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Mercado da Bola

Realidade dos clubes brasileiros permite salários milionários

Aumento das receitas e gestão profissional contribui para que as equipes do País consigam engordar a folha salarial

6 ago 2019 - 17h10
(atualizado às 17h35)
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A atual temporada está demonstrando que o planejamento financeiro de alguns clubes brasileiros possibilita alto investimento na contratação de jogadores. Flamengo, Palmeiras e São Paulo encabeçam a lista de equipes que pagam salários milionários.

O jornal O Estado de S. Paulo conversou com especialistas em marketing esportivo para entender se o que está acontecendo é tendência, uma mudança no cenário do País, ou se é uma bolha, que vai estourar em gestões posteriores.

Daniel Alves.
Daniel Alves.
Foto: Diego Vara / Reuters

"Aumento das receitas, a melhor gestão das despesas, o equacionamento das dívidas propicia que o clube invista no pagamento de maiores salários sem criar buraco na dívida dos clubes. O Palmeiras, o Flamengo, o Grêmio, o São Paulo e o Corinthians estão nesse caminho", disse Rafael Plastina, fundador da Sport Track, especializada em marketing e gestão esportiva.

A janela de transferências deste ano trouxe reforços de peso. Daniel Alves e Filipe Luís, titulares da seleção brasileira, lideram essa lista de repatriados, trazidos por São Paulo e Flamengo, respectivamente. O primeiro chega para ganhar salário de R$ 1,3 milhão, sendo R$ 500 mil previstos para serem pagos com ações de marketing e a outra parte pelo clube. Filipe Luis receberá aproximadamente R$ 800 mil.

O clube rubro-negro vem engordando a folha salarial há algumas temporadas. No início do ano, apostou em Arrascaeta e Gabigol, com salários que ultrapassam o milhão. Para trazer o meia, a diretoria pagou R$ 55,3 milhões ao Cruzeiro. O centroavante veio por empréstimo da Inter de Milão, com o rubro-negro responsável por 100% dos vencimentos.

O Flamengo ainda repatriou Rafinha (ex-Bayern Munique), Gerson (ex-Roma) e Pablo Marí (Manchester City). O Palmeiras é o outro clube que faz frente nas contratações. O atual campeão brasileiro investiu em Ramires, titular da seleção nas Copas de 2010 e 2014, Vitor Hugo (ex-Fiorentina), Luis Adriano (ex-Spartak Moscou) e Henrique Dourado.

Todos esses reforços devem ganhar salários próximos de R$ 1 milhão. Com 30 anos de experiência no marketing esportivo, João Henrique Areias acredita que a organização dos clubes aconteceu somente depois do escândalo de corrupção da Fifa.

"A Fifa lançou novo regulamento para os clubes e exigiu que se profissionalizassem. Isso aconteceu por causa dos escândalos e que culminou no afastamento de patrocinadores. Alguns clube aproveitaram para mudar o modelo de gestão", explicou.

Filipe Luís chegou para reforçar o Flamengo.
Filipe Luís chegou para reforçar o Flamengo.
Foto: Reprodução/ Twitter @Flamengo / Estadão Conteúdo

Mas na opinião dele cada caso é um caso. "O Flamengo se estruturou e conta hoje com diferentes formas de receita. O Palmeiras tem o fator que eu temo um pouco, pois pode ser que aconteça o que aconteceu com a Parmalat. O dono da empresa vai embora e perde-se tudo", analisou Areias.

De uma maneira geral, os clubes passaram a ganhar mais com os direitos de televisão, com a criação do programa de sócio-torcedor, novas ações de marketing, maior controle dos produtos licenciados e a possibilidade de negociar mais patrocinadores para o uniforme além do master. "Quanto mais diversificada as receitas, mais saudável para o clube", disse Areias.

Alerta

A chegada de atletas do exterior ainda em bom momento na carreira, mas já mais próximos de pendurar as chuteiras também serve de alerta. "O futebol brasileiro tem como característica formar atletas. Estamos em um período que não se revela mais jogadores no profissional. O clube forma na base e esses caras vão embora. Agora estamos repatriando não no auge, mas ainda competitivos, mas não estão no auge. São salários que poderiam investir para se evitar a negociação precoce de atletas", opinou Plastina.

O especialista em marketing acredita que o clube deveria segurar por mais tempo atletas que estão sendo negociados antes de completarem a maioridade, casos recentes de João Pedro, do Fluminense, e de Vinicius Junior, do Flamengo. "A venda de jogador deveria ser fonte de riqueza e não para pagar a dívida, para fechar o caixa no ano", afirmou Plastina.

Segurar o jogador revelado por mais tempo no clube pode aumentar a receita de diversas maneiras, pois cria maior identificação do torcedor com o elenco e ajuda nas ações de marketing. Areias concorda com o companheiro de profissão. "O Centro de Treinamento é a base da pirâmide do clube, que tem como ponto alto o time profissional. É o local onde se forma o atleta", encerrou.

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