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Chelsea

Sede da decisão da Liga Europa gera diversos problemas para Uefa

Ingleses Chelsea e Arsenal se enfrentam nesta quarta-feira, em Baku, pela final do torneio continental

28 mai 2019 - 17h40
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Uma cidade com mais de dois milhões de habitantes, escolhida para sediar a final de um grande torneio europeu. Não é Paris ou Roma e sim Baku, capital do Azerbaijão, que foi eleita em setembro de 2017 como casa da final da Liga Europa deste ano. A decisão será disputada entre dois times de Londres, Chelsea e Arsenal e, embora a Uefa não pudesse prever os finalistas, certos problemas surgidos com a escolha já eram possíveis de adiantar.

Por exemplo, dificilmente jogadores armênios poderiam jogar a final. Azerbaijão e Armênia vivem um conflito pela região fronteiriça de Nagorno-Karabakh desde a dissolução da União Soviética - o local tem população de maioria armênia, mas está dentro do território azeri. Nesta situação, a segurança de jogadores do país vizinho poderia estar comprometida, como aconteceu com Mkhitaryan, do Arsenal.

O clube inglês anunciou que, após discutir extensivamente com Mkhitaryan sobre a situação, decidiu não levá-lo até Baku para a final, por considerar que não haveria garantias de segurança para ele. O Arsenal já havia tomado a mesma decisão na fase de grupos, quando enfrentou os azeris do Qarabag.

A Uefa lamentou a decisão e garantiu que havia trabalhado em conjunto com autoridades azeris em um plano de segurança que serviria para todos os atletas, mesmo nos casos especiais como o de Mkhitaryan. A Federação de Futebol do Azerbaijão classificou a decisão do Arsenal como 'injustificável'.

Outro problema que poderia ser adiantado é a pouca presença de torcedores estrangeiros. Devido às pequenas dimensões do aeroporto local, a Uefa destinou apenas seis mil ingressos para cada um dos finalistas, situação que gerou protestos tanto de Arsenal quanto de Chelsea. O Estádio Olímpico de Baku tem com capacidade para 68 mil pessoas.

No entanto, mesmo com a baixa quantidade de ingressos disponíveis para os clubes comercializarem entre suas torcidas, eles não conseguiram vender todos. De acordo com a AFP, o Arsenal vendeu 4.000 dos seus, e o Chelsea, 2.200. A longa distância entre Londres e Baku (4.600 km), que não pode ser feita em um voo direto e tem passagens caras, foi apontada como a principal razão para o baixo interesse. As entradas foram devolvidas para a Uefa, que garantiu que o estádio estará cheio graças à presença de fãs azeris.

Outro problema foi apontado pela ONG Anistia Internacional, que acusou o Azerbaijão de tentar utilizar o futebol com outras intenções. "O Azerbaijão está no caminho de uma repressão aos direitos humanos, com jornalistas, blogueiros e defensores dos direitos humanos sendo impiedosamente atacados. Julgamentos injustos e campanhas de difamação continuam sendo comuns. As pessoas LGBTI foram presas e até mesmo pessoas que fugiram do país foram perseguidas e pressionadas a voltar", acusou Kate Allen, diretora da ONG no Reino Unido.

O Azerbaijão é comandado desde 2003 por Ilham Alyiev, que sucedeu o próprio pai no cargo, em uma ditadura familiar. "Torcedores, jogadores e bastidores podem ajudar a evitar a provável tentativa do Azerbaijão de limpar sua imagem, informando-se sobre a situação dos direitos humanos por trás da fachada chamativa do jogo de quarta-feira", pediu Allen.

Com a justificativa de buscar levar o futebol para áreas em que o esporte é pouco desenvolvido, a Uefa acabou dificultando a viagem dos torcedores dos clubes finalistas e fez um afago para uma das últimas ditaduras que ainda existem no seu continente.

Estadão
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