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Subutilizado após Rio 2016, Maracanã frustra futebol carioca

16 ago 2017 - 15h05
(atualizado às 15h17)
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A festa de encerramento da Olimpíada do Rio, em 21 de agosto do ano passado, voltou a projetar mundialmente o Maracanã, conhecido mundo afora como o templo do futebol. Depois de obras, superfaturadas, e de uma final olímpica que resultou na primeira medalha de ouro para o Brasil do esporte protagonizado por Neymar e companhia, esperava-se um retorno triunfal do estádio aos grandes jogos. Mas uma crise entre a concessionária que administra o Maracanã e o governo do Estado emperrou tudo.

Para quem se acostumou a trabalhar no Maracanã e viu desfilar por lá gênios do futebol ao longo de décadas, a situação é muito triste, com a escassez de partidas disputadas no local nos últimos meses. Pior, eles não veem perspectivas de melhoras a curto ou médio prazo.

Crise entre a concessionária que administra o Maracanã e o governo do Estado emperrou tudo e dificulta a utilização do lendário estádio pelos times cariocas e também pela Seleção
Crise entre a concessionária que administra o Maracanã e o governo do Estado emperrou tudo e dificulta a utilização do lendário estádio pelos times cariocas e também pela Seleção
Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

“Perdem os clubes, os torcedores, a autoestima do carioca vai lá pra baixo. A sensação é que roubaram do povo um patrimônio público, reverenciado no mundo todo. O estádio está se degradando e isso nos atinge em cheio”, afirmou o locutor da Rádio Globo, Luiz Penido, em entrevista ao Terra.

Com larga experiência em transmissão de jogos da seleção brasileira, por todos os cantos do planeta, Penido é categórico ao dizer que o Maracanã é o estádio que apresenta a melhor acessibilidade entre os maiores do mundo.

“Eu conheço os 100 estádios mais famosos do mundo e asseguro que não tem nenhum com o apelo, a história e as facilidades de acesso que o Maracanã dispõe. Há ali uma estação de trem que atende a vários ramais, uma estação do metrô, linhas integradas e pontos finais de ônibus, larga área ao redor para estacionamento.”

Maracanã foi palco da abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio, no ano passado
Maracanã foi palco da abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio, no ano passado
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Outro locutor de ponta do futebol carioca e brasileiro, José Carlos Araújo, o Garotinho, atualmente na Rádio Tupi, faz coro com Penido para criticar a falta de autoridade que levou o Maracanã ao estado atual.

“Desde 1963 acompanho o dia a dia do Maracanã. São 54 anos. O prejuízo é pra todos, principalmente para os grandes clubes. O Flamengo gastou R$ 5 milhões para reformar a Arena do Urubu, mas isso foi uma medida emergencial. Não resolve. O clube precisa do Maracanã, assim como os outros grandes do Rio”, disse José Carlos ao Terra.

Ele põe em xeque o que foi gasto com as reformas do Maracanã – nos últimos 20 anos, o estádio passou por três grandes obras – e critica a atual localização das cabines de rádio. “Ficamos num espaço inferior, com a visibilidade bastante prejudicada por causa da distância para o campo. Quando o jogo é noturno, piora mais ainda.”

O locutor ressalta, porém, que não atribui à concessionária do Maracanã a responsabilidade pela crise expressada na subutilização do estádio. “Eles tinham um contrato vigente e depois houve a decisão do Estado de manter algumas estruturas que seriam derrubadas e serviriam para estacionamento e a construção de um shopping. Ou seja, deixaram o pepino com eles. O governo do Estado é o principal culpado e não tem autoridade para resolver o problema. Enquanto isso o nosso cartão postal fica exposto não por sua beleza e história e sim por estar no centro de um imbróglio político.”

José Carlos Araújo cita outro obstáculo com a limitação de jogos no Maracanã – o que se dá, em parte, em razão das taxas cobradas pela concessionária, consideradas muito altas pelos clubes. “Deslocar para Volta Redonda ou ainda para alguma alternativa fora do Estado do Rio também acaba sendo um transtorno para a imprensa. O Maracanã tem uma posição geográfica privilegiada, fica perto da zona sul e do Méier e Tijuca, os dois grandes bairros da zona norte.”

Legado olímpico no Brasil está longe de ser uma realidade:
Fonte: Especial para Terra
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