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Peres desabafa e pede união no Santos; vice ataca o presidente

21 jun 2018 - 15h34
(atualizado às 20h47)
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O presidente do Santos, José Carlos Peres, desabafou em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, no Business Center, em São Paulo. O mandatário pediu união diante da tentativa de um novo organograma, com mais de 20 demissões. 

Em entrevista ao "Lance", o vice-presidente Orlando Rollo contra-atacou. Ele admitiu o racha político, negou resistir às demissões por questões políticas e deu nota 2 para a gestão do Peixe.

"Quando sai de assumir o clube e atender questão política, é difícil. Queremos do Santos agora a profissionalização. Ter gestor. Profissionalizamos o marketing e o jurídico. Ricardo Gomes também. Cuidando apenas do futebol, sem política. E temos o Ricardo Feijoo, profissional de mercado. Santista, mas de mercado. Estamos ancorado na profissionalização. Admissões e demissões não devem ser tomadas por nós, mas de forma técnica, com meritocracia, sempre por meio do RH. Queremos trazer profissionais de mercado que não se envolvam em política. Santos já é forte, imaginam se formos profissionais? Santos em uma das maiores marcas do mundo. Essa profissionalização tem que cortar na carne. Eu cortei tudo. Santos em primeiro lugar. É uma situação difícil, tem que equalizar de certa forma, sem ser abrupta. Mas tem que acontecer. Se pensamos em ser organizados, com modernidade, e o Brasil tem que estar preparado. Logo logo tem lei sendo aprovada no Senado de clube ter dono", disse o presidente.

"Aqui não tem saída. Europa inteirinha, Inglaterra, todos têm empresas com donos. O dono tem poder da decisão, sem consultar ninguém. Hoje, no sistema de associação, tem que negociar muito para profissionalizar. Porque pode-se entrar em seara política. A profissionalização tem que acontecer, d forma tranquila, serena, negociada, e pelo bem do Santos. Santos em primeiro lugar. Não adianta 10 remar para frente e 20 para trás. Amor ao clube, amor ao clube que é uma lenda. É um legado que existe para o mundo. Viajei com a seleção e é de emocionar. Não só comissão técnica, mas jogadores que estão lá e o respeito. Eles perguntam do Santos. Os dirigentes do Tottenham falando do Santos. É emocionante e prazeroso, saber que a marca é forte. E é isso que a gente tem que ter. Temos que encher estádio, Pacaembu, Vila Belmiro, a nossa meca. Lá nasceram os grandes jogadores. Pelé e companhia. Precisamos de união e agenda positiva. Essa marca merece", completou.

O vice-presidente afirma que Peres centraliza o poder e alega desligamento de bons funcionários para resistir ao organograma proposto pelo mandatário.

"Administrativamente, sim, estamos rachados. E uma mudança nesse cenário não depende de mim, depende do presidente. Desde janeiro, ele se cercou de duas pessoas. Uma delas o (Daniel) Bykoff, seu assessor jurídico, a quem deu super-poderes. E um outro assessor, que trata de isolar o Peres de todo mundo. Peres só ouve o que interessa a ele. Só ouve quem elogia a gestão. Eu estou insatisfeito com a gestão de um modo geral. Dou nota dois para a gestão desde que assumimos. Eu só lamento por ter tão pouco espaço para poder ajudar. Eu quero ajudar. Não quero mais do que isso. Nós divergimos. Acho a gestão pífia. E não sou só eu. O próprio relatório do Conselho Fiscal diz isso. Peres toma atitudes da cabeça dele, sem nos consultar", disparou.

"Dizem que quero manter certas pessoas trabalhando no clube, enquanto Peres cria uma gestão profissional com austeridade. Isso não procede. Sou a favor de demissões de apadrinhados políticos, com salários absurdamente altos, que não exercem suas funções. Cabides de emprego. Tem gente com direito a carro e hospedagem. Quando tem trânsito na Imigrantes, não vem trabalhar. Sou favorável a demitir esses. O que não posso é compactuar com demissão de pessoas que trabalham no clube e que fazem bem seu trabalho bem. Não concordei com a demissão de Clodoaldo e Elano, nem com a de André, filho do Manuel Maria, do sub-20, e também da psicóloga, Juliana Fecchio, profissional do mais alto nível, que tinha ótimo relacionamento com os jogadores. Em respeito a eles, os chamei em minha sala para que pudesse demitir de uma maneira humana", concluiu.

O Comitê de Gestão é composto por José Carlos Peres, Orlando Rollo e outros sete membros. As grandes decisões do Santos precisam da aprovação de pelo menos a metade dos integrantes.

Após a publicação desta matéria, o presidente José Carlos Peres entrou em contato com a reportagem para desmentir algumas declarações do vice-presidente Orlando Rollo ao "Lance". Confira abaixo, na íntegra.

"Em relação à entrevista do Vice-Presidente Orlando Rollo, gostaria de pontuar algumas considerações:

Todos nós membros do Comitê Gestor do Santos F.C. temos direito de avaliações particulares e individuais sobre a qualidade da gestão nestes primeiros 6 meses.

Discordo da avaliação feita publicamente, avalio que esses 6 meses foram longe do ideal e do que projeto para o Clube, mas o saldo foi positivo: neste período tivemos grandes avanços em pagamento de dívidas e impostos, salários e premiações em dia, instalação de auditoria forense, abertura do Business Center em SP, profissionalização do marketing com resultados rápidos de novos patrocínios e mudancas na precificacao para o Sócio Rei, venda futura recorde no Brasil de um atleta, profissionalização da área jurídica, lançamento do portal da transparência, contratação de um dos profissionais mais respeitados do mercado como executivo de futebol e entraremos no 2o semestre, apesar das dificuldades financeiras para contratações, com o clube classificado para as 4as de finais da Copa do Brasil, 8as de finais da Taça Libertadores e com um aproveitamento no Brasileiro ruim mas suficiente para estarmos próximos do meio da tabela.

O embate em questão que deveria ser mantido de forma interna, civilizada e em prol do clube é o passo no aprofundamento da profissionalização do Clube. Refleti e assumo erros de avaliação em algumas contratações de recursos humanos tanto que estou sugerindo ao Comitê Gestor dar autonomia aos executivos para que façam as mudanças necessárias independentemente de laços politicos ou de amizade com as pessoas que serão dispensadas. Infelizmente esta sugestão ainda não é consenso no Comitê mas seguiremos aperfeiçoando a proposta e buscando o convencimento na próxima reunião segunda-feira.

Sobre as demissões, temos uma lista sugestiva de mais de 20 nomes que por respeito aos profissionais envolvidos deveria ser mantida em segredo. Mais grave do que seria revelar nomes da lista foi o que de maneira triste encontrei na entrevista: jogar para torcida nomes que nunca estiveram na lista de dispensa como Arzul, Senhor Maneco e Rosan. Repito: nunca estiveram em nenhuma lista. Todos os membros do Comitê Gestor e profissionais que tiveram acesso ao material podem certificar esse fato.

Em relação ao desejo do Vice-Presidente Orlando Rollo se licenciar para poder trabalhar politicamente no Conselho Deliberativo: lamento, mas prefiro que seja este um movimento claro, transparente.

Estou preocupado hoje em corrigir rumos, profissionalizar o clube e fazer o melhor para a instituição".

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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