia sem um celular com chip carregado

28 jun 2018 - 04h03
(atualizado às 04h03)
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O melhor amigo do turista na Rússia é o celular e um chip carregado com dados de internet móvel das principais operadoras do país. Pois é. Sem a tecnologia, qualquer passo, pedido, informação e diversão na sede da Copa vira um desafio tão grande quanto vencer os obstáculos rumo à desejada taça de campeão.

A equipe de enviados especiais do Estado para a cobertura da Copa já sentiu logo na chegada a necessidade de o celular estar pronto para uso, com bastante bateria e, principalmente, acesso à internet. O desafio da conexão é que em aeroportos e alguns hotéis não há Wi-Fi liberado. É necessário fazer um longo cadastro e receber a confirmação do registro por mensagem de SMS. Ou seja, você precisa contar com uma tecnologia antiga para poder ter acesso às novas. Vai entender.

O jeito russo de lidar com informações faz do aplicativo de tradução o melhor amigo do turista. Como boa parte dos locais não fala inglês e muitos sequer se esforçam para se comunicar em outro idioma ou mímica, ter em mãos no celular alguma ferramenta de tradução simultânea ajuda na hora de comprar o chip, conversar na recepção do hotel ou em algum possível aperto com os sempre desconfiados policiais russos.

A tecnologia também pode aprontar. E como! Um dos nossos colegas de cobertura viu de perto o quanto a tradução pode por vezes originar momentos desconfortáveis. Semanas atrás, em um restaurante em Sochi, um diálogo no estabelecimento rendeu risadas envergonhadas. Na conversa mediada pelo celular, cada um falava uma frase e esperava o aplicativo realizar a tradução, ao reproduzir o áudio em outro idioma.

O processo deu errado quando em um bate-papo sobre a vida no Brasil a garçonete falou rápido demais em russo e enganou o tradutor. Em alto e bom português a frase saiu pelo celular: "Eu quero comprar um sutiã". O impacto foi de surpresa. Logo a autora da fala notou o problema, ficou envergonhada e se afastou. As demais colegas de restaurante caíram no riso com o problema idiomático. Tem horas que nem o aplicativo resolve.

A tecnologia, contudo, nos salva na maior parte do tempo e ajuda a quebrar o distanciamento com os russos. Só é preciso os turistas descobrirem que no país da Copa algum dos aplicativos tão comuns para nós não existem pelas bandas daqui. Para se locomover, por exemplo, o Uber não é sucesso garantido. O melhor é a opção local do Yandex. Só é preciso ter atenção.

A nossa equipe também já foi vítima de problemas com aplicativos durante a cobertura. Tão comum nas cidades brasileiras para se fugir do trânsito, o Waze nos pregou peças em variadas ocasiões. As indicações de caminhos e as estimativas de tempos de deslocamento estão longe de estarem acertadas, como acontece no Brasil. Isso já nos levou a entrar na contramão em algumas vias, por exemplo. Perigo.

Os turistas têm conseguido se divertir muito na Copa, apesar de tudo. Nos arredores da Praça Vermelha, no centro de Moscou, uma verdadeira festa das nações é realizada todas as noites. Se o futebol é o elo dessa união, os aplicativos de tradução são o principal componente diplomático para iranianos e mexicanos conseguirem concretizar uma troca de camisas, por exemplo.

A diversão também acaba facilitada por outra ferramenta tecnológica, os aplicativos de paquera. A intensa movimentação de torcedores pelas cidades-sede fez com que a mais famosa plataforma para encontros românticos, o Tinder, registrasse um aumento de 66% nas combinações durante as partidas do torneio.

Portanto, muita gente com está o celular nas mãos a todo momento para fazer a Copa na Rússia não ficar só nos aplicativos.

*REPÓRTER DO 'ESTADÃO'

Estadão
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