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Paris Saint-Germain

Jornal francês Charlie Hebdo cita Messi em sua capa e sugere que os donos do PSG financiam o Taleban

Conhecido pelo tom sarcástico e irreverente, publicação foi alvo de ataques terroristas em 2011 e 2015

19 ago 2021 - 10h10
(atualizado às 10h11)
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O jornal satírico Charlie Hebdo resolveu relacionar os donos do Paris Saint-Germain e o grupo terrorista Taleban, que retomou o controle do Afeganistão no último domingo, na capa de sua última edição. Na imagem publicada, três mulheres cobertas com burcas aparecem com o nome de Lionel Messi e o número 30 nas costas, escolhido pelo argentino para essa temporada no clube de Paris.

Na publicação, o veículo francês escreveu que o "Taleban é pior do que pensávamos". O Qatar Sports Investment, grupo ligado ao PSG, tem conexões no Afeganistão e é apontado como um dos financiadores dos extremistas afegãos desde a chegada dos americanos ao país do Oriente Médio, em 2001, informa a publicação. Assim como o Taleban, Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, tem relações com o governo catariano, responsável por sediar a Copa do Mundo de 2022.

Lionel Messi foi citado na capa do jornal francês Charlie Hebdo, conhecido por suas capas polêmicas.
Lionel Messi foi citado na capa do jornal francês Charlie Hebdo, conhecido por suas capas polêmicas.
Foto: Divulgação/Charlie Hebdo / Estadão

Essa não é a primeira vez que o jornal francês chama a atenção do mundo do esporte por suas capas extravagantes e desrespeitosas. Em 2019, antes da Copa do Mundo Feminina de futebol, a publicação divulgou uma capa que retratava uma bola entrando em uma vagina. A chamada dizia: "Vamos engolir isso por um mês." Em 2018, os refugiados se tornaram protagonistas do periódico, com a charge de um migrante em um bote no mar sendo atingido no rosto por uma bola. Nessa oportunidade, a legenda foi: "Voltem mais tarde".

Após o atentado sofrido em 2015, o Charlie Hebdo colocou a ilustração de um homem muçulmano e um cartunista do jornal se beijando, dizendo que "o amor é mais forte do que o ódio". Inspirando-se nos franceses, o chargista Diogo Salles escolheu os presidentes de São Paulo e Palmeiras da época para fazer uma arte parecida.

No desenho, Carlos Miguel Aidar e Paulo Nobre trocavam beijo observado pelos atacantes Alan Kardec e Dudu, disputados pelos dois clubes. A intenção do artista foi criticar a postura dos dirigentes nas negociações e falar sobre a homossexualidade, que, segundo ele, é o maior tabu no futebol brasileiro. Após a publicação, Salles recebeu ameaças das duas torcidas, relata.

Outros alvos do "jornal irresponsável", como eles mesmo se denominavam em Paris, foram o atacante francês do Real Madrid, Karim Benzema, o sueco Zlatan Ibrahimovic, do Milan, e Franck Ribéry, atualmente sem clube. O primeiro caso ironizava a importância de Benzema para a seleção francesa que disputou a Copa do Mundo realizada no Brasil, em 2014. Os cartunistas sugeriram Benzema como presidente da França e disseram que ele tinha a cura da Aids. Ibrahimovic, por sua vez, fez parte do humor ácido do Charlie Hebdo quando negociava sua renovação com o PSG. Como na França os atletas destinam 75% de seus vencimentos em impostos, a publicação mostrava o astro pedindo dinheiro para comer.

Uma história de Ribéry e Benzema de 2009 também foi satirizada pelo jornal. Os dois jogadores haviam se envolvido com uma prostituta menor de idade em uma festa em Paris. O ex-atacante do Bayern de Munique aparecia ao lado da garota, e a mensagem era: "Prostitutas de luxo, o hotel de luxo e um time de idiotas."

A campanha fracassada da França de Raymond Domenech na Copa do Mundo de 2010, vencida pela Espanha, e o exame antidopoing positivo para cocaína do tenista Richard Gasquet também resultaram em capas para o jornal.

A cultura muçulmana proíbe representações que envolvam Maomé. Isso não parece impedir o Charlie Hebdo de criar capas e charges recheadas de polêmica. Após sofrer um atentado em 2011, o jornal de humor foi atacado quatro anos depois por dois irmãos que causaram a morte de 12 pessoas e deixaram 11 feridos. A publicação de uma charge em que Maomé usava um turbante em forma de bomba motivou o ataque.

Estadão
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