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Rússia

Na Liberdade, fanáticos pelo futebol japonês vão do delírio à realidade

Grupo que se reuniu no bairro mais nipônico de São Paulo não conseguiu esconder a frustração com a virada sofrida contra a Bélgica

2 jul 2018 - 20h36
(atualizado às 20h39)
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Por quase meia hora, um grupo de brasileiros fanáticos pelo futebol japonês esqueceu os problemas que vinha apontando na seleção japonesa. Não havia mais nada de errado na escalação de Akira Nashiro, não havia mais falta de entrosamento. O impossível iria acontecer, e a equipe da Ásia chegaria às quartas de final da Copa do Mundo. Então, a Bélgica reagiu. Restou a eles se enrolarem na bandeira branca com o sol vermelho e voltar para casa.

O grupo de torcedores, que acompanhou o jogo na Liberdade, o mais nipônico dos bairros paulistanos, se organiza nas redes sociais desde 2005, na época do Orkut, para acompanhar as sete divisões (incluindo as semiprofissionais) do futebol japonês. Em jogos importantes, como os da Copa, eles marcam de se encontrar e ver os jogos juntos. Assistiram às primeiras partidas na Japan House, na Avenida Paulista, e decidiram torcer contra os belgas em um centro cultural da Liberdade.

"Tinha quase 200 pessoas nas outras partidas. Hoje, conseguimos reunir umas 50", disse o professor Bruno Matsuota, de 28 anos. Os dois primeiros gols da partida os levaram ao delírio.

A Liberdade, entretanto, assistiu à partida como os demais bairros da cidade. Não havia bandeiras do Japão nas ruas, não havia telões. Eram só alguns televisores nas padarias ao redor da estação do Metrô e grupos de brasileiros vendo o jogo. Quando essas pessoas iam embora, já resignadas, chegaram até a ser alvo de uma pergunta, discreta, que não escondia a tiração de sarro de outro imigrante oriental, não japonês.

"Estão chorando, né?", disse o homem, com sotaque carregado e sorriso no rosto, ao ver os nipo-brasileiros descendo um cruzamento da Rua da Glória, embaixo das icônicas luminárias do bairro. Eles não ouviram a provocação.

Esse grupo de torcedores afirma que o país poderia ter chegado melhor para a Copa. Aponta a troca recente de técnico (em abril) e criticava a lista de convocados como causas do despreparo. Mas se surpreendeu na fase de grupos, em que tinha expectativa de que a seleção obtivesse, no máximo, um empate. Conseguir quatro pontos havia sido um êxito. Colocar dois gols na Bélgica, algo extraordinário.

"O segundo gol foi muito bom", disse o estudante Daniel Sakassegawa, de 20 anos.

Mas, depois, veio a reação do time favorito, o que os trouxe de volta à análise crítica do começo da competição.

"Foi uma decepção tomar um gol daqueles, no fim do jogo", resumiu o aprendiz de Engenharia Gustavo Queiroz, de 21 anos, ainda sem muitas explicações para a derrota. A eles, agora, resta acompanhar as demais seleções.

Estadão
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