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Del Nero felicitou Nunes por voto no Marrocos em escolha da Copa de 2026

Atual presidente foi responsável por polêmica ao votar no país africano como sede do Mundial

20 jun 2018 - 17h25
(atualizado às 17h28)
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Marco Polo Del Nero teria "felicitado" o presidente da CBF, coronel Antônio Nunes, por sua decisão de votar em Marrocos como sede da Copa do Mundo de 2026. A iniciativa do cartola brasileiro causou um profundo mal-estar dentro da CBF, na Conmebol e mesmo na Fifa.

O Brasil havia fechado um acordo que, assim como os demais países da América do Sul, daria o seu apoio para candidatura da América do Norte, liderada pelos Estados Unidos. Mas, surpreendendo a todos, coronel Nunes não seguiu o consenso na Conmebol e acabou votando pelo concorrente marroquino. Seu voto não decidiu o resultado final e a Copa do Mundo de 2026 foi para os EUA, México e Canadá.

Imediatamente depois do voto, a delegação norte-americana afirmou que estava convencida de que a escolha do Brasil não ocorria por acaso e nem por uma decisão pessoal do coronel. Para eles, tratava-se de um "voto de retaliação" por conta do processo em curso ainda nos Estados Unidos contra Marco Polo Del Nero, além da prisão de José Maria Marin e do indiciamento de Ricardo Teixeira.

Dirigentes brasileiros que estão em Moscou para a Copa do Mundo se surpreenderam com a decisão e, nos últimos dias, têm cobrado uma explicação do coronel Nunes. Um deles, porém, indica que a arma usada pelo presidente da CBF para se justificar é mostrar uma mensagem de telefone enviada por Marco Polo Del Nero, o felicitando e apoiando a decisão.

À reportagem, o coronel Nunes alegou nos últimos dias que não falou com Marco Polo Del Nero e que a decisão de votar pelo Marrocos foi sua. Nunes, porém, confirmou que nunca tinha visto a proposta do país africano antes da votação, que não tinha mantido reuniões com os dirigentes marroquinos e que estava vendo pela primeira vez - na hora da votação - o projeto deles para receber a Copa do Mundo.

O comportamento de mostrar uma mensagem de telefone apenas reforça a tese dos norte-americanos de que nada ocorreu por acaso. A CBF tentou aproximar o presidente eleito, Rogério Caboclo, com o mandatário da US Soccer, Carlos Cordeiro. Mas o norte-americano deixou o rápido encontro ainda em dúvidas sobre a real intenção do Brasil.

Nesta quarta-feira, dirigentes da Conmebol voltaram a comentar o caráter de "traição" da decisão do coronel Nunes. A entidade está apenas aguardando o final da Copa do Mundo para convocar uma reunião de emergência para lidar com a crise.

Para os norte-americanos, a CBF é uma das poucas organizações do futebol mundial que ainda é controlada - ainda que indiretamente - por um dos atores do caso nas cortes em Nova York. Entre os dirigentes da entidade brasileira, ninguém esconde que Marco Polo Del Nero continua dando as cartas em vários assuntos, ainda que esteja banido para sempre do futebol diante do escândalo de corrupção.

Estadão
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