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Protestos violentos de torcidas viram rotina no Brasil

Invasões, agressões, ofensas – atos de vandalismo apavoram jogadores e demais profissionais do futebol

16 set 2020 - 13h18
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Engana-se quem pensa que as agressões de “torcedores” a atletas e staff técnico do Figueirense duas semanas atrás, durante treino da equipe em Florianópolis, representam um fato isolado no futebol brasileiro. Somente nos últimos três meses, nove grandes clubes já foram alvo de manifestações do gênero: algumas mais hostis, outras com menor intensidade.

No domingo (13), o Corinthians viveu esse drama, com seus jogadores tendo de correr, em pânico, de um grupo de “torcedores” que os esperavam no Aeroporto de Guarulhos, após a derrota para o Fluminense, por 2 a 1, no Rio.

Jogadores do Corinthians recebem ameaças no Aeroporto de Guarulhos, após derrota para o Fluminense por 2 a 1
Jogadores do Corinthians recebem ameaças no Aeroporto de Guarulhos, após derrota para o Fluminense por 2 a 1
Foto: Reprodução/TV Gazeta / Estadão Conteúdo

Além de ouvir xingamentos, alguns deles levaram empurrões e se abrigaram no ônibus da delegação. A quantidade de seguranças não deu conta do tumulto.

No mês passado, mesmo após vencer o Athletico-PR por 1 a 0, em Curitiba, o Palmeiras também se viu em situação parecida. No embarque do time ainda no aeroporto da capital paranaense, “torcedores” cobraram com rispidez um melhor desempenho do time. Houve discussões e por pouco o lateral-esquerdo Diogo Barbosa não saiu no tapa com um deles.

Mais comedidos, “torcedores” do São Paulo já protagonizaram mais de uma rodada de protestos contra a atual diretoria do clube e o técnico Fernando Diniz nas últimas semanas. Eles têm estendido faixas no portão principal do Morumbi para dar visibilidade aos atos.

Em julho, o clima também ficou quente na Vila Belmiro, com vários “torcedores” exigindo a renúncia do presidente do Santos, José Carlos Peres. O coro mais cantado por eles fazia apologia à violência. “Se não renunciar, o pau vai quebrar.”

Naquele mesmo mês, até o Flamengo presenciou incidentes similares. Foi quando sua diretoria anunciou que cobraria ingresso de R$ 10 para quem quisesse assistir pela Internet à semifinal da Taça Rio, em jogo com o Volta Redonda. Por causa disso, os muros da sede da Gávea foram pichados com críticas pesadas aos dirigentes, chamados de “fascistas e gananciosos”.

Depois disso, o Internacional, hoje líder do Brasileiro, teve de lidar com a reação intempestiva de um grupo de 40 “torcedores”, que ameaçaram invadir o centro de treinamento do clube, inconformados com a derrota do time no GreNal que decidiu o segundo turno do Estadual. Eles dispararam foguetes em direção ao gramado, no momento em que o técnico Eduardo Coudet comandava um treino.

Mais recentemente, “torcedores” do Fluminense exibiram faixas em frente a sede do clube, acusando o presidente Mario Bittencourt de “estelionatário”. Estavam revoltados com a saída do atacante Evanilson (foi para o Porto) e aproveitaram o embalo para criticar o trabalho do técnico Odair Hellmann.

Já nesta semana, o Engenhão, estádio sob concessão da prefeitura do Rio ao Botafogo, também registrou protestos de “torcedores”, com faixas em que chamavam os jogadores do time de “frouxos”. O Alvinegro ocupa a zona de rebaixamento do Brasileiro.

Reações despropositais atingiram outro clube de expressão nas últimas horas. Centenas de “torcedores” se aglomeraram em frente à sede do Atlético-MG nessa terça-feira (15) para soltar rojões e entoar gritos de guerra contra a diretoria do “Galo”. Mesmo com a pandemia de covid-19 ainda presente com força em Minas, muitos deles estavam sem máscara, preocupados apenas em manifestar sua “indignação” com a anunciada contratação do meia Thiago Neves, ex-Cruzeiro – a transação acabaria desfeita.

Fonte: Silvio Alves Barsetti
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