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Os bastidores da demissão de Gustavo Vieira e o que vem por aí no Santos

21 fev 2018 - 08h08
(atualizado às 09h05)
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A principal notícia do Santos na última terça-feira foi a demissão do executivo de futebol Gustavo Vieira. O Peixe negociou com o profissional por vários dias, o trouxe como homem de confiança para gerir o departamento de futebol em 2018 e optou por sua saída após dois meses de trabalho.

Os bastidores da demissão incluem diversas versões de pessoas próximas ao profissional e dirigentes do clube. A Gazeta Esportiva traz abaixo várias informações que explicam as desavenças entre Gustavo Vieira e a diretoria presidida por José Carlos Peres.

Dia da demissão

O Santos já cogitava a saída de Gustavo Vieira há alguns dias. O presidente José Carlos Peres era a favor do desligamento, enquanto o vice-presidente Orlando Rollo gostaria de sua permanência, e o Comitê de Gestão estava dividido. A gota d'água, de acordo com dirigentes, foi uma matéria publicada pelo Globoesporte.com.

O texto incluiu detalhes de negociações e mostrou que Gustavo poderia sair. Para o Peixe, foi o próprio funcionário quem vazou as informações, sabendo do risco de ser demitido, em uma espécie de defesa antecipada. Diante disso, a decisão foi de quebra de vínculo imediata. O clube ainda divulgou uma nota oficial algumas horas depois:

"O Santos FC comunica que Gustavo Vieira não é mais seu Executivo de Futebol. O clube e o profissional encontraram incompatibilidades de gestão que, neste momento, inviabilizam sua continuidade. O Santos esclarece que não há outras alterações previstas no Departamento de Futebol e deseja sorte ao profissional na continuidade de sua carreira". 

Insatisfação mútua

O Santos não estava satisfeito com diversos quesitos do trabalho de Gustavo Vieira. O principal deles era a demora nas negociações. O profissional era minucioso e não tinha pressa em apresentar reforços. A não vinda de Lucas Zelarayán, do Tigres-MEX, não pegou bem internamente. Para piorar, há a informação de que o executivo demorava para atender telefonemas e dar satisfações sobre as tratativas.

O Peixe também estava preocupado com o relacionamento de Gustavo com comissão técnica, elenco e funcionários. O profissional, na visão dos diretores, não falava a mesma língua dos jogadores e havia um distanciamento grande - e indesejado -, entre eles no CT Rei Pelé.

Outro motivo é a suspeita de má relação de Gustavo Vieira com outros clubes brasileiros no mercado. O alvinegro pretendia realocar alguns atletas no mercado, como Leandro Donizete e Rafael Longuine, mas não conseguiu empréstimos. Eles seguem treinando e recebendo salário.

Em compensação, Gustavo Vieira esperava mais profissionalismo do Santos. O executivo não gostava das visões antagônicas do presidente José Carlos Peres e do vice-presidente Orlando Rollo. Os mandatários por muitas vezes, segundo o ex-homem forte do futebol, tinham desejos diferentes. Há quem diga que Peres e Rollo têm se falado muito pouco nos últimos dias.

A insatisfação também vinha da ingerência sobre o futebol santista. Gustavo Vieira, teoricamente, centralizava as decisões, mas, na prática, muita gente "dava pitaco". Além de Peres, Rollo e os membros do Comitê de Gestão, outras pessoas apresentavam poder de decisão na rotina do emprego: Daniel Bykoff e Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.

Daniel Bykoff é um dos membros do departamento jurídico do Santos. Por mais de uma vez, o advogado recebeu contratos a serem formalizados e deu sua opinião para a presidência. Na visão de Gustavo, o funcionário opinava tecnicamente por causa de sua amizade com José Carlos Peres. Na visão do clube, juridicamente, algumas minutas precisavam ser trocadas por questões financeiras. O alvinegro desconfiava de alguns negócios por causa de cláusulas e comissões.

Já Cidão é um empresário e apoiador da campanha de José Carlos Peres e Orlando Rollo. O agente, inclusive, foi fiscal da apuração dos votos na eleição do dia 9 de dezembro. Gustavo Vieira não gostava da presença do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul no dia-a-dia. O Santos nega qualquer regalia ao profissional do mercado do futebol.

Descentralização do futebol

Gustavo Vieira era o centro de todas as negociações no Santos. E a diretoria entendeu que esse não é o melhor caminho. A princípio, Gustavo não será substituído e as tratativas serão comandadas pelo Comitê de Gestão, com José Carlos Peres e Orlando Rollo à frente, e aprovação dos outros sete membros do colegiado: Andres Rueda, Estevam Juhas, Fabio Gaia, Hanie Issa, José Carlos de Oliveira, Pedro Henrique Dória Mesquita e Urubatan Helou.

O gerente de futebol William Machado será o cabeça do departamento, mas com a responsabilidade sobre a rotina com elenco e comissão técnica, preocupado com as carências do plantel, porém, sem negociar pelo clube.

Novo funcionário

O Santos não contratará um novo executivo de futebol, mas estuda a chegada de mais um profissional para o departamento. Alguém com experiência no ramo e que possa cuidar também de questões contratuais e de logística. Sergio Dimas, do RB Brasil, é o principal nome. 

Outras opções são Fernando Silva, que já foi diretor no Santos, e Toninho Silva, empresário e ex-jogador do clube. O vice-presidente Orlando Rollo possui dívida de gratidão com a dupla que tem trajetória no Peixe e o ajudou na época de campanha eleitoral. Uma alternativa mais distante, mas não descartada é José Carlos Brunoro, hoje presidente do Desportivo Brasil e famoso pelo trabalho desenvolvido no Palmeiras junto a Parmalat.

Braço direito para Peres

Com as dificuldades no começo de gestão e as críticas recebidas não só internamente, como também entre torcedores e imprensa, José Carlos Peres procura por um profissional para auxiliá-lo à frente do clube. Uma espécie de assessor especial da presidência. Alguém de confiança.

Peres tem dormido cerca de quatro horas por noite e passado a maior parte do dia na Vila Belmiro. A chegada desse funcionário poderia auxiliá-lo em reuniões e relacionamento com funcionários, torcida e veículos de mídia. O mandatário ainda reside em São Paulo.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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