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Sucesso do Flamengo faz futebol paulista se cobrar por evolução: 'Subiu a exigência'

Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo miram exemplo de sucesso do time carioca e se esforçam para ter um 2020 mais positivo

29 nov 2019 - 13h11
(atualizado às 17h11)
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O domínio do Flamengo na temporada, o fim de ano melancólico dos times paulistas e a chegada da janela de transferências criaram um sentimento comum nos rivais Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. Todos discutem internamente como planejar a temporada de 2020 de olho no exemplo de sucesso do clube carioca e entedem ser preciso uma reinvenção para dar conta de igualar o poderio rubro-negro.

O Palmeiras é quem mais se mostra admirado com a força da equipe campeã brasileira e da Libertadores. O técnico Mano Menezes admitiu na última quinta-feira que o pesado investimento do Flamengo e alto nível das atuações impactaram o futebol nacional. "A exigência que se tinha no futebol brasileiro era uma. Para essa exigência, o Palmeiras estava muito bem preparado. O parâmetro mudou. O Flamengo subiu a exigência. Temos que fazer a leitura correta e nos preparar para enfrentar esse novo adversário", disse.

Após o clube alviverde passar temporadas com a fama de rico, vitorioso e poderoso, o momento é de autocrítica. A dona da patrocinadora Crefisa, Leila Pereira, comentou sobre o assunto em um vídeo recente publicado nas redes sociais. "Uma coisa muito importante, que eu utilizo na minha vida. Eu sempre aprendo com meus erros e também com o acerto dos outros. Então às vezesé bom a gente ter isso na consciência", disse a empresária, que investe por ano mais de R$ 80 milhões no clube.

A diretoria palmeirense quer mudar o perfil de reforços no próximo ano para diminuir a distância para o Flamengo. A primeira decisão é de apostar mais nas revelações da base. Mas as contratações de sucesso de atletas experientes como Filipe Luís, Rafinha e Diego Alves também indicam outras escolhas a serem imitadas. "As reformulações começam. O clube vai começar a acenar com elas, e a partir desse caminho vamos começar a encontrar a medida para saber fazer", comentou Mano.

O Flamengo gastou mais de R$ 100 milhões em reforços nesta temporada. Ousado, o clube trouxe um técnico estrangeiro (Jorge Jesus) no meio da temporada e montou um elenco cuja folha salarial custa cerca de R$ 20 milhões por mês. A reestruturação financeira iniciada anos atrás ajudou a diretoria a conseguir sonhar alto e executar objetivos ambiciosos.

INCERTEZAS

O outro técnico estrangeiro em atividade no Brasil fez questão de reverenciar o sucesso do colega português Jorge Jesus. O argentino Jorge Sampaoli, do Santos, afirmou nesta quinta-feira que o Flamengo é um modelo para as demais equipes brasileiras. "Não sou ninguém para julgar um trabalho, falo da equipe. Grande projeto esportivo, ganhou duas taças. Fez as coisas bem", avaliou.

Sampaoli ainda não anunciou se fica no cargo para 2020. A sondagem do Racing ameaça a continuidade. Se quiser permanecer, o técnico sabe que não terá muitos recursos para bancar contratações. Para tentar igualar forças ao Flamengo, será necessário trabalhar com o elenco atual e com reforços baratos.

Quem vive incerteza semelhante é o São Paulo. A continuidade do técnico Fernando Diniz não está assegurada. O treinador tem recebido críticas de torcedores e conselheiros. Publicamente, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, afirma que não pensa em uma troca no comando da equipe. Muito do planejamento vai depender da classificação direta ou não para a fase de grupos da próxima Copa Libertadores da América.

Outra mudança que pode acontecer é no comando da diretoria de futebol. Raí tem contrato apenas até o fim desta temporada, e Leco vem sendo pressionado para não renovar o vínculo do dirigente. Conselheiros defendem uma grande troca em diversos departamento do clube: médico, de fisiologia e de fisioterapia, além do futebol.

Em relação a reforços, o São Paulo não deve fazer grandes investimentos na montagem do elenco para 2020. Pelo contrário. O clube registrou déficit de R$ 76,5 milhões entre janeiro e agosto e precisa vender jogadores para equilibrar as contas. No meio desta temporada, a posição da diretoria foi segurar os atletas. Ofertas por Reinaldo e Antony, por exemplo, foram recusadas.

Os investimentos devem acontecer em jogadores que já estão no elenco. O goleiro Tiago Volpi está emprestado pelo Querétaro, do México, apenas até o fim desta temporada. O São Paulo precisa pagar 5 milhões de dólares (mais de R$ 20 milhões) para comprar o goleiro. Outros jogador nesta situação é o lateral-direito Igor Vinícius, que tem um valor bem mais modesto: o clube tricolor precisa pagar R$ 2 milhões para comprá-lo do Ituano.

Cinco motivos para o sucesso do Flamengo

  • equílibrio das contas
  • criação de uma diretoria administrativa
  • contratações de grandes nomes para posições carentes
  • investimento em marketing e aumento dos sócios torcedores
  • aposta em um trabalho de longo prazo

NOVO TREINADOR

Para a próxima temporada o Corinthians também deve encontrar dificuldades financeiras para trazer reforços de peso. Certo até agora está a contratação do técnico Tiago Nunes e os retornos do zagueiro Pedro Henrique e do volante Camacho, que estão emprestados ao Athletico-PR.

O diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, por enquanto tem desmentido boatos, como uma possível vinda de Deyverson ou a troca de Cássio por Luan, do Grêmio. "Isso nunca existiu, acho um absurdo, eu queria falar isso para a torcida ficar tranquila. A gente está trabalhando, mas não vou confirmar nome nenhum nem desmentir. É que tem coisa que passa do limite. Mas a torcida pode ficar tranquila que estamos trabalhando para reforçar", disse.

Outro nome descartado foi o de Thiago Neves, que está no Cruzeiro. "A gente sabe que o Corinthians é um clube gigante, o maior do Brasil, um dos maiores do mundo. Acho difícil um jogador não querer jogar no Corinthians. Thiago é um grande jogador, mas não nos interessa neste momento. Não existe negociação, o Corinthians não vai trazer o Thiago", avisou. Recentemente o clube passou por mudanças na diretoria, como a saída de Emerson Sheik do cargo de coordenador de futebol.

Estadão
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