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Procuradoria da França pede 10 meses de prisão a Benzema em caso de chantagem com vídeo de sexo

Ministério Público também aplicou uma multa de 75 mil euros ao atacante do Real Madrid. Pena do jogador ainda pode ser suspensa

21 out 2021 - 15h06
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A Procuradoria francesa pediu nesta quinta-feira dez meses de prisão, com possibilidade de suspensão da pena, e uma multa de 75 mil euros (R$ 495 mil) contra Karim Benzema, astro do Real Madrid, por cumplicidade na tentativa de chantagear e o ex-meia da seleção francesa Mathieu Valbuena. O atacante de 33 anos será julgado durante três dias. Contra os outros quatro acusados, processados por tentativa de chantagem com vídeo sexual, o Ministério Público francês pediu de 18 meses de prisão com suspensão da pena até quatro anos de prisão.

"Benzema não é um bom samaritano que busca ajudar. Ele agiu para permitir que os negociadores alcançassem seu objetivo, e os chantagistas conseguissem o dinheiro", defendeu a procuradora Ségolène Marés, que destacou sua "autoridade e notoriedade".

Em suas alegações, o advogado de Valbuena, Paul-Albert Iweins, denunciou, por sua vez, o "discurso mafioso" do atacante do Real durante sua intervenção neste caso, chegando a compará-lo a um "chefão da máfia". Segundo ele, seu cliente foi "excluído" da seleção francesa, apesar de ser a vítima. "Ele foi privado deste troféu por manobras sórdidas e pela traição de um companheiro de equipe", acrescentou Iweins, referindo-se a Benzema.

O jogador do Real Madrid, candidato à Bola de Ouro por sua atuação nos 'Bleus', não compareceu ao julgamento por motivos "profissionais", justificaram seus advogados, que devem agora apresentar seus argumentos.

Em declarações à imprensa na noite de ontem, seu advogado, Sylvain Cormier, evocou o "ressentimento" e o "ciúme" de Valbuena em relação a Benzema. Este último conseguiu, por sua vez, retornar para a seleção francesa às vésperas da Eurocopa disputada em 2021.

Fogo amigo

Durante a instrução do processo, a defesa pediu, em vão, uma acareação entre os jogadores, por considerar que a interpretação do que aconteceu é divergente. Benzema afirma que deu um "conselho de amigo" a Valbuena, que se considerou pressionado. No dia 6 de outubro de 2015, o jogador do Real Madrid foi ao quarto do ex-colega na concentração da seleção francesa, no centro de treinamento de Clairefontaine, a 40 quilômetros de Paris.

Benzema disse ao colega de time que poderia apresentar "alguém de confiança" para ajudar a "administrar" a possível divulgação de um vídeo comprometedor, segundo documentos do caso consultados pela agência de notícias AFP. "Cuidado, Math. São grandes, grandes bandidos", afirmou o atacante, no que mais tarde declarou ser uma maneira de ajudar o colega. Valbuena disse que teve a impressão de ser chantageado.

Benzema não falou em nenhum momento sobre dinheiro, mas a pessoa que recomendou é seu amigo de infância Karim Zenati, com o qual os supostos chantagistas haviam entrado em contato para pressionar o meia. Os dois homens no início da trama são Axel Angot e Mustapha Zouaoui, que tiveram acesso ao vídeo íntimo e tentavam tirar proveito. Para pressionar Valbuena, eles procuraram primeiro o ex-jogador francês Djibril Cissé, que se recusou a colocar os dois em contato com o meia e alertou o colega sobre a existência do vídeo.

"A princípio, não acreditei, pensei que era um engano", declarou nesta quarta-feira Valbuena, que se considerou em "perigo" e disse "temer pela carreira esportiva caso o vídeo fosse divulgado". Com a recusa de Cissé, os chantagistas procuraram Younes Houass, que entrou em contato com o denunciante, antes de conversar com "Luka", um policial incógnito.

As conversas não deram em nada e, para a defesa, o fato de "Luka" ter procurado Houass em várias ocasiões representa uma incitação de delito, argumento rejeitado pela Corte de Cassação francesa.

No tribunal, Houass garantiu que não pediu dinheiro a Valbuena, que, para ele, "não parecia compreender" a gravidade da situação e a quem aconselhou a procurar "um homem de confiança" para administrar o caso.

As consequências do escândalo foram além da justiça. Os dois protagonistas principais deixaram de ser convocados para a seleção francesa, até ao inesperado retorno de Benzema às vésperas da Eurocopa disputada em 2021.

Estadão
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