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Pedrinho passa do entusiasmo à desconfiança no Corinthians

Atacante não 'decolou' como se esperava, nem por isso deixou de ser um dos principais jogadores do time; 2019 deve ser o ano de sua afirmação

16 dez 2018 - 04h41
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Em 2017, Pedrinho era o nome mais cantado pela torcida do Corinthians nas arquibancadas. E todas as notícias ligadas ao menino do Parque São Jorge era consumida com entusiasmo. O tempo foi passando e levou a euforia com aquele garoto de pernas arqueadas e olhos assustados. O entusiasmo deu lugar à desconfiança. Dois anos depois, o torcedor reconhece o potencial do jogador, agora com 20 anos, mas sabe que a promessa não vingou como se esperava. Pedrinho ainda está distante daquilo que muita gente apostava.

A dúvida sobre o atacante corintiano diz respeito à sua condição física. Pedrinho mostrou-se ser um jogador habilidoso, mas que cansa facilmente e nunca termina os 90 minutos sobrando em campo. Dessa forma, ele invade 2019 sob a desconfiança de muitos, mas também a expectativa de se firmar.

O Estado ouviu pessoas ligadas ao atleta e membros da comissão técnica do Corinthians, que era comandado por Jair Ventura antes de sua demissão.

A concepção é que Pedrinho ainda não encontrou seu lugar no campo, atuou fora de posição em muitas partidas para ajudar o time e também não teve uma boa sequência de jogos. A junção desses fatores teria atrapalhado sua "decolagem".

Ainda assim, Pedrinho é o atleta mais cobiçado da equipe por alguns clubes europeus e ninguém nos bastidores do Corinthians garante sua permanência até o fim da próxima temporada. O jogador disse diversas vezes que gostaria de atuar como meia, posição em que brilhou nas categorias de base e fez com que chegasse ao time principal cheio de moral. Entretanto, Fábio Carille, Osmar Loss e Jair Ventura escalavam o jogador aberto pelas pontas para usar a velocidade e deixar os rivais para trás. Ele nunca reclamou de atuar pelas beiradas.

Em entrevista ao Estado em novembro, o técnico Márcio Zanardi, que aprovou Pedrinho na base, explicou onde ele poderia render mais. "Pedrinho é um camisa 10 nato. É desses meias clássicos, habilidosos e que sabem jogar. Guardadas às devidas proporções, tem as características do Zico, ex-Flamengo. Tem o estilo de um Maradona que faz o jogo andar mais rapidamente. O Pedrinho tem essa qualidade, ele antevê o jogo, ele é muito acima da média dos outros meninos", disse seu antigo comandante. Parte da torcida sabe disso também e por isso cobra o garoto.

Os técnicos de cima discordam do técnico da base. A visão dos treinadores do time principal que passaram pelo clube recentemente é que Pedrinho é um jogador de velocidade e habilidade, mas que não tem características daquele meia clássico que para a bola, lança e organiza os passos ofensivos da equipe, como disse Zanardi. Jadson é esse cara no time atualmente e dono absoluto da função - a presença do meia acaba atrapalhando Pedrinho, já que os técnicos preferem apostar no jogador mais experiente.

Outro ponto destacado é a falta de sequência de jogos. Antes, Pedrinho tinha contra si o fato de não possuir condições físicas para os 90 minutos. Melhor fisicamente, ele ainda não conseguiu convencer o treinador a ser titular absoluto. "Ele rende melhor como meia centralizado, mas atua como ponta. Aí, ele não vai tão bem e acaba perdendo espaço. Vira uma bola de neve, em que uma coisa causa outra", lamenta um ex-membro da comissão técnica de Jair que pediu para não ser identificado.

Nos últimos meses deste ano, Pedrinho passou a ser mais visado pelos clubes do exterior. Ele teve proposta da China, ainda no primeiro semestre e, embora financeiramente fosse algo tentador, descartou de imediato. Ele entendeu que não era o momento de partir. O Ajax, da Holanda, também se interessou, mas sem sucesso. Sondagens do Barcelona e Real Madrid não se tornaram ofertas. O novo interessado é o Borussia Dortmund, que promete levá-lo. Em novembro, representantes do clube alemão se reuniram com o empresário do atleta, Will Dantas, e com o pai do jogador para apresentar um projeto de carreira. Eles deixaram a reunião empolgados. Aguardam pela janela de vendas - o atacante também tem sido representado no exterior por Giuliano Bertolucci, empresário conhecido na Europa.

Pedrinho tem contrato até 31 de dezembro de 2020. O Corinthians se precaveu contra o assédio e estipulou multa de ¤ 50 milhões (R$ 218 milhões). O clube é dono de 70% dos direitos econômicos do jogador e o presidente Andrés Sanchez garante que não vai vendê-lo por "preço nenhum". "Se aparecer algo que seja bom para o clube e para o jogador, ele vai. O problema é que alguns clubes vão falar direto com os atletas e chegam com valores baixos. Isso não nos interessa", resumiu o cartola.

Estadão
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