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Atlético de Madrid

Organização do Campeonato Espanhol mira o mercado brasileiro

Brasil está no top 5 mundial entre seguidores da LaLiga no Facebook; no Instagram, o País ocupa a primeira posição

20 abr 2019 - 04h41
(atualizado às 04h41)
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Nos últimos 10 anos, as equipes espanholas ganharam seis edições da Liga dos Campeões (4 com Real Madrid e 2 com Barcelona) e seis da Liga Europa (3 com o Atlético de Madrid e outras 3 com o Sevilla). Dentro de campo, a Espanha também costuma contar com os principais astros do futebol mundial em seus time. Dos 28 prêmios de melhor do mundo distribuídos pela Fifa até hoje, 19 ficaram no país. E é para manter esse sucesso que a LaLiga, organizadora das 1.ª e da 2.ª Divisões do Campeonato Espanhol, vem implementando um projeto de expansão de sua marca nos últimos anos.

Dentre uma das principais apostas, estão as redes sociais, que apresentam crescimento de mais de 33% nas últimas temporadas e estão em mais 12 línguas, incluindo português. "O Brasil está no nosso top 5 mundial entre os maiores seguidores das redes sociais da LaLiga no Facebook. No Instagram, ocupa a primeira posição, inclusive na frente da Espanha", diz Albert Castelló, delegado da LaLiga no Brasil, ao Estado.

O advogado, que chegou a jogar com Iniesta na base do Barcelona, faz parte de um projeto chamado LaLiga Global Network, que conta com 44 representantes espalhados por países estratégicos. A ideia, segundo Castelló, é "estar mais perto dos torcedores e dar todo tipo de apoio para as televisões, que são os nossos principais parceiros, distribuem nosso conteúdo no país e representam uma receita para os clubes."

O Brasil, através de ESPN e Fox Premium, é um dos 183 países que transmitem a primeira divisão espanhola, em uma audiência que ultrapassa 3 bilhões de pessoas por temporada.

A proximidade com público local também facilita para ações pontuais, como aconteceu no Rio durante o carnaval. O clássico Real Madrid x Barcelona foi transmitido em uma Fan Fest, para 2.700 pessoas, organizada na Marina da Glória.

A relação dos brasileiros com o futebol espanhol é antiga, principalmente com Real Madrid e Barcelona, onde campeões mundiais como Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká jogaram. "São os times mais queridos pelos brasileiros que torcem por clubes estrangeiros. Sempre digo que os brasileiros gostam de apoiar equipes vencedoras, e esses dois times sempre estão ganhando", comenta Castelló.

Arrumando as contas

Dois dados recentes mostram a dimensão que o futebol alcançou dentro da Espanha. A marca LaLiga aparece como a quinta mais lembrada em pesquisa realizada com 38 mil pessoas pela publicação Reason Why, voltada para o mercado publicitário, deixando para trás empresas gigantes como Amazon, Facebook e Adidas. Assim como um relatório da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) mostrou que a 1.ª divisão espanhola é responsável por 1,37% (15,7 bilhões de euros) do PIB (Produto Interno Bruto) do país e gera 185 mil postos de trabalho em uma temporada.

Para chegar nesse resultado, desde 2013, quando Javier Tebas assumiu a presidência da entidade, foi feito um trabalho para diminuir dívidas fiscais que estavam na casa dos 700 milhões de euros (R$ 3,1 bilhões) e têm previsão de cair para 70 milhões de euros (R$ 320 milhões) em 2019.

Outro fator decisivo para a mudança de patamar para os clubes foi a renegociação da cota televisiva. Em 2015, o governo tirou dos clubes o poder de acertar diretamente com as TVs seus direitos de transmissão. Este modelo acabava criando uma grande discrepância entre os valores arrecadados por Real Madrid e Barcelona para os demais times e, por consequência, criava um abismo técnico nas competições internas.

Claro que este entendimento só foi apoiado após dados mostrarem que o volume arrecadado em bloco seria superior ao total somado de acordados individuais. Assim, os valores saltaram dos 851 milhões de euros (R$ 3,7 bilhões) antes do acordo coletivo, em 2014, para 1,247 bilhão de euros (R$ 5,5 bilhões), em 2016.

A divisão dos recursos também foi um diferencial para as equipes 'menores' ganharem força. Além de mais igualitária e clara, através de um coeficiente que leva em relação a posição dos times nas últimas cinco edições do Nacional, a fórmula reserva bonificações para quem atingir determinadas metas, fato que diretamente reflete na melhora técnica do esporte.

"Parte do valor destinado à 1.ª divisão depende de várias ações. Como lotação dos estádios, condição dos gramados. Já um problema estrutural, como na iluminação, pode gerar multa", exemplifica Castelló. "Trabalhamos para oferecer ao torcedor uma grande experiência independente de quem esteja no gramado. Se existe um jogo da LaLiga, você sabe que será um espetáculo".

Levando conhecimento

A experiência adquirida pela LaLiga permite até mesmo auxiliar em outros países pelo mundo. No Equador, por exemplo, foi criada a LigaPro, entidade formada pelas equipes para organizar e gerir a 1.ª e a 2.ª divisão, em modelo semelhante ao espanhol. A Federação Equatoriana de Futebol (FEF) atualmente cuida exclusivamente da seleção.

Já no futebol chinês, a parceria tem outros moldes. Desde 2015, a LaLiga trabalha em um projeto em conjunto com o governo local para o desenvolvimento e a massificação do esporte no país, que sonha em receber uma Copa do Mundo até 2050. Mais de 120 técnicos espanhóis foram enviados para a China e mais de 500 mil alunos já se formaram em programas de treinamentos de diferente duração. Pensando também em um nível profissional, em novembro de 2018, uma base permanente de treinos em Madri para equipes chinesas masculinas e femininas de base.

Trabalho para ser visto

No começo do ano, a LaLiga fechou um acordo global para levar os jogos da segunda divisão para o YouTube, em negócio que inclui mais de 150 países e prevê a transmissão em inglês. Além disso, a entidade lançou recentemente a LaLigaSportsTV, canal de streaming que vai transmitir de forma gratuita várias modalidades esportivas espanholas que não têm espaço em canais tradicionais. O serviço está disponível para celulares, tablets, Samsumg Smart Tv e Espelhamento (Chromecast, Apple TV e Samsung).

Estadão
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