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Gremista relata tortura da Brigada Militar em jogo na Arena

Agressão teria ocorrido em partida pela semifinal do Campeonato Gaúcho

19 abr 2017 - 18h33
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Foto: Lucas Rivas/Rádio Guaíba

A partida de ida da semifinal do Campeonato Gaúcho entre Grêmio e Novo Hamburgo, no último domingo, terminou em violência para um torcedor gremista. Vinícius Lima, sócio do clube, relata ter sido detido sumariamente e torturado nas dependências da Arena do Grêmio após filmar uma ação da Brigada Militar e de seguranças privados do clube. O torcedor, que além de empresário é professor universitário e escritor, estaria registrando a retirada de bandeiras usadas pela torcida quando foi levado pela polícia.

O fato teria começado quando os seguranças privados solicitaram a retirada dos chamados "trapos" da torcida, que segundo Vinícius seriam autorizados pelo clube. Ele relata que as bandeiras foram descerradas, mas os seguranças retornaram e confiscaram o material. Nesse momento, Vinícius começou a gravação e, logo após, foi algemado e conduzido para fora da arquibancada. 

Nesse instante, teriam começado as agressões: "eles me levaram pelas algemas e jogaram a minha cabeça contra uma parede. Uma policial me bateu com o capacete e quebrou um dente", relata o torcedor. "Depois, me conduziram para uma área que parecia uma escada de emergência. Lá, abriram minha boca e jogaram spray de pimenta, tanto na boca quanto nos olhos e nos ouvidos. Perdi os sentidos", contou. Depois, ele ainda disse que foi agredido com chutes, tendo a pele protegida por um papelão "para não deixar marcas".

Conforme ele, apenas cerca de uma hora após o fato Vinícius foi conduzido ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde chegou sem saber por qual motivo havia sido detido. "Cheguei e perguntei: por que estou aqui? Eles disseram que foi por eu ter resistido à prisão. Mas em nenhum momento fui comunicado disso, eu fui logo sendo algemado e agredido", denunciou. Na sequência, Vinícius foi à Polícia Civil realizar exame de corpo de delito, para registrar as lesões que sofreu. 

Foto: Lucas Rivas/Rádio Guaíba

O comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE), major Cláudio Feoli, afirmou que o procedimento relatado em vídeos gravados por outros torcedores é "normal". Feoli ressalta que foi comunicado informalmente da denúncia sobre ações subsequentes, fora das arquibancadas. Sobre as lesões sofridas por Vinícius, registradas em fotos, o comandante diz que não lhe cabe identificar a origem, mas que "a própria resistência à prisão poderia ter as causado." 

O BOE diz que já conversou com os policiais envolvidos na ação e que os mesmos estariam sendo "vítimas de críticas e reprimendas" em virtude da divulgação do caso nas redes sociais. Uma sindicância também será aberta assim que a documentação referente ao fato chegar à corporação. Sobre a denúncia de tortura, o major mencionou que "acha temerário usar esse termo", já que "a questão da truculência é muito relativa". 

O Grêmio emitiu nota afirmando que "está participando da apuração dos fatos, em busca da responsabilização necessária para que problemas futuros sejam evitados", e que "reitera o compromisso com o bem-estar e a segurança de seus torcedores, bem como o cumprimento de todas as normas de convivência vigentes no estádio."

Já a Arena emitiu comunicado dizendo que "diante das notícias sobre os fatos ocorridos na cadeira superior da Arena, na última partida entre Grêmio e Novo Hamburgo, no dia 16 de abril, a administração informa que está apurando o ocorrido em colaboração com o clube e os órgãos públicos da maneira mais célere possível" e "reforça seu compromisso com a segurança dos seus torcedores e cumprimento das legislações vigentes, sempre visando a qualidade dos serviços prestados."

O caso foi relatado pelo torcedor nesta manhã à Comissão dos Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa gaúcha. Os deputados Jéferson Fernandes (PT) e Manuela D’Ávila (PC do B ) solicitaram que a Defensoria Pública e o Ministério Público estadual acompanhem o caso.

Fonte: Especial para Terra
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