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Diante do Brasil, chega o momento da badalada geração belga legitimar a fama

A disputa por vaga na semifinal da Copa do Mundo, de certa forma, tem uma importância maior para os europeus do que para a seleção brasileira.

6 jul 2018 - 05h03
(atualizado às 05h03)
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A disputa por vaga na semifinal da Copa do Mundo entre Brasil e Bélgica, de certa forma, tem uma importância maior para os europeus do que para a seleção brasileira. Se para o país pentacampeão mundial o confronto vale, obviamente, a permanência na torneio, para os adversários o peso é maior por se tratar da chance de garantir a sobrevida de uma geração badalada e talentosa, mas sem conseguir convencer no futebol mundial.

Nomes como Courtois, Vertonghen, Hazard, De Bruyne e Lukaku representam a maior esperança de a Bélgica voltar a uma semifinal de Copa do Mundo depois de 32 anos. O elenco formado anos atrás, quando esses atletas eram apenas jovens promissores, chega à decisão das quartas contra o Brasil composto por estrelas de clubes ingleses consagradas individualmente. Porém, todos ainda buscam um resultado nacional capaz de legitimar a fama que durante anos a equipe carrega.

Toda essa expectativa pode ruir diante do Brasil, pelas quartas da Copa na Rússia. Como em uma espécie de autodefesa, a Bélgica tem jogado todo o favoritismo para o adversário e buscado tirar o peso do momento. Afinal, em partidas eliminatórias anteriores, como contra a Argentina, de Messi, na última Copa, e País de Gales, na Eurocopa de 2016, os belgas mostraram inexperiência para lidar com decisões.

O problema é que talvez nos próximos anos esta mesma geração não tenha o vigor para chegar tão longe e ter outra oportunidade. "Jogar com o Brasil é um teste e tanto para vermos como está nossa equipe", comentou o atacante Lukaku, autor de quatro gols na competição russa. Ontem, ele demonstrou simpatia ao conceder entrevista em bom português e defender Neymar das críticas por simular faltas.

Cerca de dois terços deste grupo belga esteve na Copa de 2014 e veio para a Rússia com o discurso de usar a experiência a favor. "Como nunca ganhamos uma Copa, temos essa barreira psicológica. Então o Brasil leva vantagem nisso, pois sabe o caminho para ganhar", resumiu o técnico da Bélgica, o espanhol Roberto Martínez. Na opinião dele, a equipe demonstrou um caráter diferente ao ter batido o Japão de virada após levar dois gols. A determinação e o equilíbrio emocional foram fatores do quanto esta Bélgica pode estar à altura do apelido de "Diabos Vermelhos".

Acostumada a ver os vizinhos e rivais holandeses se destacarem em Copas, a Bélgica considera a partida com a seleção brasileira a mais importante da história do país. Ao mesmo tempo, a equipe pode igualar a melhor campanha em um Mundial, mostrar força, superar a tradição do Brasil e comprovar o poderio. "Para jogos assim não se precisa de motivação. Quando você enfrenta o Brasil nas quartas de final de uma Copa, isso é o bastante. Trabalhamos dois anos para isso", comentou Martínez.

Confiança

A seleção brasileira se difere da Bélgica por não lutar contra o status de favorito. A equipe parece sofrer menos pressão. O próprio técnico Tite disse estar agora, em pleno mata-mata com vistas à semifinal, em momento bem mais leve se comparado ao da estreia. "O desempenho dos atletas aconteceu. Isso me gera confiança", disse o treinador, que confirmou o retorno de Marcelo à lateral-esquerda.

O Brasil terá ainda o volante Fernandinho na vaga de Casemiro, suspenso, e uma grande presença de torcedores a favor. A cidade de Kazan está cheia de brasileiros, que andam pelas ruas com camisas amarelas cantando músicas cujo tema é quase sempre a seleção. A movimentação levou a imprensa belga a questionar o treinador Martinez se o otimismo do público não significava excesso de confiança, tema que ele evitou comentar.

Para o Brasil, de certa forma, o encontro também tem a importância de carimbar a equipe como favorita ao título. A seleção chegou até aqui sem derrotar adversários de muita tradição em Copas e pela primeira vez terá confronto com uma equipe de nível técnico e de talentos individuais parecidos ao seus.

Nomeado novamente capitão, o zagueiro Miranda elogiou o adversário e respondeu uma provocação feita pelo zagueiro adversário Kompany de que os belgas já estariam preocupados com a semifinal. "Conhecemos todos os tipos de provocações. É uma forma de ocultar o medo e mostrar confiança, porque é sempre difícil jogar com a seleção brasileira", comentou o beque.

Estadão
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