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'Saí do Corinthians porque uma ameaça me assustou', afirma Carille

De volta ao clube, técnico revela que risco de sequestro da mãe foi um dos motivos para ir ao futebol árabe

26 jan 2019 - 04h40
(atualizado em 28/1/2019 às 13h58)
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O técnico Fábio Carille nunca revelou os detalhes sobre sua saída do Corinthians para o Al Wehda, da Arábia Saudita, em maio do ano passado. Além dos "dois caminhões de dinheiro", ficou no ar uma suposta relação ruim com Andrés Sanchez. Em conversa com o Estado, o treinador negou que tenha qualquer atrito com o atual presidente e disse que "diversos problemas pessoais" tiveram influência na decisão.

O principal, a ameaça de sequestro de sua mãe. "Mexeu muito comigo." Na véspera do primeiro jogo da final do Paulistão contra o Palmeiras, um vídeo vazou na internet com um membro da organizada alviverde fazendo tal ameaça. "Hoje vejo diferente, como um movimento que não ia dar em nada. Mas na época me assustou."

Sete meses depois da saída, voltou como salvador da pátria da Fiel e com a possibilidade de conquistar o tricampeonato paulista consecutivo, algo que o clube não consegue há 80 anos.

O que mudou no Corinthians de quando saiu para agora?

Falando de CT e de clube, tudo igual. De elenco, algumas mudanças que eram necessárias. Vieram alguns jogadores. Agora precisamos ajustar quem está chegando para que entendam o que é Corinthians, a forma de jogar.

Pesa ter o nome gritado mais alto do que qualquer jogador?

Isso é muito legal. Já me senti muito feliz lá na Arábia durante a negociação, por tudo o que aconteceu nas redes sociais. Está sendo um momento mágico. Minha responsabilidade aumenta.

Acha que você voltou com mais voz no clube?

Depois de ser campeão pela primeira vez, em 2017, começaram a olhar diferente não só dentro do clube, mas fora também: os torcedores, os jornalistas, os adversários. De lá para cá é do mesmo jeito e a gente tem de saber administrar.

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O que espera para fechar o elenco para o Paulistão?

Tem a possibilidade da chegada de mais alguns jogadores. Temos até o dia 1º. de março para inscrever no Estadual, temos paciência.

Algumas posições específicas no time?

O clube está de olho em tudo. Está pensando em fazer elenco para vários anos. Não só para seis meses, um ano. Está analisando as possibilidades de mercado e está bem atento.

Quantos jogadores pretende aproveitar da Copinha?

Não dá para saber ainda. Conheço a maioria há anos. Em 2017, tínhamos 14 jogadores da base na nossa lista. Gosto muito de trabalhar com a base.

Você foi auxiliar do Mano Menezes e do Tite. Se tiver de citar um aprendizado com cada técnico, qual seria?

Muito fácil. Sobre o Mano, o quanto ele descobre os problemas e consegue ajustar o time. É muito rápido e em vários jogos me surpreendeu. E o Tite é nessa questão de montar um time e repetir, repetir, repetir.

Com qual você se parece mais?

Sou mais a linha do Tite, mas em 2018 fui Mano. Fui mudando muito a forma de o time jogar. Ou seja, todas as formas são vencedoras. Sou mais a linha do Tite, mas também tenho um pouco do Mano.

Como vê esse elenco em comparação com o dos dois últimos Estaduais?

Vejo mais equilibrado, e que vai ter mais disputa. Em 2017 e 2018 já tínhamos o elenco formado e chegaram três, quatro peças que ajudaram. Eram jogadores mais identificados com o clube. Agora está mais equilibrado, porém sem histórico com o clube.

Quem do atual elenco você aponta com futuro promissor?

O Pedrinho é um talento, o Matheus Vital jogou muito comigo, tem 21 anos, muita técnica, tem força. Esses dois jovens irão crescer muito.

O que já conseguiu acertar e o que falta acertar neste time?

O sistema defensivo teve um entendimento bastante legal. Agora é ajuste de entrosar, de conhecer mais o outro.

Como foi o período na Arábia?

Foi muito legal, fomos muito bem recebidos no país. Vivemos muito bem. Cidade muito boa, no Mar Vermelho. País seguro. São 4,5 milhões de habitantes e há 11 anos aconteceu o último homicídio. A única queixa foi a estrutura. O ministro que nos contratou ficou doente, foi fazer tratamento nos Estados Unidos e tudo mudou.

Tinha planos para treinar a seleção do país?

Lá começaram comentários sobre isso. Foi algo que escutei da imprensa. O trabalho era bom. Saí em quarto lugar, na frente de clubes tradicionais.

Um dos motivos de sua saída do Corinthians seria uma relação ruim com o Andrés Sanchez...

Quando saí, na minha resposta, deixei muita coisa no ar e vai continuar assim porque foi uma decisão pessoal. Disseram que foi por causa do Andrés. Tive problemas pessoais e um deles foi a tentativa de sequestro da minha mãe. Mexeu comigo. Hoje vejo diferente, como um movimento que não ia dar em nada. Mas na época assustou. Foi pessoal, tanto que voltei e minha conversa com o Andrés foi muito boa. Com ele, com meu empresário e com o Ronaldo (Fenômeno), que também me aconselhou a voltar. Foi o Andrés que me trouxe para o Corinthians em 2009.

Como projeta seu futuro?

A gente tem de ter ambições e objetivos na vida. Todos os sonhos te fazem buscar cada vez mais. Existe o sonho, sim, de ir para a Europa, mas sou muito de olhar o amanhã. Meu objetivo agora é dar uma cara para esse time, saber que requer um tempo fazer 30 cabeças pensar do mesmo jeito. Motiva: quero chegar em um grande clube da Europa, em uma seleção. Isso ambiciona e faz você ser melhor.

Estadão
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