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Rachado, Santos vota impeachment do presidente Peres neste sábado

Cerca de 17 mil sócios do clube estão aptos para decidir o futuro do cartola, que enfrenta forte oposição

29 set 2018 - 05h11
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Em clima de crise política praticamente desde o começo da gestão de José Carlos Peres, o Santos vota hoje o impeachment do presidente. O início da sessão está marcado para as 10h, na Vila Belmiro, com previsão de encerramento às 18h e apuração em seguida. Podem votar todos os sócios filiados há pelo menos um ano e em dia com o pagamento de mensalidade. São aproximadamente 17 mil.

A Assembleia Geral Extraordinária do Santos foi convocada após dois pareceres da Comissão de Inquérito e Sindicância do clube que defendiam o impeachment do cartola. Eles foram aprovados em reunião do Conselho Deliberativo no início de setembro. Hoje, se a maioria simples dos sócios votar favoravelmente ao pedido, a passagem de Peres pela presidência estará encerrada.

Em dezembro, Peres foi eleito para um mandato de três anos. Porém, poderá ter encerrada precocemente uma gestão marcada pela constante crise, o que incluiu o rompimento com Orlando Rollo, seu vice-presidente e que assumirá o comando do clube caso o impeachment seja aprovado. "Não esperava ter um fogo amigo que me espetou desde o primeiro dia", diz Peres. "É boicote diário."

Duas denúncias foram apresentadas pedindo o impeachment do presidente. A primeira, do conselheiro Alexandre Santos e Silva, apontava como irregular portaria publicada por ele, que define que todas as contratações devem ser decididas pelo presidente, ignorando o Comitê de Gestão, principal órgão administrativo do Santos.

O outro processo foi apresentado pelo conselheiro Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Neto e acusava José Peres de ser sócio em uma empresa de agenciamento de atletas, a Saga Talent Sports & Marketing - o presidente diz que não violou o estatuto do Santos porque a empresa estava inativa.

Em 10 de setembro, os dois pareceres solicitando o impeachment de Peres foram aprovados por membros do Conselho Deliberativo do Santos com 165 de 242 votos em uma votação e 164 de 239 na outra, sendo que o processo precisava do apoio de 2/3 dos presentes àquela reunião para ter o encaminhamento. Porém, Peres alega que a presença dos membros do Comissão de Inquérito e Sindicância na reunião do Conselho Deliberativo deveria ter sido contabilizada, ainda que eles não tivessem direito a voto. Isso impediria que a proporção de 2/3 dos votos tivesse sido alcançada, enterrando o processo. Mas suas tentativas de anular a votação na Justiça não tiveram êxito.

"Eles tiraram seis conselheiros, pegaram a varinha mágica e disseram "vocês não estão aqui hoje" e fizeram a conta com 242", reclamou o presidente.

Ainda há outras polêmicas envolvendo o processo, incluindo denúncias de compras de voto. O empresário de jogadores Henrique Oliveira foi flagrado em vídeo oferecendo dinheiro a um sócio do Santos para que votasse a favor do impeachment.

O valor em seguida foi usado pelo sócio para pagar R$ 243 que ele estava devendo ao clube e, assim, ficar apto a participar da votação. Na gravação, o empresário pede que o sócio lhe entregue a nota fiscal, com a comprovação do pagamento, e promete camisas do Santos e ingressos de camarote supostamente em troca do voto.

A revelação deste vídeo ocorreu depois de a diretoria do Santos ter anunciado, na última sexta-feira, que realizou denúncia à Polícia Civil apontando supostas fraudes envolvendo sócios do clube. De acordo com nota oficial, "mais de 500 nomes" que têm direito a voto hoje estão em condição suspeita.

O local de realização da votação também foi alvo de polêmica. A assembleia foi marcada apenas para a Vila Belmiro, embora Peres desejasse que também ocorresse na sede em São Paulo. Havia uma boa razão para isso: na eleição presidencial, ele dominou a disputa na capital, recebendo cerca de 50% dos votos. Preocupado em atrair esse apoio, colocou à disposição ônibus para associados de São Paulo participarem da votação

Estadão
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