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Eurocopa

Entenda por que clubes brasileiros usam as cores do arco-íris ao contrário das seleções da Eurocopa

Com autorização da CBF, quatro clubes usaram uniformes para apoiar a luta contra a homofobia; Uefa vetou iluminação do estádio em Munique

28 jun 2021 - 13h38
(atualizado às 14h35)
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Quatro clubes brasileiros (Fluminense, Flamengo, Vasco e Santos) estamparam as cores da bandeira do arco-íris em seus uniformes, neste domingo, dia 27, nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro. As ações apoiaram a luta contra o preconceito em razão do Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer e mais), comemorado nesta segunda-feira, 28.

Os clubes brasileiros solicitaram uma autorização prévia à CBF, organizadora das competições, para realizar a homenagem. E receberam o sinal verde. Na semana passada, a Uefa, organizadora da Eurocopa 2020, rejeitou o pedido da cidade de Munique para iluminar a Allianz Arena com as cores do arco-íris antes do jogo entre Alemanha e Hungria. A Uefa recebeu críticas pela medida e provocou um movimento de solidariedade na Alemanha antes da partida.

A entidade europeia, que afirma "compreender que a intenção é enviar uma mensagem para promover a diversidade e a inclusão", até aceita a ideia da iluminação do arco-íris, mas em datas alternativas. Sob críticas desde terça-feira de vários países, a entidade que comanda o futebol europeu afirmou que sua decisão "não é política", ao contrário do pedido de Munique como forma de protesto contra uma recente lei húngara considerada discriminatória para os homossexuais.

No último fim de semana, a entidade cedeu à pressão de patrocinadores e de seleções e liberou a exibição de símbolos LGBTQ+ nas partidas da Eurocopa.

No Brasil, o Vasco foi além e estreou uma camisa em homenagem ao movimento. O clube substituiu a clássica faixa preta pelas cores do arco-íris. A peça esgotou em uma hora com parte da verba arrecada revertida para a Casa Nem, instituição de acolhimento de pessoas LGBTQ+ em situação de vulnerabilidade social.

"O Vasco de 1923 não aceitou o racismo, naturalizado no século anterior. O Vasco do século 21 se nega a aceitar a homofobia e a transfobia que marcaram o século 20", diz um trecho do manifesto de combate à homofobia e à transfobia lançado pelo clube do Rio de Janeiro.

O atacante Germán Cano deu sua contribuição individual e protagonizou uma cena histórica na vitória sobre o Brusque, pela Série B do Brasileiro. Ao celebrar seu gol, ele ergueu a bandeira de escanteio que trazia as cores do arco-íris. O atacante foi punido com cartão amarelo.

Na súmula da partida, o árbitro Salim Fende Chavez justificou a punião ao atacante "por tirar a bandeira de escanteio e jogá-la ao chão na comemoração do gol". Nesta segunda-feira, o jogador usou suas redes sociais para reafirmar seu apoio. O atacante não deve receber punições do STJD pelo ato. O órgão não pode punir ou analisar o que já foi analisado e punido pelo árbitro. O artigo 58 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) só pode ser utilizado quando o ato escapar da arbitragem.

O Fluminense promoveu homenagens em seu uniforme na partida contra o Corinthians. As cores do arco-íris estavam nos números nas costas, na braçadeira de capitão e na hashtag #TimeDeTodos, que estava no peito.

O Flamengo também entrou em campo com os números das camisas nas cores do arco-íris, presentes também na braçadeira de capitão. Os dois times do Rio de Janeiro vão realizar leilões dos uniformes pela plataforma Play For a Cause e todo valor arrecadado será doado à ONG Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, com sede no Rio. O Santos teve o logo de sua patrocinadora, a SumUp, com as cores do arco-íris, durante a partida contra o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro. O nomes dos atletas alvinegros foram substituídos por palavras, como "Respeito" e "Visibilidade".

As ações do Vasco, no entanto, causaram polêmica. A mudança da cor da faixa do uniforme gerou discussão nas redes sociais. Muitos torcedores criticaram. Houve divergência inclusive dentro do elenco do Vasco em relação às ações. Leandro Castán, capitão da equipe, usou as redes sociais para uma postagem de caráter bíblico, citando um pedido de Deus para que Noé e seus filhos fossem férteis para povor a terra.

Estadão
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