Janela europeia de transferência já movimenta R$ 1 bilhão e pode bater recorde

Negociações fechadas com antecedência indicam que mercado estará movimentado no meio do ano

Raphael Ramos

5 abr 2019 - 09h10

(atualizado às 10h25)

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A janela de transferências do futebol europeu só vai abrir daqui quase três meses, mas já movimentou quase R$ 1 bilhão antecipadamente. Três negócios fechados indicam que os valores pagos pelos clubes devem bater recordes a partir de julho (veja lista abaixo).

O Real Madrid, por exemplo, contratou o lateral brasileiro Éder Militão por 50 milhões de euros (cerca de R$ 215 milhões). O Bayern de Munique fechou a contratação mais cara da história do futebol alemão ao pagar 80 milhões de euros (cerca de R$ 354 milhões) ao Atlético de Madrid, da Espanha, pelo lateral-esquerdo francês Lucas Hernandéz. Já o Barcelona anunciou a contratação do meio-campista Frenkie de Jong, do Ajax, por 75 milhões de euros (cerca de R$ 325 milhões). Somando essas transações, o valor se aproxima de R$ 1 bilhão. Os jogadores, no entanto, só se apresentarão aos seus novos clubes no meio do ano.

Èder Militão vai deixar o Porto e jogar pelo Real Madrid
Foto: Divulgação/FC Porto / Estadão

Empresários ligados ao futebol ouvidos pelo Estado apostam que a tendência é de que os negócios vão se intensificar nos próximos dias. "Eu mesmo estou tratando de algumas negociações porque os clubes não esperam a janela abrir para começar as conversas. Pelo menos 80% dos negócios já estão amarrados, só esperando a abertura da janela. São raros os casos em que você começa e termina um negócio dentro da janela", diz Jorge Machado. Ele possui em sua carteira de clientes dezenas de jogadores e no ano passado intermediou a venda do volante Arthur, do Grêmio, para o Barcelona por 30 milhões de euros. Foi a maior negociação da história do futebol gaúcho e a quinta do Brasil.

Wagner Ribeiro também vê a próxima janela de transferências bastante aquecida. "O Real Madrid vai gastar muito. Não ganhou nenhum título nesta temporada e vai mexer no mercado com contratações de impacto", aposta o empresário que intermediou as transferências do Brasil para a Europa de craques como Robinho (Real Madrid), Kaká (Milan) e Neymar (Barcelona).

A expectativa é de que o Tottenham, da Inglaterra, também tenha papel de protagonista na próxima janela de transferências e contribua para esquentar ainda mais o mercado. O clube anunciou na quinta-feira que teve um lucro recorde de 113 milhões de libras esterlinas no ano passado.

Com dinheiro em caixa, a diretoria londrina deve ir às compras para montar um time capaz de fazer frente a Liverpool, Manchester United e Manchester City. O Tottenham se tornou o primeiro clube do Campeonato Inglês a não fazer nenhuma contratação na janela de transferência do ano passado e também não ampliou o seu elenco em janeiro.

Para Wagner Ribeiro, são grandes as chances de o recorde de 222 milhões de euros pagos pelo Paris Saint-Germain por Neymar em 2017 ser quebrado na próxima janela. A bola da vez é Kylian Mbappé, também do PSG. "Os clubes hoje têm uma receita muito maior do que antes. A televisão cada vez paga mais, as empresas de material esportivo pagam absurdamente bem para estampar suas marcas, sem contar os patrocinadores", diz.

Jorge Machado também não vê limites nos valores a serem pagos pelos clubes e compara o atual momento com 20 anos atrás. "Se um clube fatura R$ 800 milhões, quanto o jogador, que é o artista principal, tem de ganhar? Na época do Barcelona, o Rivaldo (eleito melhor do mundo em 1999) ganhava 50 mil euros para usar um chuteira. Hoje, tem atleta que recebe 3 milhões de euros para jogar com uma determinada marca de chuteira."