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Milan

Liga italiana é criticada por uso de imagens de macacos em campanha antirracismo

Clubes como Milan e Roma e entidades que combatem o preconceito se posicionaram contra a ação da Liga

17 dez 2019 - 13h54
(atualizado às 13h54)
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A Lega Calcio, liga que organiza o Campeonato Italiano, se tornou alvo de críticas após lançar, na última segunda-feira, uma campanha antirracismo em que instalou, em sua sede, em Milão, obras de arte que mostravam macacos coloridos.

O Milan foi um dos clubes a condenar a ação da liga. "A arte pode ser poderosa, mas discordamos fortemente do uso de macacos como imagens na luta contra o racismo e fomos surpreendidos pela total falta de consulta", escreveu, nesta terça-feira, o time em seu perfil no Twitter.

O clube de Milão foi seguido, e em tom parecido, pela Roma. "Entendemos que a liga quer combater o racismo, mas não acreditamos que essa seja a maneira certa de fazer isso", escreveu em seu perfil no Twitter.

Com jogadores negros sendo regularmente sujeitos a cânticos que imitam sons de macacos durante partidas, o artista Simone Fugazzotto disse que sua pintura com três macacos para representar três raças diferentes foram feitas para "mostrar que somos todos da mesma raça".

O racismo tem sido um problema durante toda a temporada, com cânticos ofensivos dirigidos a Romelu Lukaku, Franck Kessie, Dalbert Henrique, Miralem Pjanic, Ronaldo Vieira, Kalidou Koulibaly e Mario Balotelli. Com exceção do bósnio Pjanic, todos esses jogadores são negros. E muitos desses incidentes terminaram impunes.

"A verdadeira arte é provocação", disse a liga em comunicado enviado à agência de notícias The Associated Press. "A ideia por trás da obra de arte de Fugazzotto é que quem quer que seja que grite cânticos racistas regressa ao seu status primitivo de ser um macaco. A liga decidiu que todos os anos terá um artista diferente para interpretar os danos causados pelo racismo. Simone Fugazzotto, uma testemunha dos cânticos para Koulibaly no San Siro, fez um trabalho provocativo em que os macacos são na verdade os torcedores racistas", acrescentou.

O Fare, o principal grupo de monitoramento da discriminação do futebol, chamou o uso das pinturas de "uma piada de mau gosto" e "um ultraje", acrescentando que "será contraproducente continuar a desumanização das pessoas de origem africana. É difícil ver o que a liga estava pensando, quem eles consultaram? Chegou a hora de os clubes progressistas da liga fazerem suas vozes serem ouvidas."

Estadão
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