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Copa da Rússia

Melhores gerações da Copa, França e Bélgica querem chegar à final

Quem passar do confronto desta terça-feira, às 15h, em São Petersburgo, será favorito ao título

10 jul 2018 - 05h12
(atualizado às 08h51)
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A Copa do Mundo da Rússia conhece nesta terça-feira seu primeiro finalista. Seja França ou Bélgica a vencedora do confronto semifinal em São Petersburgo, com início às 15 h (de Brasília), uma equipe estará na decisão de domingo, em Moscou, com os mesmos atributos esportivos. Quem passar, será favorito ao título. França e Bélgica atravessaram caminhos mais duros no torneio e terão coroado um ciclo exemplar de formação de talentos e de construção de elenco.

Os dois países mostraram na Rússia futebol ofensivo de encher os olhos, velocidade e habilidade e muita juventude. A França tem um dos grupos mais jovens da competição, com média de idade de 26 anos, e como destaques os atacantes Mbappé, de 19 anos, e Griezmann, de 27. Eles se combinam como poucos. A Bélgica, um pouco mais experiente (média de idade de 27 anos), tem o melhor ataque da Copa, com 14 gols (dois deles feitos contra o Brasil), e o vice-artilheiro, Lukaku, de 25 anos e quatro gols marcados.

Esses jovens jogadores terão a chance de abandonar o rótulo de promessas para igualar o que apenas gerações históricas fizeram por seus países. Os franceses podem se comparar àquela equipe comandada por Zidane, que colocou a seleção em final de Eurocopa e em duas decisões de Mundial - uma delas vencida contra o Brasil, em 1998. "Nosso time é jovem, mas evoluiu nos últimos anos e cresceu neste torneio. Estamos prontos para ir além", disse o técnico francês Deschamps.

Os belgas, da mesma forma, sonham. E sonham em obter o melhor resultado do país em uma Copa da Fifa. Ir além da semifinal, alcançada em 1986. O meia Kevin de Bruyne, autor de um gol contra o Brasil, revelou ontem estar emocionado com a vaga na semifinal e relembrou que o momento é resultado de um trabalho de anos da seleção. "Eu penso que a Bélgica tem potencial. Estamos há sete ou oito anos jogando juntos. Talvez alguns jogadores não acreditassem que iríamos tão longe, mas agora podemos ir até o fim", comentou o meia.

O caminho das duas equipes até a semifinal foi complicado e justifica o motivo de que o ganhador da batalha de São Petersburgo será o favorito domingo. A França derrubou campeões como a Argentina, de Messi, e o Uruguai, de Suárez, para chegar a esta etapa. A Bélgica superou a fama de amarelar ao conseguir a virada de 3 a 2 sobre o Japão com gol nos acréscimos e mandou o Brasil de volta para casa nas quartas de final. Esses resultados não foram construídos de uma hora para outra. A França tem o mesmo treinador há seis anos e uma base que esteve junta na Copa de 2014 e no vice da Eurocopa, em 2016. Titulares como Umtiti e Pogba foram campeões mundiais sub-20 há cinco anos e promovidos.

A Bélgica desfruta do trabalho de mais de uma década para reformular as categorias de base do futebol do país, com a unificação de sistema de jogo no 4-3-3 para os garotos e da metodologia para captação de talentos. O resultado veio agora.

O trabalho de organização nos países, a geração talentosa à disposição e os resultados obtidos na Rússia fazem, portanto, do encontro uma espécie de final antecipada. França ou Bélgica serão o remanescente da chave do mata-mata onde estavam no início das oitavas quatro campeões mundiais e mais o atual campeão europeu, Portugal, liderado pelo melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo. "É uma única oportunidade para as duas seleções, após anos de trabalho. É o jogo que todo mundo quer jogar, pois é especial estar em uma semifinal. É um momento histórico e importante para as duas nações", afirmou o técnico da Bélgica, o espanhol Roberto Martínez.

As duas equipes devem passar por ajustes, com uma mudança na formação para cada lado. Os franceses contam com o retorno do meia Matuidi, desfalque contra o Uruguai por estar suspenso. Tolisso deve sair da equipe. Na Bélgica, a alteração deve ser maior. O lateral Meunier está suspenso e vai obrigar o técnico a mudar o esquema de jogo. Em vez do 3-4-3 utilizado contra o Brasil, a equipe deve atuar no 4-3-3, com a entrada do zagueiro Vermaelen.

CONHECIDOS

Quando franceses e belgas foram se preparar para a semifinal, pouco havia de novidade sobre o adversário. Afinal, as duas seleções se conhecem tanto que, dos 22 prováveis titulares das equipes, metade deles são atualmente companheiros de clube de algum dos adversários. A sensação será estranha para muitos deles. O jogador mais experiente em campo será o goleiro e capitão francês Hugo Lloris, que disputa pela terceira vez uma Copa e terá do outro lado dois zagueiros belgas que o ajudam a defender o gol do Tottenham. "É um jogo incomum. São duas nações vizinhas, com jogadores que se conhecem. Pelo menos quatro belgas já jogaram comigo nos clubes", admitiu.

O técnico francês Didier Deschamps reconheceu ser difícil ter preparado a seleção para a partida. "Nós os conhecemos muito bem, assim como eles. Os jogadores passam informações também. É curioso você jogar com um amigo seu o ano inteiro e em uma Copa ele estar do outro lado", comentou. A grande expectativa nesse confronto entre adversários "parceiros" é de ver a reação de Thierry Henry. O ex-atacante francês é agora auxiliar técnico da Bélgica. Como jogador, ele foi companheiro de Deschamps e é o maior artilheiro da história da seleção francesa. "Eu até acho que ele vai cantar o hino da França", brincou ontem o meia belga Kevin de Bruyne.

Estadão
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