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Pandemia faz valor de mercado dos jogadores na Europa despencar pelo menos R$ 40 bilhões

Atletas consagrados que atuam na França, como Neymar e Mbappé, estão entre os mais afetados, principalmente pela liga local ter sido encerrada antecipadamente

1 jul 2020 - 07h26
(atualizado às 10h35)
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A crise econômica causada pelo novo coronavírus fez os jogadores das cinco principais ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) perderem pelo menos R$ 40 bilhões em valor de mercado desde fevereiro. O dado é a conclusão de um estudo da consultoria europeia KPMG obtido pelo Estadão. O levantamento aponta ainda a possibilidade da perda ser maior principalmente com jogadores que atuam no futebol francês, como Neymar e Mbappé. O país encerrou a temporada antes do previsto, e tirou todo mundo de cena.

O trabalho realizado pela consultoria com sede na Holanda tenta fazer uma estimativa da desvalorização do valor de mercado dos atletas em cima de dois cenários distintos. O primeiro deles avalia o impacto em um panorama de encerramento antecipado da liga por causa da pandemia, como foi o caso da França. A queda seria de R$ 60 bilhões. Já o segundo critério procura interpretar de uma perspectiva mais otimista a situação para o caso de retorno com os portões fechados, a exemplo do realizado na Espanha e Alemanha. Neste caso, a estimativa de queda é de R$ 40 bilhões.

A tamanha diferença entre o cenário prévio e posterior à pandemia se explica principalmente pela queda de receita dos clubes da Europa. Em outro estudo recente, a KPMG previu um prejuízo de R$ 20 bilhões para os times europeus com a pandemia. Entre outros fatores, a paralisação causada pela doença levou os atletas a se desvalorizarem por ficarem meses sem atuar. Eles perderam o nível técnico na retomada, seja pela inatividade recente ou pela sequência de jogos com intervalos curtos e sem descanso.

Em uma média, quem atua nas principais ligas nacionais europeias perdeu cerca de 20% do valor de mercado com a paralisação. "A tendência é que sem dinheiro no mercado, a base das próximas transferências será empréstimos ou trocas. Cada um está se reinventando para fazer o negócio acontecer. Com menos dinheiro em caixa, teremos um mercado diferente do que era até então", afirmou ao Estadão o Líder de Mídia e Esportes da KPMG no Brasil, Francisco Clemente.

O estudo também procurou detalhar quais jogadores saem mais desvalorizados pela crise. E o brasileiro Neymar, do Paris Saint-Germain, é um deles. Como o futebol local encerrou o campeonato antecipadamente, os atletas deixaram de estar em exposição e saíram perdendo com isso. A estimativa da KPMG é que o valor do elenco do atual campeão francês despencou 25%. O camisa 10 brasileiro viu o valor do seu contrato recuar cerca de R$ 248 milhões, enquanto outra estrela do time, Kylian Mbappé, se desvalorizou R$ 291 milhões. Vale lembrar que o PSG pagou quase R$ 900 milhões para tirar o atacante do Barcelona.

Para chegar aos números de quanto cada jogador se desvalorizou, os analistas avaliam diversos critérios. Contratos mais distantes do fim, idade menor e fama de clube de "bom vendedor" são aspectos de peso. Inclusive, por ter um vínculo com o Barcelona até 2021 e já estar com 33 anos, o argentino Lionel Messi aparece como um dos mais cotados na desvalorização. A queda é de 23%, apesar da marca de 700 gols que o argentino alcançou nesta terça na Espanha.

O campeonato mais impactado pela desvalorização é a Inglaterra. Por ser a liga mais cara do mundo, foi a mais afetada também pela paralisação de três meses. De um valor no mercado de R$ 63,7 bilhões, o campeonato recuou para R$ 52 bilhões. "O futebol e os agentes vão precisar se reinventar, mudar planejamentos estratégicos e fazer uma nova leitura do mundo, que passou a ter nova realidade em comparação ao que era meses atrás. Tem de se aceitar que se venderá menos, mas se poderá trocar e melhorar a capacidade das receitas comerciais", avaliou Clemente. A temporada se prova atípica em todos os sentidos e não há caminhos que apontem que ela será retomada de onde parou.

Estadão
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