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No Morumbi, onde foi mito, Rogério Ceni pode se consolidar como técnico com título pelo Flamengo

Ex-goleiro pode ser campeão brasileiro contra o São Paulo, nesta quinta-feira, no palco em que foi idolatrado por uma torcida

25 fev 2021 - 05h12
(atualizado às 08h02)
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Quando perdeu para o Athletico-PR por 2 a 0, no Castelão, dia 8 de agosto do ano passado, no jogo de abertura do Campeonato Brasileiro, Rogério Ceni não imaginava que poderia terminar como campeão. O modesto objetivo de livrar o Fortaleza do rebaixamento se transformou na possibilidade de conquistar o mais importante título de sua curta carreira na beira do gramado ao assumir o Flamengo. Nesta quinta-feira, às 21h30, no Morumbi, palco em que se tornou mito de uma torcida, o ex-goleiro pode faturar o Brasileirão contra o São Paulo e se firmar como um técnico de ponta.

Com dois pontos de dianteira em relação ao Internacional (71 a 69) após derrotar o concorrente por 2 a 1, na penúltima rodada da competição, o Flamengo depende apenas de si. Uma vitória faz o time rubro-negro levantar o troféu nacional pelo segundo ano consecutivo sem se preocupar com o resultado da equipe gaúcha, que enfrenta o Corinthians, no Beira-Rio, no mesmo horário. Já o São Paulo precisa vencer para se garantir na fase de grupos da Libertadores.

Rogério Ceni terá de quebrar uma escrita para alcançar o objetivo de ser campeão. Ele nunca venceu o São Paulo como treinador. Ídolo do clube, com 1.197 jogos, 131 gols e 18 títulos, o técnico soma sete jogos contra o ex-time, com cinco derrotas e dois empates. Pelo Flamengo foram dois reveses, inclusive em sua estreia, por 2 a 1, na ida das quartas de final da Copa do Brasil. Na volta, no Morumbi, 3 a 0.

"O Morumbi faz parte da minha história, tenho um respeito muito grande pelo São Paulo e agora estamos em uma nova fase. Quero escrever minha história pelo Flamengo", afirmou o treinador. "É uma casualidade o jogo ser no Morumbi. Jogaremos com o maior respeito, vamos enfrentar um grande time que nos fez sofrer bastante esse ano. Vamos ao Morumbi com essa possibilidade de ser campeão brasileiro, com o maior respeito que o São Paulo merece pelo clube que é."

A chance de se consolidar na profissão que escolheu após se aposentar em 2015 não chegou de maneira fácil. A ida para o Flamengo no começo de novembro do ano passado foi como uma última chance para Rogério Ceni provar que não era bom treinador apenas no Fortaleza, onde conquistou quatro títulos, incluindo o da Série B do Brasileirão. O ex-goleiro havia fracassado no São Paulo, em sua primeira experiência na beira do gramado. No Morumbi, o treinador, que assumiu no começo de 2017, ficou apenas sete meses, sendo demitido coincidentemente após uma derrota para o Flamengo, em 3 de julho. Ao todo foram 37 jogos, com 14 vitórias, 13 empates e dez derrotas.

A trajetória positiva pelo Fortaleza se iniciou em 10 de novembro de 2017, quando assinou contrato para ser o treinador da equipe no ano do centenário. Foi campeão da Segundona e, com um trabalho consistente em 2018, despertou os primeiros olhares de outros clubes. Renovou e por lá, Rogério Ceni ainda faturou Campeonato Cearense e Copa do Nordeste, em 2019. Em agosto, o técnico aceitou o desafio de assumir um Cruzeiro bagunçado. Resultado: fracassou novamente. Bateu de frente com os líderes do elenco, entre eles Thiago Neves, e foi demitido após apenas oito jogos (três vitórias, dois empates e três derrotas) e 45 dias de trabalho.

O retorno ao Fortaleza foi quase que imediato. Rogério Ceni classificou o time pela primeira vez para a Copa Sul-Americana naquele Brasileirão em que o Cruzeiro foi rebaixado e, no ano seguinte, em outubro de 2020, faturou mais um título, o Campeonato Cearense. O passo seguinte foi o Flamengo, em novembro. "Convite difícil de se recusar", justificou.

A contratação teve aprovação do elenco, que enxergava no ex-goleiro uma possibilidade de voltar ao estilo de Jorge Jesus, mais agressivo. A maneira de jogar do catalão Domènec Torrent desagradou, e muito, aos jogadores. Na prática, não funcionou como se supôs na teoria. Rogério Ceni foi bastante questionado por algumas decisões em jogos importantes, que custaram ao Flamengo o fim do sonho de conquistar o bicampeonato da Libertadores - eliminação para o Racing - e o título da Copa do Brasil - queda para o São Paulo. Algumas situações com o elenco, como o descontentamento de Gabigol com o banco, deixaram o treinador bastante ameaçado.

Bancado pelo vice-presidente de futebol Marcos Braz apesar da enorme pressão para que ele fosse demitido, o treinador fez mudanças importantes na equipe, como recuar Willian Arão para jogar como zagueiro e colocar Diego para atuar como volante. O Flamengo ganhou qualidade para sair jogando e viu o quarteto ofensivo, formado por Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol, crescer em um momento decisivo.

O Flamengo encontrou paz e enfileirou bons resultados na reta final do Brasileirão. Foram cinco vitórias nos últimos seis jogos, com direito ao triunfo sobre o Internacional. Aliás, com participação decisiva de Rogério Ceni. O treinador tirou Isla para colocar Pedro logo depois de Rodinei ser expulso e, com dois atacantes de área, confundiu o rival na marcação e Gabigol surgiu livre na área para marcar o gol da vitória. Agora, no Morumbi, Rogério Ceni, apelidado de Mito pelo torcedor do São Paulo, pode se tornar, quem sabe, ídolo dos flamenguistas e, por tabela, se consolidar como um treinador de ponta do futebol brasileiro.

FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO X FLAMENGO

SÃO PAULO - Tiago Volpi, Diego Costa, Bruno Alves e Arboleda; Igor Vinicius, Luan, Daniel Alves,Tchê Tchê e Welington; Pablo e Luciano. Técnico: Marcos Vizolli.

FLAMENGO - Hugo Souza; Isla, Rodrigo Caio, Gustavo Henrique e Filípe Luis; Diego, Gerson, Éverton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel. Técnico: Rogério Ceni

ÁRBITRO - Rodolpho Toski Marques (Fifa-PR).

HORÁRIO - 21H30.

TRANSMISSÃO - Globo e SporTV.

LOCAL - MORUMBI.

Estadão
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