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Fifa diz que países devem reatar com o Catar para sediar jogos da Copa

Entidade cobra fim dos boicotes diplomáticos no Golfo Pérsico para estender Mundial para outras sedes

12 mar 2019 - 12h49
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Os países do Golfo Pérsico interessados em abrigar jogos da Copa de 2022, que deverá ter mais de uma sede por causa da provável expansão da competição de 32 para 48 seleções, terão de romper boicotes diplomáticos ao Catar se quiserem se tornar elegíveis para serem escolhidos pela Fifa como outras sedes da competição.

Essa condição ficou clara por meio de um estudo de 81 páginas, que o Conselho da entidade máxima do futebol preparou visando o processo que servirá para escolher outras nações que poderão receber partidas do Mundial. A agência de notícias The Associated Press teve acesso a este documento, segundo o qual o Catar não seria forçado a compartilhar alguns confrontos do torneio com Bahrein, Arábia Saudita ou Emirados Unidos se essas nações não restabelecerem os laços diplomáticos com o governo do país que foi eleito o palco da Copa de 2022.

A retirada deste boicote é importante para que um destes países possa ser eleito sede extra do Mundial porque o mesmo também envolve restrições de viagem a Doha, a capital catariana, o que implica em possíveis dificuldades de logísticas para seleções e torcedores que precisarão transitar entre um território e outro durante o torneio.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, afirmou no mês passado que junho foi estabelecido como prazo limite para a decisão sobre a expansão da Copa de 2022. O dirigente é defensor da inclusão de mais 16 seleções no grande torneio e uma reunião do Conselho da entidade, na próxima sexta-feira, em Miami, deverá servir para que a aprovação desta ampliação seja encaminhada, antes de possivelmente ser confirmada de forma oficial justamente em junho.

Por hoje possuírem uma posição neutra nesta questão diplomática envolvendo o Catar e as nações que adotaram restrições diplomáticas ao país que abrigará o Mundial, Kuwait e Omã são as opções mais viáveis identificadas pela Fifa como possíveis outras sedes da competição.

Para tornar a Copa de 2022 viável a ser disputada com a expansão para 48 seleções, os catarianos terão de abrir mão da exclusividade para receber jogos, direito que eles adquiriram em uma eleição ocorrida em 2010. O novo estudo encomendado pelo Conselho da Fifa, porém, deixa claro que, para se proteger legalmente, o órgão diz que qualquer alteração nos planos do torneio "serão acordados em conjunto com o Catar como a nação anfitriã designada, e qualquer nova proposta deve ser preparada em conjunto entre a Fifa e o Catar".

ATÉ QUATRO SEDES A MAIS

Com desafios de logística já previstos como grandes mesmo com a Copa sendo disputada no modelo atual de 64 jogos, que seriam realizados em um raio de apenas 48 quilômetros dentro do Catar em apenas oito estádios, a Fifa avalia que de duas a quatro sedes adicionais para disputas de partidas são necessárias com a expansão do torneio para 48 seleções, sendo que estes locais seriam de "uma ou mais" nações.

Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Unidos cortaram laços de viagem com a capital catariana, em 2017, por causa de acusações de que a cidade apoia o extremismo nesta região. O Catar, entretanto, nega qualquer envolvimento com estas frentes radicais.

"Devido à situação geopolítica na região e ao recente bloqueio que Bahrein, Egito, Arábia Saudita e os Emirados Árabes impuseram ao Catar, o envolvimento desses países na organização de um torneio copatrocinado com o Catar exige a retirada de tal bloqueio, em particular a retirada de todas restrições relativas à circulação de pessoas e bens entre estes países", afirma este recente estudo de viabilidade da Fifa.

Em seguida, o documento ressalta: "Idealmente, isso deve ser evidenciado como pré-condição para a nomeação de tais coanfitriões e deve cobrir todos os aspectos relacionados à Copa do Mundo de 2022".

O estudo encomendado pelo Conselho da Fifa ainda salienta que "coanfitriões candidatos precisariam ser considerados suficientemente cooperativos" e que "tais coanfitriões não sancionariam nem boicotariam economicamente ou qualquer outro país potencialmente coanfitrião" do Mundial.

Este novo estudo da Fifa também garante que a Copa de 2022 poderia ser disputada em uma janela de 28 dias, entre 21 de novembro e 18 de dezembro, apesar da provável expansão do número de seleções para 48 times. Para isso, a primeira fase do torneio poderá contar com a disputa de até seis partidas por dia.

O Congresso da Fifa realizado às vésperas da Copa de 2018, na Rússia, já definiu a expansão da competição com a presença de 48 seleções para o Mundial de 2026, que será abrigado em conjunto por Estados Unidos, México e Canadá.

O mesmo formato de disputa desta edição na América do Norte é proposta para a Copa do Catar, que contaria com 16 grupos com três equipes em cada, sendo que 32 times avançariam a uma primeira fase eliminatória que definiria os 16 classificados às oitavas de final. Assim, um time poderá disputar no máximo sete jogos na competição, assim como já acontece no formato com 32 seleções.

Estadão
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